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Agroquímicos: Os venenos continuam à nossa mesa

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Precisamos de mais consumidores chatos e nervosos

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Acompanhei um amigo que foi fazer compras no supermercado. Estranhei a escolha da loja, pertencente a uma grande rede, pois havia sido nela, tempos atrás, que o mesmo fora destratado pela gerência ao tentar devolver um produto estragado. Ao indagá-lo que raios ele estava fazendo ali, respondeu com um misto de resignação e estranhamento: “mas é assim em todo o lugar, não faz diferença”.

Sei que dá preguiça brigar com uma grande empresa que insiste em não garantir o tratamento que lhe é de direito ou continue a empurrar produtos sem qualidade social e ambiental. Ainda mais quando constatamos a dificuldade de determinados grupos econômicos de escutar algo que não seja o tilintar das receitas batendo no seu cofre. Surdez seletiva, diga-se de passagem. Pois como diria Dona Rosa, poço de sabedoria do Vale do Jequitinhonha, tem coisa que é como o feijão, só funciona na pressão.

Pressão esta que não precisa ficar restrita a investigações da mídia ou às ações do Ministério Público. Lembro de casos como o de donas de casa que protestaram contra um grande magazine de roupas por conta da revelação de trabalho escravo em sua linha de produção. Isso assusta. E muito. Ainda mais em um país onde acredita-se que o andar de baixo seja gado dócil. Quando ocorre um estouro de boiada, ninguém sabe o que faz.

Sempre vi minha mãe reclamando como consumidora. Talvez tenha sido uma das melhores lições que ela me passou. Enquanto isso, tenho amigos que saem de perto quando vou questionar o gerente de uma loja por mais informação ou exigir a solução de um determinado problema. Dizem que sentem vergonha alheia, que “uma pessoa educada não compra esse tipo de briga”, que “brigar por dinheiro é o fim da picada”. E aí reside o problema: a sociedade gosta de criar bezerros para o abate e não seres autônomos. Criado como boi, boi será – a menos que seja conscientizado do contrário. Da mesma forma que nós homens, de um forma geral, somos educados para sermos machistas, também crescemos para sermos compradores e não cidadãos.

E o ceticismo na relação é a praxe. Uma pesquisa dos instituto Akatu e Ethos sobre consumo aponta que 44% das pessoas não acreditam no que as empresas divulgam em termos de responsabilidade social. Outros 32% dizem que isso depende de que empresa estamos falando.

Além do mais, nossa sociedade é de panos quentes, do deixa disso. Quem sai dessa toada, é taxado de maluco. É só dar uma espiada nos posts que trato dos protestos contra o aumento na tarifa do ônibus em São Paulo para ver a quantidade de comentários de pessoas que defendem com unhas e dentes o reajuste acima da inflação em São Paulo e chamam os manifestantes de baderneiros e vagabundos. Isso seria uma inversão de lógica cidadã se a lógica ou a cidadania fizessem sentido por aqui.

É sensacional o fato da maior parte da população brasileira acreditar em um ser sobrenatural que tudo vê, seja ele ou ela quem for, e não ter fé no potencial transformador de suas próprias ações ou na capacidade da sociedade de se organizar. Sei que as ações para despertar o nível de consciência de todos sobre esse potencial dificilmente são patrocinadas. Ou são ensinadas nas escolas.

Daí a importância de cada chato passar adiante essa chatice e não deixar seu amigo entrar no supermercado que o destratou ou pelo menos garantir que ele vá fazer uma reclamação sobre isso. Levar desaforo para casa não.


Fonte: Blog do Sakamoto

Agroquímicos: Os venenos continuam à nossa mesa, por Henrique Cortez

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

veneno

[EcoDebate] Já discuti este tema antes, mas, diante do continuado crime de nosso envenenamento alimentar, acho necessário retomar a discussão e atualizar as informações e referências.

