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Carta de um jovem brasileiro em visita a Cuba

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

De 24 de janeiro a 7 de fevereiro, foi realizada em Cuba a XVII Brigada Latinoamericana de Solidariedade à ilha. O jovem advogado brasileiro Alexandre Franco foi um dos membros da delegação do Brasil na Brigada. Neste relato emocionado enviado de Cuba por email a um amigo, Alexandre narra uma grande passeata que presenciou e as suas impressões sobre o país. “O povo cubano é realmente livre! Mas não é uma liberdade burguesa, individualista. É uma liberdade coletiva, que escolhe o caminho, que traça seu destino”.

Carta de um jovem brasileiro em visita a Cuba

Alexandre (ao centro) com crianças cubanas em um local de treinamento de boxe.
Alexandre (ao centro) com crianças cubanas em um local de treinamento de boxe. Foto: Viviane Tavares

Oi, tudo bem?

Olha, ontem, dia 27 de janeiro, participamos de uma marcha de tochas. Foi incrível! Vou lhe contar.

Dia 28 de janeiro, é aniversário do José Martí, um herói para os cubanos, que está completando 157 anos do seu nascimento. Esse herói foi um intelectual e militante político que dedicou sua vida pela independência dos povos da América Latina e Cuba, principalmente, na época da colonização espanhola. O Fidel sempre o cita nos discursos. Então, na noite do dia 27 fomos para Havana para participar de uma marcha que existia até mesmo antes da revolução, uma marcha, assim como o natal que se inicia no dia 24 de dezembro esperando o dia 25. Na noite do dia 27 todos vão para frente da Universidade de Havana, onde saem, incrivelmente cerca de 30 mil pessoas carregando tochas acesas e marchando pelas ruas de Havana.

Meu caro, foi a coisa mais linda que eu já vi! A juventude alegre, feliz, cantando, celebrando o natalício de um herói nacional. Não dá para acreditar que 30 mil pessoas vão às ruas, numa quarta feira, para marchar à meia noite! Essa história de que o povo cubano vai às ruas obrigado pelo governo é uma grande idiotice. Naquele dia, eu não vi sequer um policial ali, não havia nenhum agente do estado para reprimir ou coisa parecida. Milhares de pessoas com tochas na mão, marchando e cantando alegremente a oportunidade de estarem juntas celebrando uma data muito importante para eles.

Jovens cubanos em passeata pelo aniversário de José Martí. Foto: Viviane Tavares
Jovens cubanos em marcha de tochas pelo aniversário de José Martí. Cara de quem foi obrigado à marchar? Foto: Viviane Tavares

Eu fiquei na frente da marcha e quando olhava para trás via uma multidão sem fim, com os fogos acesos, num mar de gente culta, consciente, firme e resistente. Aquelas milhares de tochas acesas pareciam uma chama só. Uma gente guerreira, que está permanentemente em luta. Foi incrivel, meu caro! O povo cubano é realmente livre! Mas não é uma liberdade burguesa, individualista. É uma liberdade coletiva, que escolhe o caminho, que traça seu destino… É uma liberdade ampla, liberdade de ser culto, de compreender o momento histórico. Liberdade de ter clareza de quem são seus aliados. Liberdade de saber e ver quem é o inimigo. A educação os tornou livres! É um povo pensante, que resiste firmemente diante das dificuldades que enfrentam, e que são muitas e todos eles sabem disso. Mas acima de tudo, um povo unido pelo sentimento de pátria, algo que o povo brasileiro ainda não teve a felicidade de sentir.

Um povo que escreveu sua própria história e continua marchando, após 51 anos de triunfo revolucionário, após meio século de um criminoso bloqueio econômico que afeta suas condições de vida, mas ao mesmo tempo os tornam mais fortes e unidos para enfrentar o grande inimigo que a todo momento os ameaça. Um povo revolucionário que lembra cotidianamente seus mártires, seus lutadores que caíram na luta, seus heróis que não são duques aristocratas nem generais entreguistas. Seus heróis são outros: estudantes rebeldes, soldados revolucionários, trabalhadores, intelectuais do povo. Seus heróis são seus atletas aguerridos, seus poetas e músicos politizados…

O maior patrimônio de Cuba não é a biotecnologia, não são seus carros de meio século, não é o Capitólio, não é seu tabaco, não é seu rum. É seu povo. Digno. E dignidade coletiva se conquista não com uma lei ou uma sentença, mas com uma revolução. Só a ruptura das estruturas sociais antigas podem fazer emergir uma nova sociabilidade, que tenha na solidariedade e na valorização da dignidade do homem seus maiores princípios.

Dignidade cidadã. É isso que eu vejo aqui. O povo cubano é o povo mais digno do mundo.
É o que lhe conto.
Forte abraço!
Havana, 28/01/2010.


fonte: Fazendo Media

5 comentários:

jjansley@hotmail.com disse...

Puts q foda esse relato, com certeasa cuba é dos grande exemplo de pais q infelizmente aqui no brasil mal se tem conhecimento disso,.=D

24 de fevereiro de 2010 às 20:15
Parrudo disse...

Infelizmente como já passado no texto o conhecimento aqui não se compara ao conhecimento do povo cubano, porque, diferente do sistema em que vivemos, o socialismo não prega a ignorância como forma de controle popular. Muito pelo contrario, eles pregam a informação da população desde os mais humildes para que as pessoas não sejam apenas aquilo que elas vem e ouvem mas sim o que elas refletem, o que elas formaram como conhecimento. Somente um povo com educação acessível a todos consegue ter consciência política e se desenvolver de forma igualitária e inteligente.

24 de fevereiro de 2010 às 22:56
Diego Almeida disse...

Infelizmente poucos tem acesso a esse relato, eh mto legal ver 30 mil pessoas prestigiando um antigo herói, enquanto aqui no Brasil não vai nem "meia-duzia" para reenvindica nossos direitos em frente a prefeitura, para contestar as ultimas atitudes do atual prefeito. Mais ta valendo neh ? Quem colocou ele la foi o próprio povo, então vamos continuar pagando impostos sem reclamar !

25 de fevereiro de 2010 às 19:25
Luccas M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luccas M. disse...

Quando existe um sistema que não visa omitir informação e conhecimento do povo, e que busca informá-los de seus direitos e deveres dentro de uma sociedade igualitária e justa, vemos o que acontece em Cuba.
Já, quando existe um sistema que visa omitir informações para que o povo continue com sua "burice" omissa visando a alienação de massas, vemos o que ocorre aqui no Brasil.

26 de fevereiro de 2010 às 06:05

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