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Chamado de uma ocupante da Josué de Castro

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Meu nome é Ceça, sou moradora e coordenadora da ocupação Josué de Castro. Quero que todos saibam da nossa existência e por isso escrevo esse relato.

Na madrugada do dia 20/09/08 juntamente com mais de 80 famílias, invadi e ocupei um terreno abandonado situado na Av. Recife, em Recife/PE, pertencente à empresa de pneus Michelin. Pouco trazíamos, eram só paus, lonas e cordões. O pior é que grande parte do terreno era lama e mato. Só que isso não impediu que montássemos as nossas barracas. Na primeira semana que passamos fomos limpando o mato, retirando o lixo e restos de animais mortos que havia na área. Moramos em barracas durante várias semanas, nesse ínterim fomos visitados pela polícia e outros que queriam nos retirar do local. Não saímos e assim foram passando os meses. Chuva, sol, frio ou calor não nos detiveram, continuamos na luta. Logo fomos nos organizando e substituindo as lonas por madeira. Cada um fez seu barraco de acordo com a sua possibilidade. O meu até hoje permanece de tábua. A cada dia que passava o terreno ia melhorando, pois cada um de nós foi aterrando sua área e organizados aterramos também a rua principal. Hoje mesmo no inverno, podemos transitar por toda a ocupação. Temos energia elétrica que nós mesmos puxamos dos postes em frente a ocupação. No início as gambiarras nos deram muito prejuízo. Por isso nos organizamos e compramos uma fiação adequada p/ a demanda do local.

Estamos um pouco mais organizados, mas isso só aconteceu por conta do convívio que temos com pessoas de vários setores da sociedades: APAP (Associação Pernambucana de Anistiados Políticos), NAJUP (Núcleo de Assessoria Jurídica Popular), FAP (Fórum de Ações Populares), Autonomia (Grupo de Educação Popular), MSEU (Movimentos Sociais e Espaço Urbano - grupo de voluntários da pós-graduação em Geografia da UFPE). Dentre outros. Nosso primeiro contato aconteceu após o 1° protesto que fizemos na Avenida, por conta da 1ª ordem de despejo que recebemos. Alguns universitários, e seus colegas viram o nosso desempenho que foi divulgado na mídia, e como havia saído nessa ocasião um aumento abusivo das passagens (ocorrido no mês de fevereiro de 2009) dos transportes coletivos, decidiram nos procurar p/ juntarmos força p/ realizarmos um novo protesto. Almejávamos parar toda a cidade. Infelizmente não ocorreu com essas dimensões, mas serviu e muito para o nosso crescimento pessoal e coletivo.

A partir daí, várias vezes nos reunimos e os grupos, cada um na sua área de atuação começaram a realizar oficinas e palestras com a comunidades. Por diversas vezes participamos de debates e palestras em diversos locais, o que nos trouxe mais e mais pessoas interessadas em nossa causa. No atual momento estamos enfrentando a 4ª ordem de despejo e como não costumamos nos conformar com a realidade que o Governo quer nos impor, continuamos a fazer contato com vários órgãos.

Daí o motivo desse relato. Chamo você que leu nossa história para engrossar o cordão e fazer parte dessa luta. A Josué de Castro quando acorda a cidade com seu fogo, apito e grito de guerra, não toma a avenida apenas por moradia, nossa luta é por uma vida mais digna; moradia, escola, transporte, lazer, cultura, etc.

Essa luta também é sua!!

Maria da Conceição
Email: solidariedadejosue @ riseup.net


1 comentários:

Luiz Otávio Ribas disse...

Olá

Muito bom saber que estás engajada na luta pela moradia!
Gostaria de receber notícias sobre a atual situação da ocupação, para que possamos divulgar em nosso blogue.
Atenciosamente,

13 de fevereiro de 2010 às 15:20

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