A agricultura “tradicional” se orgulha de produzir alimentos mais do que suficiente para alimentar o planeta e a indústria química se orgulha de ter desenvolvido os insumos utilizados para isto.

Devemos nos perguntar qual é o real custo social, ambiental e de saúde desta grande produção ‘aditivada’ com agroquímicos. Quem arca com as consequências e quem realmente paga por isto?

Não pretendo discutir o manejo do solo, a sua utilização intensiva e extensiva, a ponto do solo precisar de permanente aplicação de fertilizantes ou de que a produção animal seja um exemplo do horror da exploração desumana.

Prefiro falar do nosso longo e lento envenenamento diário. Prefiro discutir a comida que nos mata.

Há algum tempo assisti a um telejornal no qual um produtor de morangos, do interior de SP, declarou (devidamente protegido pelo anonimato) que não consumia o morango que produzia por causa dos agrotóxicos. Deste dia em diante passei a estar mais atento ao veneno na minha mesa.

Para colocar o tema em discussão, nem será preciso nada mais do que fazer um rápido e pequeno balanço do que já publicamos.

A intensa utilização de agrotóxicos na nossa agricultura foi claramente demonstrada no Censo Agropecuário 2006, confirmando que quase 80% de proprietários rurais usam agrotóxico.

Uma pesquisa da Fiocruz, em Pernambuco, identificou a presença de parasitos em 96,6% das amostras de alface coletadas em supermercados e feiras livres da cidade. E isto nas alfaces cultivadas pelo método tradicional, o orgânico e hidropônico.

No Japão, em setembro/2009, o arroz importado da China contaminado com pesticida e fungo levou ministro da agricultura a renunciar. Neste lamentável caso de ganância irresponsável (mais uma dentre tantas), o arroz foi importando para uso industrial, na produção de colas, mas funcionários da Mikasa Foods desviaram o lote para produção de comida, que contaminada por pesticida e fungo, foi servida em escolas, restaurantes, hospitais, lojas e lanchonetes.

O imenso volume de herbicidas aplicados no Brasil contaminam os solos, os mananciais e até mesmo o aqüífero Guarani. A contaminação dos mananciais e aqüíferos também chegará até nós pela água que bebemos e pelos produtos agrícolas irrigados com a água contaminada.

Um estudo, do U.S. Geological Survey, demonstrou que seis agrotóxicos persistentes foram encontrados nos poços em todo os EUA. Se esta tragédia tóxica acontece mesmo sob rígido controle, imaginem do lado de baixo do equador.

Um outro estudo nos EUA demonstrou a contaminação da água de poços domésticos, o que não deve ser muito diferente por aqui, principalmente nas zonas rurais, intensamente expostas pela aplicação dos agrotóxicos

Até mesmo os produtos orgânicos podem ser contaminados indiretamente, como é o caso dos antibióticos usados em animais e que são absorvidos pelas hortaliças cultivadas em solo adubado com resíduos animais. A agricultura orgânica é intensa utilizadora da adubação orgânica.

O abusivo uso de antibióticos levou a Coréia do Sul a rejeitar frango contaminado com antibióticos procedente do Brasil. Se isto acontece com o frango de exportação, o que acontecerá com o frango consumido por aqui mesmo?

O tema da contaminação por antibióticos foi muito bem discutido no artigo “Antibióticos, o mal que entra pela boca do homem”, de Ana Echevenguá.

Nem mesmo o mel está protegido de contaminação, como demonstrou a revista alemã Öko-TEST, de 02/01/2009, que, a partir de testes em laboratório, identificou umageneralizada contaminação do mel por transgênicos e agrotóxicos.

A contaminação das abelhas é um desastre global que ameaça a produção de alimentos. A segurança alimentar está ameaçada e a crise alimentar pode adquirir contornos ainda mais trágicos, se a maciça morte de colônias inteiras de abelhas continuar no ritmo atual. Sem este pequeno inseto polinizador os efeitos na produção agrícola podem ser devastadores.

