As políticas de favorecimento de companhias domésticas e de imposição de barreiras a concorrentes estrangeiros transformaram a China em um dos líderes mundiais na fabricação de turbinas para geração de energia eólica. Em 2004, 60% do mercado local era dominado por empresas estrangeiras. No ano passado, o porcentual havia caído para 15%. Nesse período, o governo deu preferência à aquisição de turbinas domésticas e impôs um índice mínimo de conteúdo nacional de 70% para as estrangeiras. O número de fabricantes domésticos saltou de 4 para 78. Reportagem de Cláudia Trevisan, no O Estado de S.Paulo.
Com isso, a China conseguiu desenvolver fabricantes gigantescos, como Goldwind, Sinovel e Dongfang. O país dobrou a capacidade instalada para produção de energia eólica em cada um dos últimos cinco anos e caminha para ter a segunda maior potência mundial em 2010, atrás apenas dos EUA, com geração de 30 gigawatts (GW) – meta que será atingida uma década antes do previsto originalmente.
Agora, Pequim trabalha para gerar 100 GW de energia do vento em 2020, cifra que equivale a toda a capacidade instalada de geração de energia do Brasil – incluindo a usina de Itaipu, que gera 14 GW.
As turbinas chinesas são mais baratas que a de seus concorrentes estrangeiros, o que dificulta ainda mais a concorrência. Mas as multinacionais afirmam que possuem vantagens tecnológicas e de qualidade em relação aos chineses.
A política de preferências também provocou distorções, com um superinvestimento que gerou a capacidade ociosa de 40% no setor. Isso ocorre porque a rede de distribuição da China não tem condições de absorver toda a energia gerada por plantas de energia renovável. Diante desse cenário, as multinacionais temem a exportação de turbinas chinesas, que têm qualidade inferior, mas preço muito mais baixo. / C.T.
EcoDebate, 30/03/2010
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