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Eleições 2010: o poder do voto

terça-feira, 28 de setembro de 2010



Aproxima-se uma decisão, é véspera de eleição. Mais do que uma obrigação, estamos diante do mais importante gesto patriótico, o de escolher nossos representantes, e traçar em linhas gerais o que queremos para o nosso futuro.


Derivada de uma democracia representativa a eleição baseia-se no conceito de designar, escolher, nomear um representante que defenda os interesses do povo através de um poder superior, seja ele o legislativo, executivo ou judiciário. O conceito democracia leva-nos a pensar num governo onde a plenitude das decisões está com o povo. Os cidadãos livres e cientes de seus direitos escolhem através de seu voto governos que respeitem e protejam cada uma das pessoas que compõe um grupo. A palavra-chave para democracia é justiça, justiça essa que se aplique não só de forma política, mas também de forma social defendendo os valores da vida e livrando-nos de obstáculos que transpassam nosso caminho rumo à igualdade.


Contudo, essa utopia não sai do plano imaginário, e, especialmente ao se tratar de Brasil, esse sonho se distancia bruscamente da nossa realidade atual. No país do futebol e do carnaval a ignorância política, a falta de comprometimento com a moral, a impunidade, a gritante desigualdade social e o abandono do bom senso nos tornam fracos, desunidos, simples coadjuvantes de um cenário político que deveria ser nosso.


Como bem disse Brecht outrora o pior tipo de analfabeto é o analfabeto político, e hoje sabemos que por falta de acesso ao conhecimento ou de vontade de obtê-lo somos um país onde reina esse tipo de analfabetismo. E, diante desse cenário favorável a corrupção e alienação por falta de comprometimento do povo para com seu dever cívico surgem tantas personalidades, “espécies raras” nos períodos de eleição.


Essas “figuras públicas”, se é que assim podemos dizer, às vezes não tem o mínimo grau de conhecimento necessário para representar o povo, ou, pior ainda, não tem o mínimo interesse em exercer de fato sua função, apenas se aproveitam de uma oportunidade de ganhar boa quantia salarial sem fazer absolutamente nada. Perante essa ameaça ao bem público, esse desaforo à representatividade dos cidadãos cabe a nós, e somente a nós impedir que tais pessoas possam ser eleitas.


O voto representa a chave de mudança, de escolha, de poder. O simples ato de escolher precisamente nossos candidatos e cobra-los futuramente se eleitos pode mudar, e melhorar gradativamente nossa situação, e quem sabe um dia, nos elevar ao patamar de nação, um grupo unificado, igual e justo, que defende seus direitos, cumpre seus deveres e busca tornar a utopia da democracia em realidade.

Das Experiment

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


A Experiência (2001)

Uma equipe de cientistas arregimenta 20 presos para uma experiência psicológica em troca de um prêmio em dinheiro. Os prisioneiros são divididos em dois grupos: oito deles fazem o papel de guardas e os outros 12, de internos. As cobaias são isoladas numa área da penitenciária onde certas regras devem ser obedecidas e mantidas pelos guardas. No início, a camaradagem reina no ambiente. Mas a violência não tarda a explodir quando um ex-repórter disfarçado de preso lidera um motim. Os guardas reagem com brutalidade crescente. O conflito se agrava com a morte de um dos presos e a captura dos cientistas que criaram o projeto.

Download do filme legendado


Download Torrent sem legenda:



Fonte: Psicoo


- FILME É BASEADO NA "EXPERIÊNCIA DA PRISÃO DE STANFORD

A Experiência da Prisão de Stanford


Em 1971 um grupo de psicólogos sociais, liderados por Philip Zimbardo levou a cabo uma experiência que ficou conhecida como a Experiência da Prisão de Stanford.

Consistiu na simulação de uma prisão em que os papéis de guardas prisionais e de prisioneiros foram atribuídos a estudantes voluntários, com características psicológicas semelhantes e que visava estudar os efeitos psicológicos da vida numa prisão.

Previa-se uma duração de quinze dias e, segundo as regras, quem quisesse poderia abandonar a experiência a todo o momento.