Poucas pessoas sabem que as abelhas prestam serviços ambientais muito mais relevantes do que a mera produção de mel. As mais de 20 mil especies de abelhas polinizam a floração de, pelo menos, 90 culturas, tais como maçãs, nozes, abacates, soja, aspargos, brócolos, aipo, abóbora e pepino, laranjas, limões, pêssegos, kiwi, cerejas, morangos, melões, milho, etc.

Como já havia ocorrido com o tomate, a batata, o figo e o morango, também a uva recebe grandes doses de agrotóxicos. Uma pesquisa da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sobre o efeito de agrotóxicos em vinicultores do Rio Grande do Sul revelou altos índices de intoxicação.

Falando em uva, uma pesquisa comprovou que a exposição de ratas grávidas aofungicida vinclozolin provocou inflamação na próstata dos filhos quando adultos. Este é um fungicida muito utilizado em uvas.

Poucas pessoas percebem que estamos expostos a um coquetel de diversos agrotóxicos, que não são testados, em termos de segurança, para exposição associada.

O tema do envenenamento cotidiano foi debatido com clareza e precisão nos artigos “agrotóxicos: O holocausto está aqui, mas não o vêem”, de Graciela Cristina Gómez e “Agrotóxicos: poluição invisível”, de Márcia Pimenta.

Uma pesquisa norte-americana demonstrou que pesticidas comuns na agricultura comercial, que podem ‘atacar’ o sistema nervoso central dos salmões, tornam-se ainda mais mortais quando combinados com outros pesticidas.

Cientistas do NOAA Fisheries Service e da Washington State University esperavam entrar efeitos perigosos nos pesticidas acumulados na água, mas ficaram surpresos com a sinergia mortal de algumas combinações de pesticidas, mesmo quando combinados em níveis considerados baixos.

Resultado comparável foi obtido com a exposição de anfíbios e pesquisadores determinaram que mesmo baixas concentrações de pesticidas podem ser tóxicas quando vários produtos são misturados.

Se isto acontece com peixes e anfíbios, por que não com outros animais? Incluídos os humanos que são envenenados e com os desumanos que nos envenenam.

Também nos EUA, duas novas pesquisas, publicadas na edição online da revista Journal of Chromatography B, indicam que o leite nos EUA e Europa pode estar contaminado com estrogênios e com fármacos de uso veterinário.

A lista de acusações contra os agrotóxico é imensa. Sabemos, graças a pesquisas cientificas, que o pesticida Dieldrin é associado ao câncer de mama e que pesticidas podem afetar a fertilidade feminina. Os pesticidas, também, são relacionados a tumores cerebrais em mulheres.

Pesquisa da Fiocruz identificou que a exposição a agrotóxicos causa declínio no nascimento de homens em cidades do Paraná.

A intensa utilização de agrotóxicos no Brasil é ainda mais irresponsável do que nos EUA e na Europa. Um primeiro lugar porque, no Brasil, importamos agrotóxicos proibidos nos próprios países onde são produzidos.

E em segundo, porque um levantamento do Ministério da Agricultura detectou queagricultores estão utilizando agrotóxicos irregulares em pelo menos 61 hortaliças e frutas produzidas no Brasil. Os agrotóxicos registrados para o tomate, por exemplo, estão sendo utilizados para combater ervas daninhas e pragas da berinjela. A maior parte destes alimentos faz parte da dieta alimentar diária dos brasileiros.

Como se não bastasse a importação e utilização legal agrotóxicos proibidos nos próprios países onde são produzidos, ainda são utilizados agrotóxicos ilegais, contrabandeados e sem qualquer controle de toxidade, como noticiamos na matéria “O veneno à nossa mesa: Polícia Federal realiza operação de repressão ao contrabando de agrotóxicos ilegais”.

Para aumentar o caos venenoso, ainda há quem adultere a formulação de agrotóxicos autorizados, como ocorreu quando a fiscalização da Anvisa apreende 1 milhão de litros de agrotóxicos adulterados na Bayer.

