Promessas de grandes melhorias na situação do continente africano com a realização da Copa do Mundo incentivaram e emocionaram o mundo. Série de investimentos em infraestrutura, transporte e energia. Sem desmerecimento de tais feitos, trata-se então de um pequeníssimo passo para um continente que ainda precisa de muitas mudanças para vencer os vestígios alarmantes de um passado histórico de colonização e exploração.
Dez estádios foram reformados ou construídos para a comemoração. Muitos deles tinham função de receber jogos tradicionais da África do Sul, como o rúgbi, e agora receberão mais enormes gastos para a readequação do lugar novamente. Outros foram construídos somente com o intuito de receber jogos de futebol, portanto servirão para eventos culturais, o que não deixa de ser proveitoso, mas causa certo sentimento de desconfiança do cumprimento de tais eventos regularmente.
A Copa mobilizou o mundo como de costume e agora já faz parte do passado. Porém, a pobreza e o medo que assolam o continente ainda fazem parte do cotidiano daquelas pessoas. Não houve mudança nos índices de IDH da África, continuam os piores do mundo. Da mesma forma que a desnutrição, a mortalidade infantil e a baixa expectativa de vida mostram-se presentes em qualquer pesquisa.
A África subsaariana ainda porta dois terços dos soropositivos encontrados no globo, e o racismo, herança do apartheid, esteve presente antes, durante e após a Copa.
Os jogos mundiais de futebol englobam o mundo, e caracterizam a globalização. Esta tende a piorar locais marginalizados como a África, já que dependência externa tornou-se comum na maioria deles. Pouca tecnologia e portanto financiamento de empresas estrangeiras para exploração das riquezas africanas demonstram a pouca autonomia nos próprios rumos econômicos do continente.
A negação das benfeitorias trazidas por sediar um evento como esse pode demonstrar falta de esperança e radicalismo, porém continuo procurando explicação para tantos investimentos que foram feitos somente devido á realização da Copa e que poderiam ter sido motivados anteriormente, afinal não trata-se só de estádios as necessidades de infraestrutura e combate a carência daquele continente.
2 comentários:
Eventos como esse apesar dos pesares não fazem a mínima diferença na infra-estrutura do Estado, no máximo maximizam lucros de certos indivíduos e empresas relacionadas ao ramo, e é claro o turismo. Porém nada disso vem como algo inovador, que vai fazer a diferença pro povo. O discurso bonito só alimentam esperanças de um mundo que certamente não será atingido através do pão e circo.
7 de dezembro de 2010 às 22:46Infelizmente as promessas servem apenas pra embelezar projetos que só beneficiam uma parcela da sociedade.
Realmente, tal investimento no país apenas a fim de receber jogos esportivos merece um questionamento. De fato, um evento como esse gera benefícios internos, como aumento da mão de obra e de visibilidade social em relação ao mundo. Mas, o problema está ao se perceber que tais investimentos ocorrem apenas enquanto durarem os eventos, voltando a abandonar a população e os avanços nacionais após sua realização, na maioria das vezes.
7 de dezembro de 2010 às 22:47Certamente, o desenvolvimento do país do ponto de vista social deve prevalecer sobre o desenvolvimento turístico, mas, ainda mais num país com baixo acesso à informação, não existem muitas alternativas para conscientização em massa a fim de defender seus direitos.
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