Da série ficção, a preferida dos internautas.
Começou com um telefonema de um ator consagrado para o diretor do núcleo.
Ele estava irado com a peça promocional que foi ao ar na noite de Domingo.
Era um institucional de trinta segundos em que ele dizia apenas duas palavras.
Mas a montagem induzia o telespectador a acreditar que se tratava, não de uma campanha de aniversário da maior emissora de televisão do país, mas um mosaico grosseiro cujo slogan “a gente faz sempre mais” é uma clara alusão ao do candidato José Serra.
E para corroborar com a leviandade, ainda vinha o número quarenta e cinco assinado na peça, ao lado do logotipo.
Ao todo, foram quarenta celebridades entre as turmas das produções, humor, shows, esporte e jornalismo.
Achei até curioso a manifestação ter partido de um ator e não de um de nós.
Afinal, vendemos a eles apenas nossa força de trabalho, não nossas consciências.
Será?
Nem sei mais…
O ator foi duro e franco com o executivo da empresa.
Se alguma providência não fosse tomada, ele ia aos jornais dizer que foi vítima de manipulação.
Era tudo o que a emissora não queria ouvir nessa altura do campeonato.
Ainda que seu candidato pudesse ser o mesmo que o da emissora, ele jamais se sujeitaria a trabalhar naquelas condições.
E antes de desligar, avisou: Eu não estou sozinho.
O diretor pediu paciência, disse que ia encontrar uma saída.
Pensou em quem confiar num momento desses de conflito: talvez um executivo que tivesse bom transito com o jornalismo.
Afinal, foi coisa dos herdeiros da Corte do Cosme Velho, incentivados pelo Guardião da Doutrina da Fé, pensou.
Assim que amanheceu propôs o encontro ao executivo que considerou ser hábil o bastante para apagar o fogo.
Nisso a internet já fervilhava.
Pressões vinham de todos os lados, a opinião pública, os patrocinadores, os políticos, os amigos.
É preciso convencer a direção de que foi um tiro no pé.
Mas como fazer isso?
Juntando argumentos.
E lá foram os dois tentar convencer os acionistas de que aquilo fora um erro.
Os artistas respeitam os interesses comerciais e políticos da emissora, mas consideram que não cabe a eles exercer esse papel institucionalmente.
O artista é o vendedor de sonhos e ilusões para todos, não só para um determinado grupo político.
Afora os artistas, tem os jornalistas que emprestam sua credibilidade à emissora.
Ações assim podem arranhar para sempre esse vínculo com o telespectador.
E assim foram as tratativas durante toda a tarde.
Ok, mas qual seria a solução?
Pensaram em várias.
Ao final do encontro triunfou aquela que diz assim: “O texto do filme em comemoração aos 45 anos da Rede Globo foi criado – comprovadamente – em novembro do ano passado, quando não existiam nem candidaturas muito menos slogans. Qualquer profissional de comunicação sabe que uma campanha como esta demanda tempo para ser elaborada. Mas a Rede Globo não pretende dar pretexto para ser acusada de ser tendenciosa e está suspendendo a veiculação do filme.”
Esta noite não vai ser boa, nem para o Guardião, nem para a Central de Comunicação, e muito menos para o patrão. Nós aqui fora sabemos de tudo! O Povo não é bobo. Fiquem espertos.
Por Marco Aurélio Mello ao seu Blog
fonte: VioMundo
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