Mas este foi apenas mais um caso, porque, em agosto/2009, a Anvisa já havia apreendido 950 mil litros de agrotóxicos adulterados e interditado a linha de produção de cinco agrotóxicos da empresa Iharabras S.A Indústria Química, integrante de um conglomerado japonês.

Antes disso operação simultânea da Anvisa e Polícia Federal apreendeu 2,5 milhões de litros de agrotóxico adulterado e interditou a linha de produção de cinco agrotóxicos da empresa Milenia Agrociencias S/A, filial do grupo israelense Makhteshim Agan.

Observem, nestes três casos mais recentes, que não estamos falando de laboratórios clandestinos ou ‘empresas de garagem’, mas de grandes multinacionais. Por aí imaginem o que se produz e adultera em estabelecimentos clandestinos.

A Anvisa, em abril/2008, divulgou o resultado do monitoramento de agrotóxicos em alimentos. O tomate, o morango e a alface foram os alimentos que apresentaram os maiores números de amostras irregulares referentes aos resíduos de agrotóxicos, durante o ano de 2007. Os dois problemas detectados na análise das amostras foram teores de resíduos acima do permitido e o uso de agrotóxicos não autorizados para estas culturas. Já a batata e a maçã tiveram redução no número de amostras com resíduos de agrotóxicos.

Fazendo um balanço deste criminoso e continuado envenenamento cotidiano uma excelente reportagem de Nilza Bellini, na Revista Problemas Brasileiros, nº 394, denunciou que o Brasil é campeão mundial de envenenamento e que os pesticidas intoxicam trabalhadores rurais e contaminam alimentos.

Bem, a lista de ‘desastres’ seria infinita e esta, creio, já é suficiente para uma rápida reflexão.

Aqui voltou à minha questão inicial: qual é o real custo social, ambiental e de saúde desta grande produção ‘aditivada’ com agroquímicos? Quem arca com as consequências e quem realmente paga por isto?

Pagamos, com nossa saúde e nossas vidas, mais este ‘subsidio’ aos que dizem alimentar o mundo.

Sinceramente, não me sinto grato pelo ‘imenso favor’ de nos alimentarem. Alimentam, é fato, mas colocam o veneno à nossa mesa.


Fonte: EcoDebate

Alimentação natural, consistente e saudável

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011


Quando se fala em cannabis sativa no setor alimentício, estamos falando da sua semente. Na semente da cannabis não há THC. Entretanto, o que se encontra são substâncias extremamente saudáveis e até necessárias a nós humanos. A semente da cannabis é rica em proteínas e óleo, e neste último encontramos uma boa quantidade de ácidos graxos.

Ácidos graxos são considerados ácidos bons para o organismo, nutricionalmente essenciais, que não são produzidos naturalmente pelo corpo. Eles ajudam no metabolismo e estão associadados a redução do risco de doenças cardiovasculares e câncer.

Apesar de a semente da cannabis não ter tantas proteínas quanto a soja, ela possui uma gama de aminoácidos diferenciada que ajuda na digestão. O óleo da semente é também muito interessante, contendo aproximadamente 56% de Omega 6 (ácido linoléico), 20% de Omega 3 (ácido alfa linoléico) e 3% de ácido gamma-linoléico (AGL). O cânhamo é uma de duas plantas conhecidas por conter estes 3 nutrientes que são vitais às nossas vidas.

Quando comparado com a linhaça, que é comumente utilizada em cereais e ração humana, a semente de cânhamo apresenta vantagens, pois apesar de ambas conterem Omega 6 e Omega 3, a relação entre os dois que deve ser em media 4:1 (Omega 6:Omega 3), na linhaça encontramos 1:3 e na cannabis 3:1 além de possuir o ácido gamma-linoléico, sendo assim ela é uma semente perfeitamente balanceada.

