- Reduzir a Reserva Legal na Amazônia de 80% para 50%
- Reduzir as Áreas de Preservação Permanente como margens de rios e lagoas, encostas e topos de morro:
- Anistia aos crimes ambientais, sem exigir o reflorestamento da área
- Transferir a legislação ambiental para o nível estatal, removendo o controle federal
O fim do Código?
In Ativismo, In Brasil, In campanhas, In ecologia, In luta popularsegunda-feira, 31 de maio de 2010
Lula, o Irã, e o acordo nuclear que os EUA não quer acreditar.
In Brasil, In EUA, In imperialismo, In mídia, In politicadomingo, 30 de maio de 2010
Os EUA tem como hábito demonizar seus oponentes na midia internacional. É um país agressivo em seus relacionamentos com os outros países, mas morre de medo de uma conspiração contra eles (qualquer uma). Foi assim que fizeram com a União Soviética, com a China e por último, com o Iraque.
Não sei como um país como os EUA que detem um arsenal nuclear que dá para acabar com o mundo num piscar de olhos, quer ter a moral de "disciplinar o mundo". Um país que soltou duas bombas atômicas no Japão matando milhares e milhares de pessoas, e agora quer ter a moral de recriminar que o Irã use o seu urânio - em nome de uma suposta ameaça e paz mundial. Me desculpem meus caros leitores, mas eu acho que o perigo para o mundo hoje não é o Irã, é os EUA.
Não sejamos ingênuos. Todos os países da Comunidade Internacional de fato querem a PAZ, menos os EUA. São eles que mais lucram com as guerras. Se o mundo dependesse só dos EUA, não duvido que estariam hoje jogando bombas em crianças, mulheres e idosos dos paises pobres, afim de os submeterem às suas regras como fizeram no Iraque. Alguem aí pode me dizer onde estavam as bombas de destruição em massa que os americanos "afirmaram" que o Iraque tinha?
É cômico, mas sabe o que eu acho disso tudo? Que hoje os americanos devem estar pensando assim:
"Quem mandou aquele barbudo e ignorante (Lula) ir falar com o Irã? E agora, como vamos fazer? Não vai mais ter guerra nenhuma. E a nossa indústria bélica, como fica?... Já faz tempo que não fazemos uma "guerrinha" pra gastar o nosso arsenal. Nossos fabricantes (de armas) vão reclamar. Esse LULA não toma jeito mesmo. Só quer atrapalhar".
Importância da Leitura
In Brasil, In educação, In Livros, In reflexãoLeitura, mais do que um processo de transformação da escrita para a oralidade, é a evolução do homem e sua concretização plena como um indivíduo social, cidadão.
Enriquecimento de vocabulário, dinamização do raciocínio, desenvoltura de um senso social crítico e interpretação de mundo são características que a leitura nos oferece.
O ato de ler deve ser praticado desde cedo, porém, numa sociedade cada vez mais tecnológica, rápida e globalizada, a leitura torna-se algo descartável, perde seu espaço para meios de transmissão de idéias mais simples, como a televisão e o computador.
Atualmente, em nossa sociedade, existem cada vez menos leitores críticos, e proporcionalmente cada vez mais alienados pela mídia, o que reforça o fato de que o conhecimento adquirido pela leitura nos permite estabelecer nossa própria visão angular e combater a alienação em massa imposta pelos grandes centros midiáticos.
Ao se ler um livro, somos transportados para uma dimensão completamente nova, entramos numa mirabolante ficção arquitetada para nos fazer refletir, imaginar e sonhar. Infelizmente, com o acréscimo de idade, a leitura se torna cada vez mais rara, até deixar de fazer parte do cotidiano das pessoas ainda jovens. Esse problema pode ser atribuído à ineficácia da escola em formar leitores, e a descartável importância dada atualmente a um rascunho literário. A literatura é hoje recurso de todos, mas só é explorada adequadamente pelos detentores de maior poder aquisitivo, enquanto os pobres não desfrutam dessa ferramenta de conhecimento.
Chega a ser chocante a comparação entre o ensino público e o ensino privado em nosso país, e esse fator acentua cada vez mais as disparidades sociais no Brasil. Porém, uma, senão a principal solução para a melhoria de vida de todos os brasileiros está bem diante de nossos olhos, é a leitura. A pergunta a ser feita é: como despertar o interesse por livros nas populações mais carentes? Como educa-las e faze-las conhecer seus direitos?