Apesar das regras bem definidas e de todos os participantes saberem que se tratava de uma simulação da realidade e de um estudo científico, a verdade é que a experiência foi interrompida ao fim do sexto dia, porque os participantes começaram a viver com total entrega e intensidade os seus papéis, confundindo a representação com a realidade vivida e identificando-se com os personagens que encarnavam.

Alguns "guardas" tornaram-se especialmente violentos, abusaram da autoridade que lhes havia sido concedida e humilharam os seus "prisioneiros", deixando mesmo de cumprir as regras da "prisão".

Por seu lado, os "prisioneiros" foram-se tornando submissos, obedecendo gradualmente às ordens mais absurdas .

Diz Philip Zambardo que depois de observar a sua prisão durante apenas seis dias compreenderam o modo como as prisões desumanizam as pessoas, reduzindo-as em objetos e inculcando-lhes sentimentos de desespero.

E, quanto aos guardas, deram-se conta de como pessoas vulgares podem transformar-se facilmente de "bons" em "malvados".
Já os antigos o sabiam. Nós é que nos esquecemos depressa.

"Dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona".


Fonte: Psicoo




SIGA-ME, por Maurício Cid

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O quanto você pode ajudar o mundo? Em um universo tão grande será que você faz a diferença? Com tantas corporações gigantescas gastando milhões em projetos e maneiras diferentes e inovadoras de lucrar cada vez mais e mais e você, sozinho, com apenas a boa vontade a favor, será que dá mesmo para mudar o mundo?

Sim! A resposta é pequena e direta, tal como uma ação diária sua pode ser para o mundo.

Convidado para ser insider do SWU tive aquela chacoalhada que rondou todos nós na época de economia de luz, lembram? Um projeto interessante de sustentabilidade que se prende às pequenas atitudes, aquelas que juntos realmente fazem a força.

O “SIGA-ME” não é à toa, algo para ler e seguir assim como eu estou fazendo no meu dia a dia. A grande diferença da época do apagão é que acabou sendo algo imposto e radical por necessidade imediata. Só que a necessidade continua sendo imediata, mas não fica tão exposta em nossa cara todos os dias, os pequenos hábitos de apagar a luz ao sair de um ambiente ou de um banho mais rápido podem ser um gesto gentil, para o mundo e para você mesmo, que vive nele.

Se isso não é bastante para se comover ou prestar atenção no assunto, que tal pensar nos seus benefícios a curto prazo? Economia na conta de luz no final do mês é um empurrão e tanto para você começar a fazer um bem maior, né? São pequenos hábitos como esses que realmente fazem a diferença em médio e longo prazo para todos!

Mauricio Cid é blogueiro (http://www.naosalvo.com.br ). Para segui-lo no Twitter: @naosalvo

Ilustração: Fabio Coala, do blog Mentirinhas.com.br

fonte: SWU

ONU: Economia verde gera emprego e reduz pobreza

terça-feira, 14 de setembro de 2010


O principal desafio do mundo hoje é conciliar desenvolvimento com preservação. Para tanto, a chamada Economia Verde, ou de baixo carbono, é considerada por muitos como o único caminho possível de crescer e elevar a qualidade de vida de populações menos privilegiadas, sem exaurir os recursos naturais do planeta.

Pavan Sukhdev, assessor especial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA), é um dos que compartilham dessa visão. Nesta segunda-feira (13), ele participou do evento "Economia Verde: da Intenção à Ação", promovido pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que pretendeu ser uma prévia da1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde.

A demanda por serviços ambientais praticamente dobrou nos últimos 40 anos e já excede a capacidade de regeneração da Terra. A humanidade, diz Pavan, está consumindo 30% a mais do que o planeta consegue fornecer anualmente. "Isso não é desenvolvimento sustentável", afirmou.

Além de se colocar como um contraponto às mudanças climáticas e ao aquecimento global, a economia verde é, segundo ele, o principal caminho para garantir o desenvolvimento sustentável, reduzir a pobreza no mundo e gerar empregos. Ele citou como exemplo o seu país de origem, a Índia, que investiu pesadamente nos último anos na criação de 'green jobs' com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.

