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Em defesa da Marcha da Maconha

domingo, 24 de abril de 2011

A Marcha da Maconha é um movimento já conhecido nacionalmente, principalmente pelas tentativas reiteradas de proibição que alguns governos tomaram para que a Marcha não ocorresse em suas ruas. O movimento nada mais é que uma proposição à sociedade de mudança de legislação, similar às manifestações que os policiais fazem reivindicando mudança de plano decarreira, mudança salarial etc. No caso da Marcha, a proposição é a legalização do consumo e comércio da Cannabis Sativa no Brasil. Num Estado de Direito, é legítimo e desejável que os grupos sociais defendam seus interesses (e os da sociedade) de modo pacífico.


Sempre há a justificativa da apologia ao uso, e não a apologia à reforma legislativa, durante as marchas. Nunca fui a uma Marcha da Maconha, mas tenho visto materiais de campanha e textos falando sobre suas reivindicações, e até hoje não vi algo que se assemelhe a “apologia ao uso” de drogas – nada indecentecomo as propagandas de cerveja, por exemplo. Também dizem que nessas marchas “as pessoas fazem suas reivindicações fumando droga”, e tudo acaba em algazarra. Se isso de fato ocorre, lamento muito, pois os que assim fazem deixam de lutar por uma causa profundamente relevante, para igualar a marcha a eventos como o carnaval, em que pessoas morrem em decorrência do uso drogas de todos os tipos que se pode imaginar, principalmente o álcool – apesar de ninguém nunca ter sugerido seriamente o cancelamento do carnaval.


Neste contexto, me surpreende a notícia que O Globo divulgou hoje, informando que participantes da marcha da maconha foram presos e autuados por estarem distribuindo este panfleto:



Não posso ser leviano e condenar os policiais envolvidos na ocorrência. Não sei ao certo em que contexto se deu a prisão, mas se ela decorre apenas da distribuição dos panfletos por parte dos manifestantes, ela foi injusta e desnecessária, ilegal, desrespeitosa a todos aqueles que enaltecem o direito à liberdade de expressão e o próprio Estado de Direito. Se não se pode reivindicar mudança legislativa no país, estamos fadados à manutenção do status quo, e questões como nossa PEC 300, por exemplo, caros policiais, estarão condenadas eternamente à condição desonho inatingível.


A Marcha é legal e legítima, por isso faço a defesa de sua existência, que se confunde com o meu direito de propor reformas legais. Ao mesmo tempo, sou a favor do pleito defendido na Marcha: a legalização do consumo e comércio da maconha. Só espero não ser preso por causa disso.



Por DANILO FERREIRA ao ABORDAGEM POLICIAL

1 comentários:

Parrudo disse...

Simplesmente revoltante ver que numa sociedade que se proclama democrática ainda temos repressão aos movimentos sociais, e em larga escala. Agora perdemos também o direito de propor mudanças, ou seja, se você acha que algo está errado e quer propor uma alternativa, não o faça! porque se o consenso diz que não é certo, não é certo e pronto! É inquestionável!
Impressionante o quão atrasada é a sociedade, vivendo em negação.

24 de abril de 2011 às 14:18

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