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Alegrai-vos estudantes, estudem e lutem!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Diante da apatia, acomodação, conformismo e da inércia política dos meus jovens aluno(a)s perante a realidade da vida, diante do destino de suas vidas particulares e profissionais, resolvi escrever algumas considerações sobre este comportamento assaz estático, letárgico, alienante, conservador e às vezes reacionário desses jovens e velhos estudantes. Entretanto, alerto-os que a participação e as decisões políticas influenciam o cotidiano da coletividade em que vivemos, pois é evidente que há uma carência de agentes transformadores na sociedade.

Primeiramente devemos nos indagar “Onde estamos” e para “onde pretendemos chegar ou irmos”, destarte, saberemos o que realmente queremos da nossa vida. O filósofo romano Sêneca nos legou: “Se você não sabe a direção a que porto ir, nenhum vento lhe será favorável”.

Tracem objetivos de curto e longo prazo em seu cotidiano. Organização é vida. E tudo na vida é preciso planejamento, organização e disciplina. Depois do planejamento tudo será mais fácil, mesmo com os óbices, intempéries e tempestades que surgirão e que não são poucos em suas vidas, tenho certeza de que saberão se adaptar às dificuldades e tomarão novos rumos e rotas baseadas em seu planejamento. A vida é repleta de alegrias e dores que são inerentes à arte de viver. Carpe diem, caro(a)s estudantes!

Estudem e lutem, pois somente através dos estudos é que teremos a chance de mudarmos está adversa e hostil realidade, possibilitando a transformação da nossa rotina, todavia, só será possível em contato eterno com os livros e com a prática política: “Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma”, assim nos ensinou o poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht.

Lembrem-se amiúde de que no Brasil, os vários pobres, que são milhões, são muito pobres e os poucos ricos são excessivamente muito ricos. Nunca se esqueçam que vivemos em uma sociedade capitalista que é profundamente injusta, cruel, inexorável e que vivemos em classes sociais antagônicas, onde a grande maioria dos trabalhadores vive na escassez, em plenas dificuldades, fome e miséria para 90% da população mundial, enquanto 10% das pessoas vivem no excesso do luxo, na opulência, no desperdício e no supérfluo. “Oh! Mundo tão desigual! Tudo é tão desigual! De um lado este carnaval! De outro a fome total!”.

Pesquisa do IBGE – (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que no Brasil mais de 14 milhões de brasileiros passam fome, é o país com o maior número de pessoas com fome no mundo, que paradoxalmente não se explica pela falta de alimentos. O problema alimentar reside no descompasso entre o poder aquisitivo de um amplo segmento da população e o custo de aquisição de uma quantidade de alimentos compatível com a necessidade de alimentação do trabalhador e de sua família que defrontam-se diariamente com o problema da fome; a renda mensal desses trabalhadores lhes garante, na melhor das hipóteses, apenas a aquisição de uma cesta básica de alimentos.

Após a exposição deste quadro assustador, revoltem-se, indignem-se contra toda forma de injustiça, opressão e exploração contra qualquer indivíduo. Coloquem-se ao lado dos mais fracos e pobres. E, quando galgarem cargos, funções e estiverem “por cima”, é imprescindível não perder o bom senso. Sejam honestos, éticos, generosos e gentis com as pessoas que cruzarem os seus caminhos. Respeitem os mais humildes, os menos capazes, os mais velhos, os animais, a natureza e todas as formas de vida possíveis e imagináveis, dê ouvidos aos que discordam do que pensamos. Tudo na natureza e na vida muda. “A única coisa permanente é a mudança”. A grande sapiência é ter consciência de que nada na vida é eterno e perpétuo: nem as coisas boas e nem as coisas más, ruins. Não sejam egoístas e nada de ostentação. A simplicidade é o segredo e a chave do bem viver. Eu sempre digo que o meu egoísmo é altruísta. Lembrem-se e pratiquem a solidariedade. Como disse com muita propriedade o profeta Gentileza: “gentileza gera gentileza”.

Pois bem caro(a)s estudantes, o poeta Chacal nos alertou: “a vida é curta, mas não deve ser pequena”.

Desejo-lhes que encontrem alguma coisa útil para as suas vidas e façam à diferença em suas existências e na realidade que nos cerca. Animem-se: “agarre o livro”.


* Por Elcio Cavalcante, professor de história.



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