Ecodebate

Ecodebate
Agroquímicos: Os venenos continuam à nossa mesa

Música

Música
Kansas - Dust in the Wind

Reflexão...

Reflexão...
César Chávez

Filme

Filme
Waiting for Superman

“As pessoas que pensam diferente foram expulsas das redações”

domingo, 11 de abril de 2010

Sérgio Kalili é jornalista, fez reportagens em diversos países com regiões de conflito, era o único repórter brasileiro no Iraque no período em que os Estados Unidos invadiram o país. Por suas reportagens, o jornalista já ganhou uma menção honrosa e foi agraciado com os prêmios Vladimir Herzog e Abril. Atualmente Kalili mora no Rio e trabalha na ong Justiça Global, onde está produzindo um documentário sobre a criminalização dos movimentos sociais no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Fazendo Media, ele relata sua trajetória e diz o que pensa sobre a imprensa brasileira.

Você pode falar sobre como se deu seu envolvimento com o jornalismo e contar um pouco da sua trajetória?

Eu sou filho de jornalista, do Narciso Kalili, que foi famoso na época dele. Ele foi do primeiro time da revistaRealidade, uma turma que fez parte da imprensa nanica na época do regime militar, ele foi preso também. Eu cresci um pouco acompanhando a turma dele, vendo aquele bando de jornalistas boêmios, independentes, a época de um jornalismo bem romântico mesmo: que era usado como instrumento para fazer justiça. Daí eu cresci com essa idéia, um olhar mais humanista, querendo usar o jornalismo para dar voz para o público, o povo.

Fiz o Globo Ciência, passei pelo Globo Educaçãorecentemente, fiquei anos na Caros Amigos. Fui correspondente deles nos Estados Unidos, depois fui para o Iraque, onde já fui quatro vezes, e sempre acabava escrevendo para a revista, mas nem sempre eles me davam o dinheiro para eu fazer as minhas viagens. A primeira vez eu fui com muito pouco dinheiro, depois eu fui pela American Online (AOL) do Brasil, que não existe mais, e fiquei durante três meses. Dei um pulo no Irã para fazer uma reportagem para a revista do Raimundo Pereira, aReportagem, que eu acho que não existe mais e era também de esquerda como a Caros Amigos.

mano_brown

Eu comecei a me especializar em direitos humanos, e em cobertura de conflitos, guerras. Ganhei alguns prêmios no jornalismo, uma menção honrosa no Vladimir Herzog por uma reportagem sobre a fome das crianças no Globo Ciência; depois ganhei o Vladimir Herzog numa reportagem do Vale do Ribeira (SP), a região mais pobre do país no estado mais rico do país; ganhei o prêmio Abril na categoria perfil com uma reportagem com o Mano Brown, na verdade um making offda minha reportagem com ele para a Caros Amigos – foi a primeira vez que ele falou para uma imprensa um pouco maior, ele não dava entrevista até 1998.

Você também passou pelo o Haiti e Cuba, dentre outros países…

Fiz uma reportagem especial sobre Cuba para um edição inteira da Caros Amigos, fiquei dois meses. No Haiti eu fui acompanhando o James Cavallaro, um dos fundadores da Justiça Global, para denunciar as violências praticadas pela Minustah, porque ao apoiar o governo provisório haitiano eles estavam cometendo violência, até hoje, com o Brasil a frente das tropas. É muito complicado quando você entra num país, quem vai te dar informação? Quem é que está certo? Quem é o seu inimigo? Eu também passei nove meses na África, fui para Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, Guiné, etc. Fui para fazer um documentário sobre o poder da mídia para provocar violência ou paz na região subsaariana, a mais pobre do continente africano.

Você foi pela Justiça Global?

Não, fui independente, eu peguei o dinheiro que sobrou da minha bolsa de Harvard e me atirei nessa história, torrei tudo. Gravei 270 horas de material, e agora estou tentando levantar dinheiro para editar. Fui para o Congo, aonde já morreram 5,4 milhões de pessoas na guerra, para Ruanda, Burundi. E recentemente fui para o Zimbábue, onde eu fiz um documentário chamado “Uma eleição para inglês ver”, sobre a história desse país que é governado pelo Mugabe, um cara que de herói virou uma pessoa mal vista pela comunidade internacional.

