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Honduras Resiste!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ao contrário do que mostra a grande mídia, a situação em Honduras não foi resolvida com a mudança de governo e nada está de volta ao normal. A grande mídia quer passar a impressão de que com a posse de Porfírio Lobo a "democracia" retornou ao país. Escondendo desde o começo a verdade sobre as fraudulentas eleições presidenciais que ocorreram em Novembro do ano passado com uma abstenção de votos de mais de 60% da população. No dia 27 de Janeiro, Porfírio Lobo tomou posse e no mesmo dia o presidente Zelaya saiu da embaixada brasileira e do país gracas a um acordo feito com Lobo em que este deu a garantia de que Zelaya não seria preso. Um dia antes, os membros da Junta de Comandantes das Forcas Armadas de Honduras, acusados de expulsar Zelaya do país (no dia do golpe de Estado), foram liberados pelo juiz especial e presidente da Corte Suprema de Justiça golpista, Jorge Rivera, que usou como argumento para a sentença que os militares atuaram para "preservar a democracia".

Cerca de 300.000 pessoas foram ao aeroporto internacional de Tegucigalpa, e em outros lugares do país centenas de milhares marcharam em solidariedade a Zelaya e em repúdio a toma de posse de Porfírio Lobo. A grande mídia escondeu completamente esta notícia, publicando somente informações sobre a posse de Lobo e chegando ao cúmulo de dizer que uns "400 ativistas" foram ao aeroporto se despedir de Zelaya. Também é importante ressaltar que todas as pessoas nomeadas por Porfírio Lobo para compor o seu novo governo participaram diretamente do golpe de Estado em 28 de Junho de 2009.

Numa entrevista* ao CMI Brasil, Jose Luis Baquedano, um dos coordenadores da Frente Nacional de Resistência Popular, explica que a repressão deve intensificar agora que Porfírio Lobo tomou posse e que os meios internacionais pararam de olhar para Honduras por considerar que a "situação" do país está resolvida. Baquedano disse que todos os coordenadores/as da Frente sofrem ameaças de morte, o próprio Baquedano e seu filho já receberam diversas ligações ameaçando-os de morte. Além disso, ele conta que os mais atingidos pela repressão são os jovens do movimento. Há um grande número de jovens que se viram forçados a buscar exílio em outros países como Nicarágua, El Salvador, Guatemala e até mesmo Espanha.


*Entrevista com José Luis Baquedano da Frente Nacional de Resistência Popular em Honduras - Áudio e transcrição traduzida para o português


Baquedano também fala sobre a organização da Frente e que o movimento continuará lutando por uma assembleia nacional constituinte. Em seu comunicado 43, a Frente declara que: "reitera a sua decisão de desconhecer o regime de Porfírio Lobo, por considerá-lo a continuação da ditadura imposta pela oligarquia através do golpe de Estado em 28 de Junho. Por isso, declaramos que a Resistência não autorizou qualquer um dos seus membros a aderir a qualquer um dos poderes do novo governo, nem irá participar do falso diálogo que os golpistas estão propondo para validar o Plano Nacional, que é a continuação da fracassado modelo neoliberal e um meio de manter os privilégios da classe minoritária que usurpou o poder."

Baquedano conta que a Frente já está encaminhando os casos de violações de direitos humanos cometidos desde o golpe de Estado para a corte internacional: "Neste momento nós temos mais de 40 companheiros que foram assassinados. Assassinos que ficaram impunes. Que por mais esforço que fizemos do ponto de vista legal, tem sido difícil que a justiça seja feita no nosso país porque todos estão corrompidos: a Corte Suprema de Justiça e o resto das organizações que são do Estado estão corrompidas. Foram feitas mais de 11.000 detenções ilegais, houve tortura, foram cometidas violações à muitas companheiras que fazem parte da Resistência."

Brasil, EUA e Honduras

O governo brasileiro até agora vem demonstrando solidariedade ao povo hondurenho e mantém a sua postura de não reconhecer as eleições e o novo governo de Porfírio Lobo. Entretanto, na primeira semana de Fevereiro, o americano Thomas Shannon assumiu o posto de embaixador dos EUA no Brasil. E já no seu primeiro encontro com o presidente Lula "sugeriu" que o governo brasileiro reconhecesse o novo governo de Honduras.

Thomas Shannon é acusado pela Frente Nacional de Resistência Popular de ter colaborado com o golpe em Honduras. Baquedano fala na entrevista ao CMI Brasil que: "o embaixador Hugo Llorens, que está em Tegucigalpa, coordenou a expulsão do presidente Zelaya do poder. Apoiado pelos tristemente célebres Thomas Shannon e John DeMint, estes foram os impulsionadores deste golpe de estado. Os EUA financiou, apoiou, armou e treinou o exército hondurenho. Este exército que deu o golpe, este exército que vem agredindo, reprimindo o povo hondurenho."

Thomas Shannon teve a confirmação do seu novo posto como embaixador adiada. Um dos fatores desta demora foi a pressão feita pelo senador republicano John DeMint, o senador disse que retiraria o bloqueio contra a nomeação de Thomas Shannon se os EUA reconhecessem e apoiassem as eleições em Honduras em Novembro de 2009. E não precisou muito esforço para que o então Assistente da Secretária do Estado, Thomas Shanon, fizesse uma declaração pública pouco antes das eleições em Honduras dizendo que os EUA iria reconhecer as eleições mesmo se o governo golpista não cumprisse com o acordo de retornar Zelaya ao poder antes das eleições.


fonte: Mídia Independente




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