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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Zelaya deixa Honduras quarta, mas espera voltar com reconciliação

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, confirmou que deixará nesta quarta-feira a embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde setembro, rumo à República Dominicana, junto com o presidente deste país, Leonel Fernandez. Zelaya disse ainda que espera voltar a seu país dentro de um processo de reconciliação após o golpe de Estado.

"Fui convidado pelo presidente Fernandez para ir à República Dominicana, e aceitei. Vou embora daqui com ele, com a aprovação, claro, do governo (hondurenho) de Porfirio Lobo Sosa", anunciou Zelaya em entrevista à rádio Globo de Honduras.

"Minha ideia é sair e voltar um dia. Não sei quanto tempo vai se passar, mas sim, voltarei ao solo hondurenho", disse Zelaya, da Embaixada brasileira, ainda cercada por militares com ordens de prendê-lo.

"Nós esperamos que nos próximos meses, como ofereceu o presidente eleito Lobo (...), haja um processo de reconciliação nacional", acrescentou. Zelaya explicou que sua saída da embaixada será em helicóptero ou em um veículo diplomático, acompanhado por Fernández até o aeroporto de Tegucigalpa.

O mandatário deposto, que irá embora acompanhado de sua mulher, Xiomara Castro, de uma de suas filhas e de seu assessor Rasel Tomé, pediu a seus seguidores que evitem atos de violência na quarta-feira e durante a posse de Lobo.

O conservador Lobo, que ganhou as eleições de novembro em Honduras, vai assumir o poder nesta quarta-feira, no mesmo dia em que expira oficialmente o mandato de Zelaya, derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho de 2009.

Anistia

De acordo com matéria da Agência Brasil, Lobo quer tomar posse amanhã já com o decreto de anistia a todos os envolvidos no golpe pronto e acordado pelos parlamentares. Na tarde desta terça-feira, o Congresso Nacional se reúne para discutir os artigos do decreto e finalizá-lo.

A sessão foi convocada pelo presidente do Congresso, Juan Orlando Hernández. Ele informou que, desde o final do ano passado, um grupo de deputados e de técnicos trabalha na elaboração do decreto. O objetivo é obter um acordo entre partidários do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do presidente de fato, Roberto Micheletti.

De acordo com informações, deverá ser concedido perdão àqueles que ultrapassaram os limites de suas funções públicas. Com isso, policiais, militares, políticos e juízes, por exemplo, envolvidos no golpe, seriam anistiados.

O diretor adjunto do programa da Anistia Internacional Américas, Kerrie Howard, criticou hoje duramente a possibilidade de anistia aos envolvidos no golpe, como os integrantes de forças de segurança suspeitos de ter cometido abusos contra os direitos humanos. Segundo ele, se houver o perdão, há riscos de reincidência.

A Anistia Internacional apelou a "Pepe" Lobo para que investigue possíveis abusos cometidos pelos golpistas. De acordo com o organismo, houve violência sexual, espancamentos e ameaças de intimidação a autoridades

Com agências

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