O outro documentário que eu gravei em 2008 é sobre a força da mídia em zonas de conflito, tem muitos veículos de ódio em alguns desses países na África subsaariana. Um dos casos mais famosos foi o genocídio de Ruanda em que duas rádios propagaram mensagens de ódio da etnia rutus contra a tutsi.

A partir daí surgem veículos que têm o papel de tentar neutralizar essas mídias que propagam ódio, ou tentar fazer com que eles consigam resolver ou convivam com os conflitos de maneira pacífica. E muitos dos métodos que eles usam na África usaram em outros lugares também, usam na Bósnia, em bairros violentos dos EUA. Eu acho que a gente poderia usar aqui em alguns lugares do Brasil e da América Latina. São bem interessantes, eficazes.

Como é a questão econômica da intervenção externa no Congo?

A guerra que envolve o Congo tem duas fases distintas, a ONU declarou que não há mais guerras, mas continua morrendo gente a doidado. Desde o início em 1998 até hoje mais de 5 bilhões de pessoas já morreram no Congo e continua morrendo. É um país muito rico, eles têm minérios importantes para celulares, têm ouro, é um país super bonito e rico, existe uma espécie de serra pelada lá.

O Congo interessa muito aos países ao seu redor, aos países ricos e a indústria internacional. É considerada a primeira guerra mundial africana, porque você teve o envolvimento de oito países diferentes com o governo. Além dos vizinhos muitos congoleses acusam o Clinton de estar envolvido na morte do Kabila, pai do atual presidente do Congo. Não sei se é verdade, mas falam isso porque os norteamericanos e suas empresas, junto com as indústrias européias, têm grandes interesses na região.

Lá a disputa é entre os EUA e a China, para tentar ter um maior controle das riquezas do país de uma certa maneira. Os países africanos se libertaram das metrópoles, mas muitos continuaram sob influência. Você tem a influência da Bélgica e da França no Congo, por exemplo, culturalmente, com a língua.

Kalili com colegas jornalistas independentes no telhado do hotel Al Fanar, em Bagdá. Foto: arquivo Kalili.

Kalili com colegas jornalistas independentes no telhado do hotel Al Fanar, em Bagdá. Foto: arquivo Kalili.

Como você vê a cobertura da imprensa no Iraque?

O Iraque ainda hoje é super perigoso para qualquer estrangeiro, teve uma época em que se dizia que um estrangeiro não durava mais de 10 minutos nas ruas de Bagdá: era seqüestrado, morto, etc. É uma instabilidade que tem no país, até a própria polícia seqüestra um estrangeiro por dinheiro ou então algum grupo religioso.

Isso acontecia desde a época da guerra?

Começou a acontecer alguns meses depois da invasão americana. Eu descobri isso porque eu mesmo quase fui sequestrado, e quase morto três vezes. A própria polícia sequestra, pode ser algum moleque rico iraquiano, alguns estrangeiros para pegar uma grana. Ou então alguns grupos religiosos, para pedir a libertação de alguém ou para matar mesmo porque o cara está na terra deles e eles estão putos com isso.

E eles vendem pra quem?

Tudo depende do grupo, às vezes o cara sequestra para libertar algum prisioneiro. Alguns militares corruptos, a polícia, grupos religiosos, ou então bandido mesmo. Os EUA estão ocupando terras que são santas para eles, o meu seria por dinheiro, queriam comprar a gente.

Isso não tem nenhuma relação com o fato de você ser da mídia?

Não, mesmo porque se eles olhassem minhas reportagens no google, e isso rola, veriam que eu não sou um cara que estou apoiando a invasão. Isso aconteceu comigo até na Costa do Marfim: os rebeldes só aceitaram conversar comigo depois que eles checaram na internet que eu tinha ido pro Iraque, era um profissional mais independente.

Até onde vai essa independência? Não tem um circuito pré-formato, de convívio e lugares a visitar, pessoas com quem conversar?

