Em qualquer situação há que se separar bem separado, distinguir muito bem entre "nós" importantes, e "eles" secundários. Gente nunca é igual à gente.
No horrível terremoto no Haiti, foi possível notar bem esta característica, que domina os meios de comunicações deste nosso país e no mundo. E de um modo geral também o pensamento das pessoas.
Logo após os primeiros informes sobre a catástrofe, a preocupação passou a ser, quase exclusivamente, os brasileiros que lá estavam. Tomou conta do noticiário nacional, quase não se falava outra coisa. Tragédia prá valer é os poucos brasileiros que pereceram. Centenas de milhares de haitianos, também lamentados claro, mas bem menos importantes.
No tsunami na Indonésia em 2004 morreram centenas de milhares "deles", pobres e muçulmanos. Os meios de comunicações quase só se interessaram pelos "nós" turistas brasileiros e ocidentais que lá pereceram ou passavam dificuldades.
Já no terremoto do Chile, as coisas mudaram um pouco. Apesar da ênfase do noticiário ser também os brasileiros, os chilenos já são bem mais "nós" que distantes muçulmanos e haitianos. Afinal, o Chile é democracia neoliberal, "nós" portanto.
Não se trata de nacionalismo ou sentimento patriótico. Nos atentados de 11/09/2001 ao World Trade Center morreram alguns brasileiros. Mortes pouco comentadas. Lamentado mesmo foi o "nós" mundo ocidental, vitimado por "eles", terroristas islâmicos!
Lamentar morte e tragédia não depende só do acontecimento, mas muito mais, de quem foi afetado. Isso nos deixa imune ao sofrimento alheio. Se não foi "conosco", é aceitável. Ficamos indiferentes.
Indiscutivelmente sofremos mais quando se trata de alguém próximo a nós, parente amigo conhecido. Isso é normal. Não é isto que está sendo questionado.
Em 2005 um engenheiro brasileiro que trabalhava na reconstrução do Iraque foi seqüestrado. Um de "nós" foi seqüestrado! A comoção nacional foi enorme. Teve gente que defendeu a idéia do Brasil enviar militares para aquele conflito, por causa desta afronta.
Secundário que o Iraque tenha sido invadido e milhões "deles" morreram perderam tudo que tinham e se transformaram em refugiados. O engenheiro estava lá, pelo salário, como empregado de uma empreiteira, e a empresa pelo lucro. Não para ajudar os iraquianos.
Por causa deste brasileiro seqüestrado cogitou-se até enviar tropas ao Iraque. Mas nada se disse, quando naquele mesmo ano, Jean Charles de Menezes foi abatido por policiais londrinos. Ninguém sugeriu retaliar o Reino Unido pela morte deste outro brasileiro.
Esta é a verdadeira diferença entre o "nós" e o "eles", tão cuidadosamente promovida pelos meios de comunicações. Não é defesa da brasilidade ou do Brasil, mas sim do "nós" pensamento ocidental, do qual os brasileiros devem fazer parte. Contra o pensamento "deles" secundários árabes, muçulmanos e haitianos.
Nos filmes de ação (só assistimos filmes estadunidenses) isso também é sempre muito bem enfatizado. A morte de um "nosso" (amigo partner filho esposa) é sempre vingada pela trucidação de dezenas e centenas "deles", secundários adversários (nazistas kamikazes, soviéticos, vietcongs e ultimamente árabes e muçulmanos).
Este egoísmo coletivo é implantado, incutido em nós de todas as maneiras, dia a dia, ano após ano. O objetivo é justificar a existência de natural e significativa diferença entre as pessoas. Para que se aceite com mais facilidade a enorme desigualdade crueldade e injustiça que está acontecendo mundialmente.
Logo após os primeiros informes sobre a catástrofe, a preocupação passou a ser, quase exclusivamente, os brasileiros que lá estavam. Tomou conta do noticiário nacional, quase não se falava outra coisa. Tragédia prá valer é os poucos brasileiros que pereceram. Centenas de milhares de haitianos, também lamentados claro, mas bem menos importantes.
No tsunami na Indonésia em 2004 morreram centenas de milhares "deles", pobres e muçulmanos. Os meios de comunicações quase só se interessaram pelos "nós" turistas brasileiros e ocidentais que lá pereceram ou passavam dificuldades.
Já no terremoto do Chile, as coisas mudaram um pouco. Apesar da ênfase do noticiário ser também os brasileiros, os chilenos já são bem mais "nós" que distantes muçulmanos e haitianos. Afinal, o Chile é democracia neoliberal, "nós" portanto.
Não se trata de nacionalismo ou sentimento patriótico. Nos atentados de 11/09/2001 ao World Trade Center morreram alguns brasileiros. Mortes pouco comentadas. Lamentado mesmo foi o "nós" mundo ocidental, vitimado por "eles", terroristas islâmicos!
Lamentar morte e tragédia não depende só do acontecimento, mas muito mais, de quem foi afetado. Isso nos deixa imune ao sofrimento alheio. Se não foi "conosco", é aceitável. Ficamos indiferentes.
Indiscutivelmente sofremos mais quando se trata de alguém próximo a nós, parente amigo conhecido. Isso é normal. Não é isto que está sendo questionado.
Em 2005 um engenheiro brasileiro que trabalhava na reconstrução do Iraque foi seqüestrado. Um de "nós" foi seqüestrado! A comoção nacional foi enorme. Teve gente que defendeu a idéia do Brasil enviar militares para aquele conflito, por causa desta afronta.
Secundário que o Iraque tenha sido invadido e milhões "deles" morreram perderam tudo que tinham e se transformaram em refugiados. O engenheiro estava lá, pelo salário, como empregado de uma empreiteira, e a empresa pelo lucro. Não para ajudar os iraquianos.
Por causa deste brasileiro seqüestrado cogitou-se até enviar tropas ao Iraque. Mas nada se disse, quando naquele mesmo ano, Jean Charles de Menezes foi abatido por policiais londrinos. Ninguém sugeriu retaliar o Reino Unido pela morte deste outro brasileiro.
Esta é a verdadeira diferença entre o "nós" e o "eles", tão cuidadosamente promovida pelos meios de comunicações. Não é defesa da brasilidade ou do Brasil, mas sim do "nós" pensamento ocidental, do qual os brasileiros devem fazer parte. Contra o pensamento "deles" secundários árabes, muçulmanos e haitianos.
Nos filmes de ação (só assistimos filmes estadunidenses) isso também é sempre muito bem enfatizado. A morte de um "nosso" (amigo partner filho esposa) é sempre vingada pela trucidação de dezenas e centenas "deles", secundários adversários (nazistas kamikazes, soviéticos, vietcongs e ultimamente árabes e muçulmanos).
Este egoísmo coletivo é implantado, incutido em nós de todas as maneiras, dia a dia, ano após ano. O objetivo é justificar a existência de natural e significativa diferença entre as pessoas. Para que se aceite com mais facilidade a enorme desigualdade crueldade e injustiça que está acontecendo mundialmente.
"Eles" são desimportantes, e "nós", a nata da humanidade.
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