Para fazer com que o jovem carente tenha afinidade por livros, é preciso que os livros atinjam a realidade dele, é necessário que o jovem entenda que essa ferramenta pode proporcioná-lo no futuro uma vida digna. E para isso, faz-se essencial a presença de uma instituição de ensino com bons professores, que consigam abrir os olhos de seu estudante e fazê-lo almejar a justiça e a igualdade social. Através desse processo de formação educacional poderíamos presenciar enfim uma sociedade ciente de suas obrigações, informada de seus direitos e pronta para acertar democraticamente a situação do país.
“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história” Bill Gates.
A Ilusão Paga Passagem - Agora no ABC
In Movimentos Sociaissábado, 29 de maio de 2010
Não perca!
A Casa da Lagartixa Preta "Malagueña Salerosa" é um espaço de autogestão, solidariedade e ajuda mútua no bairro Casa Branca, em Santo André (SP).
A mostra acontece no dia 29/05 às 17 horas e no dia 30/05 às 16 horas. Entrada Grátis!!
Endereço:
Rua Alcides Queirós, 161
Bairro Casa Branca - Santo André
Estação Celso Daniel da CPTM
fonte: Mídia Independente
Câmara recebe 280 mil assinaturas de apoio à PEC 438
In impunidade, In luta popular, In reforma agrariasexta-feira, 28 de maio de 2010
Michel Temer (centro) disse que atuará para colocar a emenda em votação (Foto: Camille Burgat) |
Presidência da Câmara recebeu mais de 280 mil assinaturas (Foto: Leonardo Sakamoto) |
Moreira Mendes insiste na tese ruralista de subjetividade da escravidão (Foto: MH) |
*O jornalista viajou à capital federal a convite da organização do I Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo
40 anos de derrotas contras as drogas
In politicaApós 40 anos, 1 trilhão de dólares gastos, nenhum objetivo foi alcançado!
2 – Em 1970, Richard Nixon inaugurou uma nova fronteira de guerra, que ele pensava que ia ganhar. “A nação enfrenta a maior crise, no que concerne ao crescimento do consumo de drogas, principalmente, entre as pessoas jovens,” disse Nixon, e completou: nosso inimigo público número 1 é o abuso de drogas, para combater e vencer esse novo inimigo é necessário envidar novos esforços, com toda ofensividade possível.
3 – O primeiro orçamento anti-drogas, foi de US$ 100 milhões de dólares. Hoje é de $15,1 bilhões de dólares, 31 vezes maior que o de Nixon, mesmo ajustado pela taxa de inflação.
4 – $20 bilhões, para combate nos seus países de origens. Na Colômbia foram gastos $6 bilhões, mas o cultivo aumentou e o tráfico mudou-se para o México, e com ela a violência.
5 – $33 bilhões foram gastos em Marketing, tipo “simplesmente diga não”, dirigida ao público jovem, e outros programas de prevenção. Os níveis de consumo entre os estudante das escolas superiores se mantem inalterados. Os centros de controles e prevenção dizem que os casos de overdoses tem crescido sistematicamente, desde 1970. No último ano(2009) foram 20.000 casos.
6 – $49 bilhões foram aplicados no reforço do aparato legal ao longo das fronteiras do país. Neste ano, 25 milhões de Americanos irão cheirar, tragar, fumar e injetar drogas ilegais, 10 milhões a mais que em 1970, o grosso sendo importado via México.
7 – $121 bilhões foram gastos com a detenção de usuários não violentos. Estudos mostram que o tempo de permanência em prisões, tem relação com o aumento do abuso com drogas, por parte deste público..
8 – $450 bilhões foram os custos com manutenções dessas pessoas presas; apenas em prisões federais. No ano passado, metade dos prisioneiros do sistema federal eram de sentenciados pelo uso de drogas.
9 – Ao mesmo tempo, o abuso com drogas tem gerados outros custos para a nação.O Departamento de justiça afirma que o sistema judiciário está sendo sufocado por processos oriundos dessa causa, da mesma forma o sistema de saúde. Há, ainda, as perdas de produtividade, e a destruição ambiental, com custos estimados de $215 bilhões de dólares/ano.