Depende de para quem você está escrevendo. Eu já fui censurado, ou já não publicaram alguma reportagem minha quando eu estava na Aol, por exemplo. Eu fiz uma reportagem investigativa sobre a suspeita de que soldados americanos estavam torturando, roubando, violando os direitos humanos. Eu ficava perguntando, depois eles não publicaram e disseram que estavam me protegendo. Mandei a reportagem para Caros Amigos e eles publicaram.

Eu não estava nem fazendo uma afirmação ainda, estava falando que soldados americanos eram acusados de abusos de direitos humanos, ou seja, isso foi antes daquelas fotos de soldados cometendo abusos em Abu Ghraib. Eu e muitos jornalistas estrangeiros que estavam lá sofríamos um pouco de dificuldade em colocar algumas reportagens nos nossos respectivos veículos. Eu só tive essa, mas sei de várias histórias de colegas, do New York Times… Muitas vezes o cara nem precisa ser censurado, porque ele pensa parecido com esses grandes veículos.

Mas e no processo de produção, o governo não impõe limites, o próprio exército norteamericano, ou até mesmo o povo iraquiano?

Boa parte do tempo eu fiquei com os soldados americanos, foi quando eu até testemunhei um erro da força aérea americana numa missão em que eles mataram 13 pessoas, 9 delas crianças. Jogaram uma bomba numa casa que foi pulverizada, morreram todos na hora. Nessa minha estadia com eles não fizeram nenhuma censura, não pediram para olhar nada, mas com certeza se eu tivesse escrevendo em inglês e se eles não confiassem em mim seria diferente. E confiavam porque eu tinha sido chamado por uma jornalista americana, e ele era de uma revista conservadora.

Sergio Kalili entrando no esconderijo de Saddan, onde o ex-presidente iraquiano foi preso por tropas dos Estados Unidos. Foto: Arquivo Kalili.

Sérgio Kalili entrando no esconderijo de Saddan, onde o ex-presidente iraquiano foi preso por tropas dos Estados Unidos. Foto: Arquivo Kalili.

Censura mesmo sobre o que iria escrever, eu nunca sofri, mas eu sei que isso acontece e que existe uma guerra de informação. O Pentágono e o departamento de estado têm vários exemplos durante a história do governo americano praticando o que se chama política de desinformação. Quando você cria um fato, uma mentira, e começa a bombardear na mídia para justificar uma ação, como a invasão do Iraque sobre as armas de destruição em massa que não existiam.

Como é a economia iraquiana?

Se você for pensar no Iraque economicamente, você tem ao norte terras mais férteis e petróleo, lá você tem mais os curdos e alguns árabes. Ao sul você tem terras mais férteis, várias sagradas com xiitas, e muito petróleo, então eles acabam brigando também por razões econômicas.

Eu ouvi muito também de alguns da resistência iraquiana: “pior do que um soldado americano era um iraquiano que apoiasse a invasão e alguém da coalizão, esse é inimigo número um”. Então você vê muitas vezes que eles mataram vários policiais que estavam em fila para votar no Iraque recentemente, porque a polícia é do governo, acontecem muitos atentados contra o exército e policiais do governo iraquiano. Ou funcionários e gente que trabalha nos quartéis generais americanos são vistos como inimigos, ou mulheres que casam ou dormem com soldados americanos acabam morrendo.

Já foi pior, não sei como está hoje em dia. A última vez que eu perguntei, meu amigo disse que estava menos violento o país para o cidadão iraquiano mas para o estrangeiro continuava um inferno. É por isso que você não tem essa cobertura independente, você precisa de muito dinheiro para cobrir ou se atrelar ao exército americano ou ao governo iraquiano. Se reprime mais hoje em dia no Iraque, as mulheres não podem se vestir como elas querem tanto quanto na época do Sadan Hussein, você não pode beber álcool tanto quanto podia antes, você está com um país bastante instável, então a gente não sabe o que vai acontecer com o Iraque.

Qual a sua opinião com relação ao PNDH3 e a cobertura da mídia sobre o tema?