Se você já ouviu falar em leite de soja, você não irá se impressionar que já existe leite de semente de cânhamo. A comercialização do leite de cânhamo é feita desde 2007 nos Estados Unidos, que importam sementes do Canadá, pela empresa Living Harvest, que também diz não estar satisfeita com a situação da proibição do cultivo da cannabis. Outra empresa norte-americana comercializa o que eles chamam de "hempzel" que nada mais é que um pretzel de cânhamo. No final de 2000 eles assinaram o termo que comprova que os seus produtos contem 0% de THC, confira a história da empresa.

As novidades com certeza não param por ai, após o leite de cânhamo, encontramos o achocolatado de cânhamo, barra de cereal, granola e muito mais por vir. Mais uma vez, não podemos cansar de falar, o Brasil está ficando para trás, e com certeza importará muitos produtos feitos a base de cânhamo antes mesmo de ter a chance de produzi-los em território nacional.

Para acessar a lista de matérias sobre as utilizações do cânhamo industrial acesse Opte pelo desenvolvimento sustentável, opte pelo cânhamo na indústria brasileira!.




Repressão ao 6º Ato contra o aumento da tarifa

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Como a maioria sabe o último ato contra o aumento da tarifa do onibus foi duramente reprimido pela PM. Todos foram agredidos, manifestantes, jornalistas e até mesmo vereadores, o que comprova a falta de senso crítico da polícia, em especial da tropa de choque, homens armados sem nenhum critério batendo em tudo e em todos que cruzam seu caminho. Abaixo segue a matéria feita pelo Nauweb que esclarece os últimos acontecimentos na luta contra esse aumento abusivo.


Aproveito para convocar todos ao próximo ato, que acontecerá na próxima quinta-feira às 5:00 em frente ao Teatro Municipal (Próximo a estação Anhangabaú). Se deixarmos de participar agora devido a brutalidade policial, se abaixarmos a cabeça perante a covardia, estaremos fortalecendo o caracter ditatorial da polícia do estado. Não podemos deixar que um ato tão covarde nos assuste, ou estaremos apenas dando uma enorme brecha para que a repressão seja a resposta mais cômoda que o governante terá em sua manga!

Abaixo a repressão!

Roupas de fibra de cânhamo pelo meio-ambiente e pela nossa saúde

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma das utilidades da fibra do cânhamo é no setor têxtil. Com a fibra natural mais longa e mais durável existente, o cânhamo é uma ótima alternativa na produção de roupas pois não degrada com o tempo, podendo ser lavada e mantendo-se nova. Afirma-se que quanto mais usada, mais confortável a roupa feita de cânhamo industrial fica.

O tecido do cânhamo absorve o calor, comprovando o seu conforto e bem-estar tanto em roupas para vestimenta quanto em roupas de cama. Roupas feitas de algodão duram anos menos que roupas feitas de cânhamo devido aos fatores citados acima, como a durabilidade da fibra. A roupa de cânhamo se adapta ao ambiente, por exemplo, quando está mais frio, o ar que fica preso nas suas fibras é esquentado pelo calor do corpo, mantendo a roupa quente.

Empresas no exterior já fazem uso da fibra do cânhamo, e esta tendência já está sendo seguida por diversos países, os Estados Unidos, percursores da repressão desde o início, hoje esbanjam do direito de produzir roupas e outros produtos derivados do cânhamo e antes que qualquer empresa brasileira tenha a chance de se adaptar a nova tendência, produtos já estão sendo importados para o Brasil, como o lançamento do Adidas Hemp e a linha de calçados da Osklen.

Mais uma vez o Brasil está ficando para trás, com a China sendo a maior exportadora de produtos derivados do cânhamo, entre diversos outros países. A pressão vem de todos os lados, e o Brasil próspero e progressista fica para trás. No exterior, a fibra de cânhamo já ficou conhecida como a "super-fibra" e já é usada por diversas empresas de peso como: Calvin Klein, Ralph Lauren, Giorgio Armani e The Body Shop.