10 – Jeffrey Miron, economista da universidade Harvard, declara: ” a única certeza que o contribuinte pode ter com essa política é: mais gastos com mais soldados e mais homicídios.” De fato, a atual política anti-drogas, não está tendo efeito nenhum em sua redução, mas está custando uma fortuna para contribuinte.
Polícia fardada, nesse caso, é quase piada. O caminho é: inteligência, inteligência, inteligência, e isso não se faz na visibilidade de um policial fardado.
Para acompanhar pelo Twitter: http://twitter.com/luisnassif
Modelo de desenvolvimento da Amazônia não beneficia a população
In Brasil, In Desigualdade, In ecologiaIrã: Quem atira a primeira pedra?
In politica, In reflexãoChimamanda Adichie: O perigo da história única
In mídia, In reflexãoquinta-feira, 27 de maio de 2010
Megadeth - Peace Sells
In Musica, In reflexãoPeace Sells
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What do you mean "I don't believe in God"? I talk to him everyday. What do you mean, "I don't support your system"? I go to court when I have to What do you mean, "I can't get to work on time"? I got nothing better to do. And, what do you mean, "I don't pay my bills"? Why do you think I'm broke? Huh? If there's a new way, I'll be the first in line. But it better work this time. What do you mean, "I hurt your feelings"? I didn't know you had any feelings. What do you mean, "I ain't kind"? Just not your kind. What do you mean, "I couldn't be the President Of the United States of America"? Tell me something, it's still "We the people," right? If there's a new way I'll be the first in line But it better work this time Can you put a price on peace? Peace, Peace sells..., Peace, Peace sells..., Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? Peace sells... but who's buying? No, no, peace sells... Nooo peace sells... | O que você quer dizer, "Eu não acredito em Deus"? Eu falo com ele todos os dias. O que você quer dizer, "Eu não apoio o seu sistema"? Eu vou ao tribunal quando eu tenho que ir. O que você quer dizer, "Eu não chego no trabalho pontualmente"? Não tenho nada melhor para fazer. E, o que você quer dizer, "Eu não pago as minhas contas"? Por quê você acha que eu estou quebrado? Huh? Se tem um novo jeito, Eu serei o primeiro da fila. Mas é melhor funcionar dessa vez. O que você quer dizer, "Eu machuco seus sentimentos"? Eu não sabia que você tinha algum sentimento. O que você quer dizer, "Eu não sou bom"? Apenas não sou o seu tipo. O que você quer dizer "Eu não poderia ser o Presidente Dos Estados Unidos da América"? Me diga algo, ainda é "Nós o povo", certo? Se tem um novo jeito, Eu serei o primeiro da fila. Mas é melhor funcionar dessa vez. Você pode colocar um preço na paz? Paz, Paz está a venda..., Paz, Paz está a venda..., Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Paz está a venda... mas quem está comprando? Não, Não, paz está a venda... Não, paz está a venda... |
Pesticidas: um mal necessário?
In Brasil, In ecologiaA agricultura se originou no chamado Crescente Fértil, uma área no atual Oriente Médio em forma de lua crescente, como o nome sugere. Eram os jardins do Éden, com fontes murmurantes, frescos bosques, pássaros mil, como conta a lenda. Lenda? Não, a região era mesmo algo bem parecido com isso, um bom lugar para se viver.
Começamos plantando em pradarias ou várzeas. As safras eram regulares e boas. Também, pudera: eram áreas planas, natural e regularmente fertilizadas por cheias do rio, ou cinzas de vulcão, ou nutrientes oriundos da rocha sob o solo arado.
Deu tão certo que resolvemos ampliar os cultivos, desmatando áreas planas, e depois outras menos planas, inaugurando um ciclo sinistro que transformou o jardim do Éden em deserto, paisagem atualmente predominante na maior parte do tal Crescente Fértil: desmatamento, agricultura, erosão, desertificação.
Tudo bem, no caso do Crescente Fértil, levou 10 mil anos, então até lá a gente inventa alguma coisa para sair dessa. Afinal, estamos nesse continente aqui há menos tempo que isso. Agora somos mais rápidos e eficientes – inclusive para cavar abismos a nossos pés.
A ecologia de segundo grau nos ensina que os ecossistemas evoluem e amadurecem, e que ecossistemas jovens, em ambientes instáveis (afetados por perturbações periódicas como marés, enchentes, fogo), são robustos, pouco diversos, pouco eficientes e também muito instáveis. Num ecossistema assim, uma espécie pode ter num ano uma biomassa altíssima, e, no seguinte, uma mixaria.