A grande mídia já deu vários sinais de que eles vão apoiar o Serra nessas eleições, e os donos dos meios de comunicações também já deram vários sinais que eles não gostaram do PNDH3 por várias razões. Tem a discussão sobre a Comissão da Verdade, se a gente for pensar muitos donos de jornais apoiaram o golpe militar, a própriaFolha. Tem também a democratização dos meios de comunicação, o aborto, o problema das ocupações de terra. Eles exibem aquela imagem da Cutrale dos laranjais, quando na verdade é uma terra do governo invadida pela Cutrale ilegalmente e os sem terra foram lá protestar e eles distorcem.

O que você acha que falta na mídia?

Eu acho que a gente deveria democratizar as concessões de rádio e televisão. Até essa história da TV digital, foi um plano que privilegiou as grandes redes de televisão em prol do que eles chamavam maior qualidade, ao invés da gente dividir a faixa de transmissão digital permitindo mais canais. Você tem que dar mais concessões, tem que rever como elas são dadas e para quem. A gente tem a mídia concentrada em basicamente dez grandes famílias: Sarney, Collor, Marinho, Civita, etc. Estamos um pouco atrasado nessas questões.

Ninguém sabe se é o plano que está contra a mídia ou a mídia está contra o plano.

Eu acho que teve uma reação da mídia contra o plano. Teve um recuo do governo também com a mudança da palavra na comissão da verdade, mas manteve a comissão. Eu acho que a grande mídia e os jornalistas acabaram entrando, teve uma reação muito forte do Globo.

Compraram esse discurso.

Assim como compraram o discurso para diploma para o jornalista. Se inventa muita coisa, de que foi criado pelo regime militar, quando na verdade a categoria lutou muito pelo diploma para regulamentar a profissão de jornalista. Muita gente é contra o diploma, mas o discurso do Gilmar Mendes com esse argumento afirmando que é antidemocrático é uma mentira. Os próprios jornalistas lutaram por isso, hoje os cineastas estão lutando pela regulamentação da profissão.

Soldados americanos patrulhando em Falluja, cidade que ficou famosa pela resistência a invasão americana. Foi lá também que o exército americano massacrou mais de 3 mil pessoas em 2004. Foto: Arquivo Kalili.

Soldados americanos patrulhando em Falluja, cidade que ficou famosa pela resistência a invasão americana. Foi lá também que o exército americano massacrou mais de 3 mil pessoas em 2004. Foto: Arquivo Kalili.

O grande problema do jornalismo não é a necessidade do diploma, são as péssimas faculdades de jornalismo aonde se reduz o jornalismo ao tecnicismo. Tudo é uma técnica: de escrever, de operar o equipamento, quando na verdade a gente tem que ter um arcabouço teórico, estudar mais história, filosofia, ética.

As escolas de comunicação são o primordial para a crise do jornalismo?

Eu acho que tem a ver também com a concentração dos meios nas mãos de poucas famílias que têm a ideologia da elite brasileira. Além de uma crise de geração, a gente foi assistindo as pessoas ficando cada vez mais individualistas, cada vez menos críticas ao sistema. Antes dentro da grande imprensa você tinha mais espaço para alguns grupos de jornalistas que pensavam diferente: o Caco Barcelos mais atuante, até o pessoal mais antigo que faziaCaros Amigos que chegou a fazer grande imprensa, etc. Essas pessoas foram sendo expulsas das redações, recentemente você teve o Azenha e o Rodrigo Vianna, o Franklin Martins, foi ficando cada vez mais difícil o espaço para gente que pensa diferente.

Chegou num momento que você não precisa mais censurar um repórter da Rede Globo, porque o cara já pensa como o dono. Grande parte dessa geração que está nos grandes jornais pensam parecido, então muitos acham mesmo que o MST está invadindo uma terra que não é deles, que estão perpetrando crimes violentos contra a sociedade e a propriedade privada. De que os sindicalistas que estão fazendo greves é arroaça, que a Comissão da Verdade, para que mexer se é uma coisa que já passou mesmo e acabou?

Como você vê a reportagem, que é a sua especialidade, no ramo jornalístico da imprensa nacional hoje?