"Para nós, a economia verde não é uma alternativa para a erradicação da pobreza, mas a única solução possível. Diferentemente da economia marrom [tradicional], intensamente focada no capital, a nova economia foca-se no desenvolvimento sustentável, com geração de empregos que melhorem a qualidade de vida do trabalhador", disse. "Não se trata apenas de ganhar dinheiro, mas de ter um trabalho decente".

Segundo o assessor do PNUMA, cada vez mais aumentam os investimentos públicos nos setores verdes e na geração de empregos. "O setor de energias renováveis, por exemplo, já emprega 2 milhões e 332 mil pessoas em todo o mundo, contra os 2 milhões de postos ocupados no setor de petróleo e gás", disse.

Saindo da esfera de produção energética, Pavan Suchdev destacou a importância de adaptação da agricultura aos mecanismo de produção sustentável, principalmente em países com alto nível de dependência da atividade no campo. Em Uganda, onde 80% da população tem na agricultura sua principal fonte de renda, o PNUMA tem trabalhado junto com o governo local para a adoção de técnicas de cultivo orgânico, que reduzem entre 48% e 68% as emissões de CO2.

Apesar das perspectivas positivas, ainda são muitos os obstáculos no caminho que leva à economia verde. "Faltam subsídios, leis, impostos e envolvimento do setor financeiro e do mercado", disse Pavan. "Para tornar bem sucedida essa nova economia, são necessários regulamentos por parte Estado e, principalmente, o comprometimento e a cobrança da sociedade civil", concluiu.

Leia mais: SP vai sediar 1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde


Fonte: Portal Exame

Drogas e eleições 2010 – a política de drogas no Brasil nos próximos 4 anos

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Candidatos a deputado falam sobre drogas em evento promovido pelo Coletivo Desentorpecendo A Razão (DAR) em parceria com o IBCCrim(Instituto Brasileiro de Ciências Criminais) e a Matilha Cultural. Mediada porCristiano Maronna (IBCCrim), a mesa conta com as presenças de Paulo Texeira, candidato a deputado federal pelo PT, Ale Youssef, candidato a deputado federal pelo PV e Eduardo Amaral, candidato a deputado estadual pelo PSOL. O candidato Ricardo Montoro, do PSDB, ainda não confirmou presença.

Seja por um viés ainda mais repressivo, seja pela proposição de mudanças ao atual cenário, o tema das drogas é dos mais abordados na atual campanha eleitoral. O Coletivo Desentorpecendo A Razão (DAR) quer aproveitar o pleito de outubro para debatermos não só como a questão das drogas vem sendo abordada nas eleições, mas também de que maneira este debate pode avançar, no Congresso e na vida das pessoas, a partir de 2011. Para isso, convidamos para uma conversa candidatos que formulam propostas de alternativas à legislação vigente, no sentido de políticas pautadas por um viés menos repressivo e militarizado.

O evento acontecerá no dia 14 de setembro, às 10 horas da manhã, na Sala do Estudante da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco (USP).

Serviço:
Drogas e eleições 2010 – alternativas para a atual políticas de drogas

- Sala do estudante, Faculdade de Direito Largo São Francisco (USP) – Largo São Francisco, 95

- 14 de setembro, às 10 horas

- mais informações: coletivodar.wordpress.com / coletivodar@gmail.com



ESTÁ CONFIRMADA A TRANSMISSÃO AO VIVO DO EVENTO NO SITE DOGROWROOM

Fonte: Coletivo DAR

Brasileiros terão acesso a informações sobre poluição industrial

emiss�s do setor industrial ser� divulgadas na internet

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) disponibilizará, a partir de 2011, o Registro de Emissão e Transferência de Poluente (RETP), um sistema na internet que divulgará dados sobre as substâncias poluidoras do ar, da água, do solo e o destino de resíduos sólidos gerados pela indústria.

