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Cúpula latino-americana aprova criação de nova organização sem EUA e Canadá

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Após dois dias de debates, foi aprovada hoje (23) a criação de um organismo representativo para as Américas sem a participação dos Estados Unidos e do Canadá. A decisão foi aclamada pelos presidentes reunidos na Cúpula América Latina e Caribe, em Cancún, no México.

O órgão deve integrar os 33 países da região e velará "pelo respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, pela cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável, a unidade e a integração, a paz e a segurança regional", disse o presidente do México, Felipe Calderón, anfitrião do evento.

Calderón disse também que o objetivo da entidade recém-criada é buscar um "melhor posicionamento da América Latina em acontecimentos de relevância internacional". Segundo ele, a criação foi feita em consenso, após “intenso debate”.

Por enquanto, a nova entidade nasce sem um nome definitivo. Fontes presentes na reunião disseram à agência de notícias espanhola Efe que vários já foram foram sugeridos. A nomenclatura provisória, “Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos”, foi proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o presidente mexicano, o organismo terá como princípios o "respeito ao direito internacional, à igualdade soberana dos estados e ao não-uso ou ameaça do uso da força", entre outros pontos.

A criação de um novo organismo sem a participação dos EUA e do Canadá era um dos objetivos do encontro, que acontece desde ontem no balneário mexicano e deve terminar hoje.

Os termos do novo organismo e a forma como se dará a eventual substituição do Grupo do Rio e da Cúpula América Latina e Caribe pelo novo bloco ainda não foram esclarecidos.

Posicionamentos

O presidente cubano Raúl Castro chamou a decisão de "histórica" e disse que, a próxima reunião do Grupo do Rio e da Cúpula América Latina e Caribe, marcada para Caracas em 2011, será propícia para concretizar o projeto. Raúl enfatizou que Cuba "trabalhará com dedicação" pela consolidação do novo bloco.

Na prática, Cuba está afastada da OEA (Organização dos Estados Americanos), desde 1962, apesar de a suspensão ter sido revogada no ano passado. Atualmente, a OEA integra todos os países americanos, com exceção de Honduras.

Já o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, considerou que a proposta para criar um novo órgão de integração que unifique a região "ainda não está madura" e requer "desenredar o emaranhado institucional" para impulsionar o início do funcionamento da instituição.

Segundo o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, "é muito importante" não tentar substituir a OEA.

Já para Lula, a criação do organismo representa fortalecimento e um grande trabalho de integração. "Não esperava chegar tão rapidamente à formação desta comunidade. Estou motivado, não há razão para sermos pessimistas”.

Liderança

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, assumiu hoje a secretaria temporária do Grupo do Rio e fez um apelo em favor da integração regional para enfrentar a globalização.

Ao discursar, Bachelet se disse "profundamente honrada" com a responsabilidade de ser a titular do grupo e se comprometeu a "trabalhar intensamente nas tarefas para reforçar os laços de amizade e solidariedade de nossos povos".

Entretanto, ela ficará menos de um mês à frente da entidade, já que no dia 11 de março passará o cargo a Piñera. Até agora, a secretaria temporária do Grupo do Rio estava a cargo de Felipe Calderón.

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