Eu acho que a Caros Amigos é uma revista aonde dá para fazer umas reportagens mais de fôlego, mas acho que diminuiu um pouco o tamanho das reportagens da revista. E com a morte do Sérgio de Souza a revista perdeu muito em qualidade de texto, e de reportagem, ele era um dos melhores editores do país, foi o editor de texto daRealidade.

"Você tem que dar mais concessões, tem que rever como elas são dadas e para quem. A gente tem a mídia concentrada em basicamente dez grandes famílias". critica o jornalista. Foto: Gabriel Bernardo/Fazendo Media

"Você tem que dar mais concessões, tem que rever como elas são dadas e para quem. A gente tem a mídia concentrada em basicamente dez grandes famílias", critica o jornalista. Foto: Gabriel Bernardo/Fazendo Media

O Le Monde Diplomatique é mais de artigos, está bem difícil, não tem muitos lugares para fazer reportagens longas e com um olhar diferente. Eu até fico pensando aonde posso fazê-las. Tem também o problema de turma, rola muita panelinha na nossa área, então se você não conhece o pessoal da CartaCapital ou da Brasileiros é difícil de entrar.

A CartaCapital nunca fez reportagens grandes também, tem a Retratos do Brasil do Raimundo Pereira, dá pra fazer algumas lá, mas são reportagens mais pesadas às vezes. ACaros Amigos fazia algumas reportagens em 1ª pessoa bem soltas, aonde você colocava muita emoção também, e isso está faltando. O Le Monde Diplomatique seria uma alternativa se eles apoiassem mais a reportagem, mas eles não têm uma verba muito grande e compram reportagem de fora ou publicam mais artigos.

Mas e a reportagem na imprensa cotidiana?

Grandes reportagens com um olhar diferente, aquela grande denúncia que o cara fica meses pesquisando, não tem mais isso, ninguém mais banca. Como, por exemplo, do cara ficar meses na Amazônia, ou viajar o país todo para saber o que está acontecendo com os índios do Brasil, como o Carlos Azevedo fez, que era um repórter daRealidade nos anos 70. Pode acontecer como eu fiquei dois meses em Cuba, mas é bem raro.

Qual a diferença de mídia alternativa e mídia independente?

A gente tem que pensar muitas vezes em quem é o dono daquele veículo de comunicação, às vezes ele retrata muito a classe social e a ideologia de quem detém. A maioria dos veículos da grande imprensa sofre muita influência do departamento comercial, aí sim não são tão independentes. Muitas vezes eles deixam de dar uma notícia ou falar mal de alguém porque envolve uma empresa que investe muito em patrocínio.

O Globo Rural tem vários anunciantes de agrotóxicos e outros implementos agrícolas, e muitas vezes é melhor não fazer determinadas reportagens. A gente nunca vê reportagens sobre a propriedade rural, sobre os sem terra, que é um dos maiores movimentos do mundo. Eles ficam falando mais de agronegócio.

Existe dois jogos de palavra, ser independente e ser imparcial. Você pode ser independente muitas vezes, mas você nunca vai ser imparcial. Você pode ser alternativo, mas sempre ter uma dependência. E você sempre vai ser parcial, pode ser para o bem, querendo fazer um trabalho social, direcionado para o povo. Mas a maioria é dependente dos anunciantes. Com a internet você abriu bastante o leque, tem alguns blogs e sites, isso foi muito legal. Na televisão você não tem ninguém independente, é um veículo muito caro, é mais difícil e as concessões foram dadas para algumas famílias.

Você tem outros projetos?

Eu tenho um documentário em conjunto com a Justiça Global, eu invisto o meu equipamento e meu trabalho e eles estão tentando buscar financiamento. É um tema que interessa muito a eles, um documentário que tem como recorte a criminalização dos movimentos sociais e que os defensores de direitos humanos vêm sofrendo. Como o MST no Rio Grande do Sul, que eu já gravei algumas imagens e depoimentos.


Por Eduardo Sá e Gabriel Bernardo, 09.04.2010, ao Fazendo Media

0 comentários:

Postar um comentário

 

2009 ·Axis of Justice by TNB