O meio-ambiente agradeceria se a produção do cânhamo fosse legal no Brasil, visto que a cannabis sativa – planta de onde a fibra do cânhamo é retirada - é uma planta muito versátil, requer praticamente 0% de agrotóxicos, enquanto que mais de 25% dos pesticidas usados no mundo são usados na produção do cóton. A produção de cânhamo é tão rápida que em 4 meses a planta atinge de 1,80m a 3,60m produzindo uma media de 3 a 6 toneladas de fibra seca por hectare.

Muitos pesticidas usados na produção de cóton são considerados cancerígenos aos humanos. Em torno de 150g de pesticidas são necessários para produzir uma camiseta de cóton. Na busca de fatos, mencionamos os 250 mil peixes que morreram depois de uma enxente nos Estados Unidos em 1995, devido ao excessivo uso de pesticidas que deixaram vestígios no solo, e ainda assim nada é feito para melhorar.

Para acessar a lista de matérias sobre as utilizações do cânhamo industrial acesse Opte pelo desenvolvimento sustentável, opte pelo cânhamo na indústria brasileira!.


Fonte: Cabeça Ativa

Medo de Mudança

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


Até que ponto chega o medo de mudança? O medo que o desconhecido afete nossas vidas ou nossa percepção da realidade? Até que ponto lutar contra essas mudanças é positivo?

A própria história demonstra o quão reacionário os homens podem ser, e como nos agarramos a uma única ideia e fazemos de tudo para torna-la realidade. Como se ao inves de fazermos uma interpretação do mundo que nos cerca, imaginássemos um mundo aleatório e tentássemos adequa-lo ao que é, de fato, real. Diferente do que você possa pensar, não venho fazer uma critica aos sonhadores, mas sim àqueles que adotam uma verdade universal e não tem nem ao menos a sabedoria de confronta-la com os contrapontos que lhe aparecem no caminho.

Seria sábio simplesmente revogar uma outra explicação, ignora-la sem nem ao menos tentar compreende-la? Acredito que não. Porém, ainda hoje, no ano de 2011, as pessoas são tão ultrapassadas quanto eram há um século atrás. Tão ultrapassadas quanto a igreja que não aceitava a teoria heliocêntrica, tão ultrapassadas quanto as pessoas que acreditavam que os negros possuíam capacidade intelectual inferior e deveriam portanto permanecer escravos, e assim por diante. Exemplos concretos disso são, em muitos casos, nossos avós ou até mesmo nossos pais. Às vezes quando tentamos mostrar a eles uma diferente forma de enxergar o mundo, eles simplesmente a negam, sem nem ao menos nos dizer o porquê, da mesma forma que uma criança desinformada nega um prato de comida delicioso simplesmente por não gostar do que vê. Mas não quero me focar nessa relação. Venho aqui para enviar uma mensagem àqueles que se proclamam modernos, e pior, aqueles que se consideram o estágio final da evolução social. Nós somos tão retrógrados quanto nossos pais, e a cada dia isso vai ficar mais evidente. E assim como seus antepassados, ao invés de abrir sua mente para novas possibilidades (claro, isso é uma generalização) você simplesmente coloca culpa na ingenuidade e ignorância dos demais, sem perceber que o único ignorante é você.

Ser deixado pra trás pode ser muitas vezes inevitável, e o mínimo que podemos fazer é abrir nossa mente pra alternativas, pra um novo mundo de possibilidades, sem nos prender a conceitos e preconceitos que se formam como castelos de areia, que um dia serão destruídos pela ação do tempo. A verdade não é um conceito pronto, mas em constante mutação. É por isso que não devemos simplesmente nos prender a algo, e entrarmos na zona de conforto de suas explicações. Devemos sempre aprender e renovar nossos conceitos, e jamais termos convicção de algo, pois como diria Nietzsche, "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras", e são essas convicções que vão lhe fazer temer as mudanças de paradigma, por conta delas você será apenas mais um homem que teme as diferentes verdades do mundo.

