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Sou criança, sim, senhor!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu gosto de andar pela cidade onde eu moro. Parece que tudo tem vida. Todas as coisas têm um rosto, com olhos, bocas e narizes. A cidade tem vida e acho que isso não se deve às pessoas que circulam nela; eu olho para os prédios e para as casas e os vejo como velhos sábios que há muito tempo descansam ali e que sabem tudo. Eu olho para eles com uma expressão amigável, eles sorriem e me cumprimentam com a cabeça.

Pareço criança: piso apenas nas faixas brancas, evito os cocos com divertimento, arranco folhas de arbustos e brinco com suas texturas, olho para os lados com curiosidade, até esqueço que tem outras pessoas na rua. Devo ser o Pequeno Príncipe andando pelos planetas. Me imagino deixando um pouco de mim em cada passo que dou, será que estou derretendo? Talvez nem andando eu esteja, talvez eu esteja apenas sendo conduzido pela calçada.

Tudo isso deve soar bem poético, mas não sou poeta nenhum, nem poesia eu leio. Gosto de romances, pode até ser que seja romântico (mas deixo essa idéia de lado, pois já quebrei muito a cabeça tentando resolve - lá). Esse sou apenas eu tentando alimentar meu espírito infantil. Todos envelheceram muito rápido (falo da velhice que não se trata da quantidade de rugas no rosto ou a idade que consta na identidade), todos cederam seu espírito jovem muito cedo, ou pior: o venderam. Quando cai uma gota na consciência e eles sentem o mínimo peso que for, eles tentam olhar para trás, mas já é tarde, já são velhos.

E se enganam aqueles que dizem que juventude tem a ver com velhice. Pois eu já conversei com um senhor de 80 anos que ainda era jovem. Ele usou de livros e filmes para salvar sua juventude.

Pois sou criança sim, senhor. Devo ser até bobo às vezes, mas posso jurar que sou bom e pretendo te dar a mão quando você cair, ao invés de rir. Não vou pensar com malicia e vou responder à suas perguntas, não importa o quão fútil elas sejam.

Agora, as pessoas grandes vieram me dizer o que eu tenho que fazer na vida e que, mais cedo ou mais tarde, terei de envelhecer. Pois eu gostaria de mandar essas pessoas às favas (gosto dessa expressão, li-a num livro do Dostoiévski), só não mando porque sou criança e crianças não podem dizer esse tipo de coisa. Me dóis as pessoas me dizerem esse tipo de coisa, pois não sei o que fazer da vida, sou apenas bom em ser jovem.

Essas pessoas grandes são muito importantes mesmo: elas trabalham, cuidam de famílias e mais importante: são extremamente preocupadas com os números que circulam suas vidas. Eis o que as tornam importantes: seus números. E, meu Deus, como estão preocupadas com esses números. Querem um zero a mais ali, um zero a menos aqui. Pior, só sabem falar sobre tais números e, claro, reclamar de como suas vidas são complicadas e difíceis. Ora, os únicos culpados de terem vidas complicadas e difíceis são eles mesmos! Mas eles riem quando converso sobre isso com eles. Eu quero ajudá-los, mas não consigo uma boa brecha para isso. Os adultos vivem rindo das coisas que as crianças dizem.

De alguma forma, eu acabei virando o ateu no mundo dos cristãos, o comunista dos capitalistas, o rebelde dos corruptos. Mas aqui não falo de política, me refiro àqueles que corrompem a própria vida!

Pois bem, chego em casa e digo qualquer besteira, simplesmente porque ultimamente eu tenho gostado de dizer qualquer besteira... sou muito criança pra entender o porquê.

3 comentários:

Luccas M. disse...

sensacional Fe, pqp, ficou mto foda

28 de maio de 2011 às 19:57
Ipaussu disse...

Parabens.... me prendeu tao facil no texto. . simplemeste foda...

28 de junho de 2011 às 13:13
Anônimo disse...

assim como Nietzsche ficou encantado e enraivado com a piada "sou ateu graças a Deus" por não ter sido ele o autor de tal frase, fico aqui com imensa raiva no melhor sentido por não ter descrito antes essas sensações, partilho de muita coisa que foi descrita, sou ateu comunista, acima de tudo sou criança, eu não entendo por exemplo como certas pessoas ligam o MP4 e ouvem sem se mexerem como se estivesse desligado, parecem robos, a música me move, e a minha cidade igualmente, me traz a sensação de vida, todo rosto que olho é uma nova esperança para a humanidade acendida no meu ser, eu ainda acredito no homem, na politica, talvez por ser criança.

um abraço

20 de julho de 2011 às 14:29

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