Se estivermos falando de samambaias, você não vai perder o sono por isso. Mas se a espécie em questão for a base de sua alimentação, essas flutuações aleatórias podem significar sobreviver ao próximo inverno, ou não.
Forjando a estabilidade
Este é o drama da agricultura. Ela explora essencialmente espécies de plantas adaptadas de ancestrais que viviam em pradarias, que são ecossistemas mantidos em juventude e instabilidade eterna por fatores naturais e cíclicos.
Estas espécies estavam, portanto, pré-adaptadas à exploração, e junto com sua produtividade e robustez veio sua instabilidade. Mas esta última não nos convém, obviamente, e resolvemos querer o melhor dos dois mundos: produtividade com estabilidade.
Para domar a instabilidade intrínseca de espécies tão interessantes como trigo, arroz, milho etc., inventamos primeiro os fertilizantes e, mais tarde, os pesticidas.
Arrá! Agora podemos explorar terras sem vocação para isso, porque pobres e/ou acidentadas, produzindo mais alimento e crescimento, incluindo o da erosão. Mas onde arrumar fertilizantes?
Os primeiros foram naturais: algas marinhas, esterco de animais domésticos. Depois descobrimos o guano, a grossa camada de excrementos de pássaros marinhos, acumulada ao longo de centenas de milhares de anos em áreas litorâneas e ilhas, em particular no Pacífico.
Este recurso então estratégico foi objeto de cobiça e conflitos geopolíticos ao longo do século 19, em que a Inglaterra teve papel predominante. Hoje, as ilhas que foram guaneiras estão peladas. O guano fóssil foi todo extraído e hoje só há guano relativamente fresco, geologicamente falando. Imagine só, aquele nobre cottage inglês que você fotografou nas suas férias na Europa não existiria se não fosse o cocô de pássaro. Mas, felizmente, o dinheiro não tem cheiro!
Assim, os fertilizantes deram um belo upgradeà agricultura. Mas persistiam uns problemas chatos: havia as ervas ‘daninhas’, que eram culpadas de terem coevoluído com nossas queridas espécies alimentares, e, pior ainda, os fungos, vermes, brocas e insetos em geral, que insistiam em infestar nossas preciosas plantações. Mas é obvio!
Coloque-se no lugar de um inseto, cujos antepassados sofreram horrores, mordendo ou sugando uma planta apetitosa aqui, uma outra ali, porque elas não seriam bobas de dar mole ficando todas juntinhas. De repente ele se depara com cinco quilômetros quadrados de uma planta só, justo a sua preferida, plantada em fileiras, e madurinha. O que vai fazer, passada a forte emoção? Ora, o mesmo que nós, crescer e multiplicar-se como nunca.
Contra estes competidores eficientes e ameaçadores, criamos os pesticidas, herbicidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas e outros ‘idas’. É a ‘revolução verde’, triste slogan. Garantem-nos que esses produtos, que seus fabricantes preferem chamar de defensivos agrícolas, são terríveis contra os insetos e companhia, apenas. Há controvérsias.
Nada se perde: nem o pesticida
Aplicados nas lavouras com pulverizadores costais ou por tratores e aviões, os pesticidas se incorporam ao solo, à água superficial e subterrânea, aos alimentos produzidos, ao ar. Lembremos que o ciclo da matéria é fechado, ela só muda de estado e lugar: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
O DDT foi considerado uma droga milagrosa e liberalmente empregado na agricultura e até na higiene pessoal durante muitas décadas. Na minha infância ainda era usado para matar piolhos e polvilhado em colchões para matar pulgas. Hoje seu uso é proibido, exceto para controle de vetores em casos de emergência epidemiológica.
O motivo do banimento foi justamente uma de suas supostas qualidades: a persistência. Pouco e lentamente degradado, se acumula onde é usado e também onde não é. Outro motivo foi a sua intensa biomagnificação: é diluído no ambiente, mas concentrado ao longo da cadeia alimentar. Um dos seus numerosos efeitos na fauna é interferir no metabolismo do cálcio, fragilizando, por exemplo, os ovos das aves que assim se quebram sob o peso das diligentes chocadeiras.