Acredito que a mensagem do texto já está clara, se um dia lhe confrontarem com algo que não lhe parece verdade, ou que não lhe agrada, tenha pelo menos o mínimo de consciência de se informar sobre o que o outro lhe diz, não seja apenas mais um que nem ao menos tem argumentos para sustentar o que pensa, ao contrário, saiba argumentar e os contra-argumentar tudo que lhe diz respeito, para que quando questionado sua resposta não seja apenas "Não acredito nisso... porque não".

O espírito jovem sedento por Revolução

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Em nosso círculo social geralmente encontramos pessoas com o mesmo pensamento, com as mesmas conversas e com os mesmos objetivos pessoais. O pensamento mostra-se na maioria dos casos alienado e conservador; as conversas baseiam-se em status, luxo e poder; e os objetivos pessoais fatidicamente se voltam para dinheiro, reconhecimento profissional e lucro.


Numa conversa, mesmo que breve, assuntos que envolvam capital sempre vêm a tona. Parece às vezes que as pessoas se sentem pressionadas a falar sobre tais coisas, sob pena de exclusão se não estiverem interados desses assuntos. E isso não tem idade, desde os jovens, até os mais velhos incutem o valor de “ser alguém na vida” (leia-se ser rico). Enquanto a nova geração narra suas pretensões, sua ânsia por ter um carro novo com um motor potente, por ter roupas de marca, dinheiro e fama; os adultos/idosos contam sobre o que conquistaram, quanto dinheiro conseguiram e como viveram confortavelmente em sua fartura, em sua riqueza, no pleno conforto da presença em materiais mas ausência em ideais.


Invariavelmente a ideologia capitalista passa de forma notória, mas imperceptível de pai para filho. A propaganda, com sua contribuição generosa dá o empurrão final para tornar qualquer cidadão um consumidor em potencial, servo das tendências de mercado. São poucas as pessoas conscientes, que não sobrepõem produtos a pessoas, que não se tornam fantoches da mídia, que pensam e sabem da importância de não ser apenas mais uma peça do sistema.


A futilidade humana chega a ser por vezes impressionante, cada um se preocupa com seu próprio potencial em fazer dinheiro. Os ideais em comum, interesses do “homem médio” muitas vezes são esquecidos por ele próprio, que está preocupado demais com sua rotina, cansado demais de seu árduo dia de trabalho para questionar erros na sociedade e falhas na política.


O exemplo perfeito para essa situação foi o 5º ato contra o aumento das tarifas de ônibus em SP, do dia 10/02. O número de manifestantes não passou de 5 mil, um fato curioso, já que um número absurdamente maior de pessoas faz uso dos transportes metropolitanos todos os dias. Aonde estão esses trabalhadores na hora de questionar seus direitos? Onde estão os milhões de votantes, que elegeram o prefeito Gilberto Kassab e agora sofrem com o preço absurdo colocado nos transportes? Em que lugar se escondem os famosos “reclamões de sofá”, que assistem Jornal Nacional e resmungam da política diariamente no conforto de seus lares?


O ativismo hoje é tema de deboche, foi o que pude perceber ao participar dos atos e me sentir mais perto do povo. As pessoas passam nas ruas, nas lojas, em seus carros, e até mesmo nos próprios ônibus lotados e riem um sorriso insosso, amarelo, que sente “vergonha” daquele movimento e crê que aquela passeata é algo passageiro, coisa de jovem “bagunceiro” que não tem mais o que fazer. Irônico pensar que jovens ativistas são vistos dessa maneira, que as poucas pessoas conscientes, que lutam por seus direitos são marginalizados pela mesma sociedade que eles estão lutando para conscientizar e mudar.


