Os efeitos da crise econômica na Grécia chegaram à violência neste sábado, durante as celebrações do 1º de maio. Na capital, Atenas, manifestantes entraram em confronto com a polícia ao protestarem contra cortes salariais, aumento de importos e suspensão de contratações, enquanto o governo da Grécia fechava o acordo sobre o plano de austeridade econômica com a União Europeia e o FMI como condição – imposta principalmente por pressão da Alemanha – para obter ajuda financeira e evitar a falência do país.
Fontes ligadas ao governo grego consultadas pela agência de notícias espanhola EFE se limitaram a dizer que os negociadores estão analisando os aspectos legais do texto. Os encarregados dessa tarefa são o ministro da Defesa, Evangelos Venizelos, especialista em direito constitucional; o ministro das Finanças, Giorgos Papaconstantinu; e Jaris Pambukis, homem de confiança do primeiro-ministro, Giorgos Papandreu.
A emissora estatal grega NET informou que o plano de austeridade será apresentado no domingo em uma reunião ministerial extraordinária às 9h30 locais (3h30 de Brasília).
Há quase duas semanas, Papandreu negociava um programa de consolidação fiscal trienal com o FMI, a UE e o Banco Central Europeu - condição prévia para ter acesso aos fundos internacionais de até 135 bilhões de euros.
Mais cedo, o governo anunciara acordo com as lideranças partidárias para aprovar o pacote de medidas de austeridade – condição da União Europeia para o socorro financeiro, imposta principalmente por pressão da Alemanha.
De acordo com a agência de notícias grega ANA-MPA, 19 pessoas foram presas durante o enfrentamento com a tropa de choque no centro de Atenas. Dez deles foram mandados para um juizado. Mas, segundo o jornal ateniense Ethnos, o número de presos chegou a 27, inclusive três estrangeiros. Sete policiais teriam ficado feridos.
EFE
Ainda segundo o Ethnos, o tumulto começou quando manifestantes tentaram romper o cordão policial em volta do parlamento, atirando pedras e objetos contra o batalhão. Uma van de uma equipe de televisão foi incendiada e agências bancárias e um hotel sofreram sofreram pequenos danos. Houve tumulto também nas imediações da Universidade de Atenas e na Escola Politécnica.
Os esquemas policiais foram reforçados e distribuídos em vários pontos espalhados ao redor do centro.
Durante as manifestações, o ex-presidente do parlamento Apostolos Kaklamanis foi atacado por pessoas que o rodeavam e o xingavam. Kaklamanis desceu a pé para a rua da universidade, onde foi reconhecido e atacado verbalmente, depois agredido. A polícia repeliu o ataque e levou o político ao hospital por precaução.
"Condeno nos termos mais fortes possíveis o ataque de hoje sobre o ex-presidente do parlamento Apostolos Kaklamanis, que serviu durante décadas com ética, coerência e paixão aos interesses das pessoas ", disse o atual presidente da câmara, Philipos Petsalnikos. "Tais atos inaceitáveis mancham a comemoração do Dia do Trabalho em um momento tão crítico para o nosso país e seus trabalhadores”.
Pacote impopular
O acordo entre autoridades gregas e os representantes do FMI e da Comissão Europeia pode ser concluído neste fim de semana, enquanto o governo do primeiro-ministro Georgis Papandreou continua a chamada “batalha do país pela sobrevivência”.
O governo grego parece ter chegado a um acordo sobre um pacote de reformas que para reduzir drasticamente os salários do setor público e aumentar os impostos indiretos e sobre valor agregado nos próximos dias. O pacote também foi pensado para incluir mudanças nas leis trabalhistas, tornando mais fácil a demissão de trabalhadores no setor privado.
Se o acordo for finalizado, as novas medidas poderiam ser anunciadas à população grega já no domingo ou na segunda-feira (3/5), informou o jornal local Kathimerini.
"Nós estamos obrigados a travar uma batalha pela sobrevivência. Faremos o que for preciso para salvar o país", disse Papandreu aos membros de seu partido, PASOK (socialista).
Depois que as medidas forem anunciadas, o primeiro-ministro irá apresentá-las ao parlamento, onde será necessária maioria simples na câmara, com 300 assentos, para aprovar o pacote. Fontes ouvidas pelo Kathimerini negaram que a Comissão Europeia tenha feito pressão para que o pacote seja aprovado por 60% dos deputados.
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