Após cinco protestos em cinco semanas, vereadores discutiram aumento na tarifa no sábado (Foto: Juvenal Pereira/Câmara de São Paulo-Divulgação)
O movimento que luta contra o aumento da passagem de ônibus na capital paulista conquistou a garantia de uma reunião com o Executivo municipal para negociar o valor da tarifa. Neste sábado (12), durante audiência pública na Câmara Municipal, manifestantes e vereadores debateram e cobraram do secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco, explicações sobre o valor de R$ 3.
Para Nina Cappello, representante do Movimento do Passe Livre, a audiência conquistada pelas manifestações nas ruas foi um sucesso. "A nossa saída foi ainda mais vitoriosa pois conseguimos estabelecer uma mesa de negociações entre os vereadores, a prefeitura e o movimento para falar sobre a revogação do aumento da passagem", comemorou Nina.
O presidente da Câmara, vereador José Police Neto (PSDB), afirmou que os parlamentares vão continuar a intermediar o diálogo entre os manifestantes e o poder público. "Eu garanto a vocês uma reunião antes do meio-dia da quinta-feira (17) e a presença de alguém do Executivo", prometeu.
A audiência, que durou aproximadamente quatro horas, foi marcada por palavras de ordem de cerca de 50 pessoas que foram autorizadas a entrar no plenário e calorosas discussões entre vereadores e manifestantes, que exigiam respostas mais claras do secretário de Transportes. O vereador Carlos Apolinário (DEM) foi chamado de fascista por dizer que pediria para um policial militar retirar estudantes que falassem novamente palavras de baixo calão.
No final do encontro, com abrupta saída do secretário, que não respondeu se a prefeitura abriria realmente o diálogo, manifestantes se aglomeraram no centro do plenário. Policiais causaram um empurra-empurra, garantindo a retirada de Branco e a finalização do debate.
Branco fez um discurso técnico, discorrendo sobre o custeio do transporte na cidade e enfatizando que o sistema é responsável por pagar o serviço prestado pelas empresas, o valor dos benefícios (como as gratuidades dos idosos e das pessoas com deficiência, e a meia passagem de estudantes) e pelos descontos dados em algumas tarifações, como a integração com trens e o Metrô.
Os vereadores do PT contestaram os valores e as especificações dos documentos que justificam o aumento. "O secretário não conseguiu sustentar, fica cada vez mais clara a fragilidade dessa planilha e da proposta apresentada pelo governo", argumenta o vereador Antônio Donato (PT).
Horas após a audiência, a bancada do PT emitiu nota informando que vai ingressar na Justiça para impugnar os cálculos utilizados pela gestão Gilberto Kassab. O partido chama atenção para gastos que subiram bastante de um ano para o outro, especialmente de combustível e de pneus, com variação muito superior à inflação. Em comunicado, a bancada petista indica que Kassab está realizando um aumento forte do preço neste ano para não ter de realizar reajuste em 2012, em meio à corrida eleitoral.
O movimento de luta contra o aumento, que inclui representantes de movimentos sociais, estudantis, partidos políticos e o Movimento do Passe Livre, marcou a próxima manifestação para quinta-feira (17), diante da Prefeitura, às 17h. Nas últimas cinco semanas, sempre às quintas, os ativistas foram às ruas para pressionar pela revisão do aumento.
Fonte: Rede Brasil Atual
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