Estamos dentro de um contexto ambicioso, que arquiteta planos para tornar a sociedade cada vez mais piramidal e desnivelada. Essa estrutura de organização social pode ser facilmente comparada com nossa estrutura de organização intelectual, onde, um grupo cada vez mais seleto se põe a disposição do todo, da massa, da revolução. A grande maioria, focada em seu egocentrismo hipócrita se esconde a trás da máscara de mentiras que o dinheiro proporciona. A verdadeira liberdade de pensamento, o verdadeiro ativismo está além do que a televisão te mostra, está na mobilização consciente, semelhante ao que pude ver nos Atos que tive o prazer de ir. Se sentir mais um no meio de tantos seres que partilham de seus ideais e de sua descrença em nossa atual situação é no mínimo emocionante.


“Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética” foi o que disse certa vez El Fuser, um de meus maiores heróis. E mesmo ainda sendo exceção, no meio de uma juventude cada vez mais transviada e despreocupada com o mundo que a cerca, sinto-me feliz, livre dos grilhões do pensamento padronizado e disposto a alimentar cada vez mais meu espírito sedento por revolução. O seu dinheiro pode comprar tudo, menos minha vontade de fazer justiça

A insustentável leveza das ditaduras


Após quase três semanas de luta, dezenas de milhões de egípcios conseguiram fazer renunciar um dos ditadores “do bem” da direita mundial, Hosni Mubarak, encastelado no poder havia trinta anos. Um déspota contra quem nunca se ouviu ou leu um milésimo do que a imprensa internacional não pára um só dia de dizer contra Cuba ou contra o Irã.

De repente, de algumas semanas para cá, no entanto, a ditadura egípcia entrou no noticiário e não saiu mais. Não era mais possível esconder que um dos tentáculos dos Estados Unidos no Oriente Médio estava se putrefazendo em alta velocidade.

Mas a questão que me acorre à mente diante de um desfecho da crise institucional no Egito que muitos – este blogueiro incluído – duvidaram de que pudesse ocorrer é sobre a natureza das ditaduras, sobre como vão levando as sociedades sobre as quais se abatem a um ponto de esgotamento como esse a que chegou o país do Oriente Médio.

Ditaduras são insustentáveis. Podem durar décadas valendo-se da força, mas não conseguem se manter indefinidamente. Vejam o caso da ditadura egípcia. Nem o apoio americano ou da grande mídia internacional foi suficiente para impedir que o povo colocasse um ponto final naquilo. E não foi por falta de tentativas.

Mubarak, a mídia e os EUA tentaram enrolar o mundo com aquela tal de transição “lenta, gradual e segura” que já foi imposta ao Brasil, mas no Egito não rolou. Na manhã de hoje, já se falava em uma mobilização de VINTE MILHÕES de pessoas. Além disso, o país estava paralisado. Nada funcionava. Imaginem tudo parar por quase três semanas.

Nesse momento, lembro-me de Cuba. Jamais houve nada parecido por lá. Não se tem nem notícia de repressão de manifestações contra o governo. Figuras isoladas promovem greves de fome que são recebidas com frieza pela população, apesar de a mídia lhes dar extrema visibilidade, como se tais ações tivessem alguma representatividade.

O regime cubano não cai e não é contestado pelo povo. Por que? Os cubanos não saem às ruas porque são covardes? A repressão em Cuba seria maior do que em qualquer outra nação supostamente submetida a ditadura? Não creio. O que me parece é que não há, naquele país, um sentimento de que vive sob regime ditatorial.

Acima de tudo, portanto, o que se deve extrair do que aconteceu no Egito é um modus operandi de luta pela liberdade que promete infernizar ditaduras nos quatro cantos da Terra. O povo mostrou que tem o poder. Que é só sair as ruas e se recusar a permitir que o país funcione sob o jugo de ditadores.

Ditaduras não têm base popular e, assim, não têm o peso de governos legitimamente constituídos, ungidos pelo desejo das maiorias democráticas. Essa “leveza” das ditaduras, portanto, é o que as torna insustentáveis, como o Egito acaba de mostrar ao mundo, para desespero de todos aqueles aos quais as ditaduras beneficiam.


retirado do Blog Cidadania (recomendo MUITO a visita a esse blog, textos excelentes)

 

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