Movimentos sociais realizam, de 23 a 26 de março, no Rio de Janeiro, o Fórum Social Urbano. O evento ocorre paralelamente ao 5º Fórum Urbano Mundial, realizado na cidade entre os dias 22 e 26.
Organizado a cada dois anos pela Agência Habitat da Organização das Nações Unidas (ONU), o Fórum Urbano Mundial é considerado o principal evento de urbanismo do mundo e deve reunir, neste ano, cerca de 50 mil pessoas.
Militantes dos movimentos sociais, porém, afirmam que todas as edições do encontro têm sido dominadas pelas delegações oficiais e pela agenda de organizações como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Aliança de Cidades, entre outras. A fórmula não abre espaço, assim, ao debate sobre a lógica da cidade-empresa e da cidade-mercadoria.
O Fórum Social Urbano pretende, portanto, questionar a falta de participação popular nas decisões sobre os rumos das cidades e debater os principais problemas vividos nos centros urbanos, discussão que se torna mais urgente em época de preparação para as Olimpíadas na capital fluminense e para a Copa do Mundo em 12 capitais.
O encontro organizado pelos movimentos sociais será realizado no espaço do Centro Cultural da Ação da Cidadania Contra a Fome (rua Avenida Barão de Tefé, 75), na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O local fica a 300 metros do evento oficial, o que facilitará a troca de experiências entre os participantes.
Eixos
As discussões nas plenárias preparatórias para o Fórum Social Urbano apontaram quatro eixos de estruturação dos debates :
- Criminalização da Pobreza e Violências Urbanas
Militarização das periferias e bairros populares. Criminalização da pobreza e dos imigrantes. Violências urbanas, em suas múltiplas manifestações. Racismo, machismo e homofobia na cidade. A violência contra as mulheres. Repressão e criminalização dos militantes populares e dos direitos humanos.
- Megaeventos e a Globalização das Cidades
Copa do Mundo, Olimpíadas, exposições internacionais. Impactos de megaeventos internacionais nas cidades, a partir das experiências internacionais e do Rio de Janeiro. Quais são os “legados” e quem são seus beneficiários?
- Justiça Ambiental na Cidade
Meio ambiente, desigualdade e organização do espaço urbano. Saneamento, saúde e meio ambiente. Racismo ambiental. Conflitos ambientais e as lutas de resistência. Mudanças climáticas e as cidades.
- Grandes Projetos Urbanos, Áreas Centrais e Portuárias. “Revitalização” dos centros urbanos e áreas portuárias. Mobilidade. Processos de aburguesamento. Expulsão das populações tradicionais através da violência e através do “mercado”. Grande capital, parcerias público-privadas e a especulação fundiária. Globalização e capitalismo nas cidades.
Além dos debates, o encontro deve organizar visitas em grupo à cidade para além dos cartões-postais, manifestações artísticas, exposições, plenárias, fóruns de articulação, projeções e exibições de filmes, dentre outras atividades.
fonte: Brasil de Fato
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