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Armas nucleares são um risco para democratização global

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Amorim: "Armas nucleares são um risco para democratização global"

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou hoje, durante a conferência Global Zero, em Paris, que "as armas nucleares não são necessárias" e representam "um risco para a verdadeira democratização das relações internacionais".

Após a abertura da reunião, que defende um mundo desmilitarizado do ponto de vista atômico e até quinta-feira reunirá cerca de 200 especialistas, políticos e personalidades, o ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que "a era da balança do mundo" baseada nos arsenais nucleares "está acabada".

Amorim, que lembrou que a Constituição de seu país garante o uso da energia nuclear apenas para fins pacíficos, ressaltou que existem outros desafios no século XXI, como a segurança alimentar.

O ministro advertiu ainda que as armas atômicas representam um "risco para a verdadeira democratização das relações internacionais".

"As armas nucleares não são necessárias, tanto do ponto de vista da segurança" como de uma óptica baseada no equilíbrio estratégico, declarou o chanceler a convidados como a rainha Noor da Jordânia, o ator Michael Douglas e o ex-secretário de Estado americano George Shultz.

Amorim também falou sobre o terremoto do Haiti. Segundo ele, o tremor, com uma capacidade de destruição equivalente à de "várias armas nucleares", devastou o país e deixou dezenas de milhares de mortos.

O diplomata brasileiro terminou sua participação com uma metáfora, ao falar da "tremenda explosão silenciosa" que significaria um mundo sem armas nucleares.

Obama assume compromisso

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também presente no evento, assumiu diante dos participantes da coalizão Global Zero, o compromisso de agir em prol de um mundo sem armas nucleares.

"Um mundo sem armas nucleares é uma de minhas maiores prioridades como presidente", afirmou Obama, em mensagem lida na abertura da conferência.

O presidente dos Estados Unidos lembrou a promessa que fez neste sentido em abril de 2009 em Praga e a "resolução histórica" aprovada no dia 24 de setembro pelo Conselho de Segurança da ONU, que ratifica "um compromisso comum das nações" de eliminar as armas atômicas.

"Estou orgulhoso com o fato de Estados Unidos e Rússia terem retomado as negociações para um novo tratado START para reduzir drasticamente nossos arsenais nucleares", afirmou o presidente. As discussões entre russos e americanos recomeçaram segunda-feira em Genebra.

Dizendo-se favorável a um tratado de não proliferação, Obama avisou que a tarefa será árdua e garantiu que a coalizão Global Zero sempre poderá considerá-lo como "um parceiro".

Em mensagem aos participantes do evento, o presidente russo Dmitri Medvedev também lançou um apelo a fazer com que "as armas de destruição em massa façam algum dia parte do passado".

"O objetivo Global Zero não é apenas um slogan, é uma meta alcançável", afirmou por sua vez o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiando a capacidade de mobilização da coalizão.

Criada em dezembro de 2008 por iniciativa de ex-diplomatas americanos para responder às ameaças crescentes de proliferação e terrorismo nuclear, a Global Zero defende a eliminação progressiva e controlada dos arsenais, sobretudo a dos estoques russos e americanos, que concentram quase 90% das armas nucleares que existem no mundo.

Mas até agora, nenhum dos dois países, especialmente os Estados Unidos, tomou qualquer providência no sentido de eliminar seus arsenais nucleares.

A conferência vai continuar até quinta-feira com as intervenções de várias outras personalidades, entre elas a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e o ex-membro da comissão de verificação da ONU Hans Blix.

A Global Zero apresentará na quinta-feira uma série de recomendações aos dirigentes mundiais, com um cronograma e propostas para a redução dos arsenais, antes da cúpula sobre a segurança nuclear em Washington prevista para abril.

Com agências

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