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O jovem se interessa por política?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011



O desinteresse da maioria dos jovens pela política já é uma realidade. Segundo o analista Alfredo Caseiro, as causas são o desgaste da imagem dos políticos brasileiros e o próprio sistema político. “Enquanto não houver uma profunda reforma política que reverta essa grave crise de corrupção, o jovem não deve voltar a se interessar”, avalia.

Caseiro observa uma mudança na atitude e na escala de prioridades da nova geração. “O jovem se tornou mais cético, prioriza outras coisas. A carreira profissional é mais importante do que a militância política em algum partido.”

A indiferença dos jovens tem consequências no curto e médio prazos e o fenômeno não é privilégio apenas do Brasil. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, em 23 países, a juventude do Brasil foi considerada a menos politizada.

Foram entrevistadas pessoas na faixa etária entre 18 e 24 anos, sendo que apenas 10% desse público revelou que realmente se preocupa com o panorama político na sociedade em que vive.

Segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é a primeira vez, desde 1998, que cai o número de eleitores entre 16 e 17 anos de uma eleição para outra. Em relação ao último pleito, disputado em 2006, houve um decréscimo de 7% de votantes nessa faixa etária.

Levando-se em conta todas a votações desde 1992, quando os menores de idade puderam começar a votar, esse número é assustador. Na primeira eleição eram 3,2 milhões e, em 2010, o número será 2,2 milhões, uma queda de 31%.

Os números refletem o mau momento vivido pela política brasileira. “A participação tem diminuído, o que mostra que o jovem tem tido menos interesse”, disse Caseiro.
A socióloga formada pela PUC-SP, Deise Amaral é coordenadora do Ensino Médio em um colégio particular da capital paulista e deu seu parecer sobre a postura atual dos jovens.

Quando perguntada sobre a distância entre a população mais jovem e a política, Amaral declarou: “Atualmente não vemos mais o jovem participando politicamente da sociedade. Ele está muito mais informado, isto é, ele recebe muita informação, mas se distancia das questões sociais e políticas. O jovem hoje está mais preocupado com seu lazer, é um agente consumista, mas cada vez mais distante da política.”

A respeito do desinteresse sobre os assuntos parlamentares, a socióloga ponderou: “Acredito que com o acesso fácil e rápido da tecnologia no mundo contemporâneo, o jovem é mais cobrado pela sua participação nas redes sociais do que na vida em sociedade. A acomodação pelas questões políticas, muitas vezes vem de casa onde são educados a não gostar de política, visto que não serve para nada. Essa é a visão de muitas famílias.”

Na opinião da coordenadora, a solução para esse problema existe, e deve começar a ser trabalhada nas instituições de ensino. “Na verdade, a mudança deve ter início na escola. Desde cedo precisamos educar nossas crianças para a consciência social e política, precisamos educá-las a questionar e lutar pelos seus interesses e direitos, e mostrar-las que uma sociedade justa se faz com educação, respeito e participação.”

O eleitor, jovem ou não, deve escolher bem os seus candidatos e depois de eleito ter a responsabilidade de cobrar pelas suas promessas e ações. Só assim o país poderá modificar esse status tão negativo que vem sendo apresentado.

O interesse da juventude na política é de extrema importância para renovar o ambiente, trazer novas ideias e construir diferentes maneiras de pensar sobre o assunto. A nova geração não pode ficar omissa, tem que bacreditar no poder de seu voto como instrumento de transformação da sociedade. Não pode ficar ausente das discussões que envolvem o futuro da nação.


Por Diogo Miloni e Luiz Felipe Fogaça à revista EMFOCO, boletim elaborado pelos alunos de jornalismo da Faculdade Rio Branco.

1 comentários:

Luccas M. disse...

De fato, é desinteressante para nossos atuais representantes políticos que os jovens se interessem por esses assuntos. Todo jovem tem um espírito revolucionário e disposto a realizar mudanças num piscar de olhos, sem a preguiça ou omissão que vemos em muitos adultos que se preocupam mais em ganhar dinheiro do que interagir na sociedade. Atualmente, com a inatividade política dos jovens, os governantes podem esconder a sujeira que beira as câmaras, parlamentos e a própria mídia, sem se preocupar com protestos e passeatas (que dificilmente chegam a mil pessoas e são facilmente repreendidas pela polícia). O início para o despertar ativista dos jovens brasileiros, deveria começar na escola, da forma que Frei Betto disse em A escola de meus sonhos: "A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória."

19 de janeiro de 2011 às 15:32

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