E sem aves, a revolução verde inventou a Primavera silenciosa, título do clássico livro de Rachel Carson, publicado em 1962, que alertava para os perigos dos inseticidas organoclorados para o meio ambiente e a saúde humana. E décadas após sua proibição, ainda temos resíduos de DDT e seus produtos de degradação no nosso organismo, em particular em gorduras e, portanto, no leite materno. Isso em qualquer lugar do planeta, devido à volatilidade destes compostos.
O uso de organoclorados é hoje rigidamente controlado e a indústria desenvolveu novas classes de produtos de menor persistência e toxicidade, mas a Organização Mundial da Saude e a Organização Internacional do Trabalho estimaram em 2005 a ocorrência de 70 mil óbitos provocados por agrotóxicos no mundo, a grande maioria em países em desenvolvimento.
Morte, intoxicação e bulas irreais
As mortes são relacionadas a exposições agudas, mas para cada morte ocorrem milhares de intoxicações. Entre os dois milhões de agricultores norte-americanos, a agência ambiental daquele país estima 10 mil a 20 mil diagnósticos anuais de intoxicações por agrotóxicos. E para cada intoxicação que de fato é diagnosticada, quantas não outras não ocorrerão?
Os National Institutes of Health americano coordenam desde 1994 um vasto estudo epidemiológico que concluiu que os trabalhadores rurais têm taxas superiores às médias nacionais para diversos tipos de câncer, como leucemia, mieloma, câncer de pele, lábio, estômago, próstata, cérebro, e também para problemas neurológicos e reprodutivos. Caramba, isso no país mais rico do mundo, onde os agricultores sabem ler bulas em inglês e podem comprar equipamento de proteção individual.
No Brasil, os produtos adquiridos legalmente (há ainda os que são reembalados e vendidos sem sequer o rótulo, os contrabandeados, os falsificados) são vendidos com bulas em português fartamente ilustradas. Então ficamos assim, se houver intoxicação, é porque o agricultor não seguiu as instruções: a vitima é a culpada.
A Fundação Oswaldo Cruz fez justamente um estudo sobre a forma como os agricultores interpretam as ilustrações que acompanham os agrotóxicos mais comuns e a conclusão é desastrosa: os agricultores não são burros, mas as ilustrações são péssimas. Varias delas inclusive sugerem o contrário do que pretendem expressar.
O nosso Censo Agropecuário mostra que apenas metade dos 1,4 milhão de estabelecimentos que fizeram uso de agrotóxicos em 1996 receberam orientação técnica. A maioria utilizava pulverizadores costais, responsáveis por 84% dos casos registrados de intoxicação. Ao usar este tipo de pulverizador, um quinto admitia não utilizar equipamentos de proteção e um terço, não utilizar roupas protetoras.
Se há formas ‘seguras’ ou ‘adequadas’ de manuseio destes produtos, por que são tão pouco utilizadas? Porque não são viáveis. Se quiser entender por que, tente vestir-se de máscara, luvas, botas, roupa impermeável dos pés à cabeça e carregar uma mochila de 10 quilos morro acima e morro abaixo, sob sol e calor.
Por fatores econômicos, culturais, climáticos e topográficos, o ‘manuseio adequado’ dos pesticidas é simplesmente inviável no mundo real.
Maçã-conceito
A tentadora maçã vermelha sem imperfeições: ‘Escolhemos frutas e legumes com os olhos’, diz nosso colunista (foto: Fernando Revilla – CC NC-SA 2.0).
Podemos produzir alimentos sem tanto veneno? Claro que sim, mas a agricultura industrial nos acostumou mal. Escolhemos frutas e legumes com os olhos, e produzir maçãs enormes, de pele lisa, brilhante e sem manchas de fato exige, entre outras coisas, o uso de pesticidas.
No Japão, são assim, vendidas por unidade, caríssimas. O problema é que elas não têm gosto de nada e sua polpa é farinhenta. Você paga caro não por uma fruta, mas por um conceito, uma imagem. E assim, além de linda e insípida, nossa dieta fica monótona.
A única banana que o mercado mundial conhece é aquela que nós conhecemos como banana d’água, que é a variedade mais fácil de cultivar, transportar, conservar. Tadinhos, não conhecem a banana ouro, a maçã, a prata, a da terra. Mas muitos brasileiros também não, já que algumas variedades só se acham hoje em feiras livres.
Intoxicação, erosão, monotonia. Está mesmo valendo a pena?
Por Jean Remy Davée Guimarães (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/ Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Fonte: Ciência Hoje