Além da quantidade de emissão de aproximadamente 200 substâncias (líquidos, gases e sólidos) consideradas nocivas à saúde e ao meio ambiente, o portal também divulgará a destinação desses resíduos. "Tem empresas que mandam esses produtos para um aterro, para a reciclagem, dependendo da natureza do objeto", explicou a técnica da Gerência de Resíduos Perigosos da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Mirtes Boralli.

Segundo ela, só há a intenção de tornar público o nome das empresas depois de um ano. "Por enquanto, nós pretendemos fazer um mapa para que cada cidadão saiba a quantidade de poluentes que é emitida na sua cidade e no seu estado."

Mirtes Boralli informou ainda que as empresas têm até o dia 31 de março para fornecer os dados solicitados pelo ministério. O RETP será elaborado com base no Cadastro Técnico Federal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), atualizado anualmente e instituído pela Lei 14.940, de 2003.

O principal objetivo da proposta é elaborar um inventário nacional das substâncias, do qual poderão ser elaboradas pesquisas acadêmicas e políticas públicas para a área.

A química e técnica do ministério acredita que a própria indústria passará por transformações, por meio da adoção de medidas socioambientais, depois da divulgação das informações contidas no portal. "A gente espera que as empresas vejam um nível de produção baixo de poluentes das outras empresas e tentem diminuir a sua emissão cada vez mais. E elas também podem acabar vendo boas iniciativas de destinação desses resíduos e copiando", projetou.


fonte: Ecodesenvolvimento

Será que vai dar sol?

O presidente norte-americano Barack Obama resolveu vetar a instalação de painéis solares na Casa Branca. O curioso é que pouco tempo antes ele havia anunciado que destinaria 2 bilhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento de energia solar. Ou seja, deu o incentivo, mas perdeu a oportunidade de dar o exemplo, utilizando energia renovável e de baixas emissões e impactos ambientais no telhado de casa.

Curioso também porque em agosto do ano passado, Mama Sarah, avó de Obama que mora no Quênia, África, ganhou painéis solares do Greenpeace, mostrando que a revolução energética chega até mesmo a lugares remotos. Em suas palavras "Eu estou muito lisonjeada com as melhorias da minha casa graças à energia solar. Vou garantir que meu neto fique sabendo disso".

Por aqui, a situação foi até que parecida. O Palácio do Planalto foi reformado, mas nada de energia solar - para aquecimento de água, ou geração de eletricidade - foi incluída no projeto. O Greenpeace foi à reinauguração do Planalto, no dia 26 de agosto, e levou um painel solar de presente ao presidente para lembrá-lo que, apesar da grande quantidade de sol disponível no país, ainda carecemos em políticas de incentivo à fonte.

Por enquanto estamos esperando pra ver se o painel vai ser utilizado e, mais ainda, se teremos uma lei para energia solar. Para isto, basta aprovar o projeto de lei PL 630, parado na Câmara dos Deputados há quase um ano.

Foto: Rodrigo Baleia/Greenpeace


GreenPeace

Ultraje a Rigor - Filha da Puta

sábado, 11 de setembro de 2010

Ultraje a Rigor é uma banda brasileira de rock, criada no início dos anos 80 em São Paulo. Idealizada por Roger Rocha Moreira (voz e guitarra base), obteve sucesso em 1983 no Brasil devido aos hits "Inútil" e "Mim Quer Tocar". Em 1985 a banda ficou nacionalmente conhecida pelo álbum Nós Vamos Invadir Sua Praia que trouxe o primeiro disco de ouro e platina para o rock nacional, além de receber recentemente o título de melhor álbum brasileiro pela Revista MTV.

Em 1989, mais maduros e um pouco cansados pelas constantes turnês, é gravado o terceiro disco, Crescendo. O álbum vendeu bem, mas os meios de comunicação social estava a começar a perder o seu interesse em Ultraje após quatro anos de sucesso. Mesmo assim, o grupo ainda provocou polêmica, ao fazer uma provocação ao anúncio do fim da censura oficial, com a canção "Filha da Puta". A canção foi censurada extra-oficialmente, em muitas estações de rádio e programas de TV, o que dificultou a promoção do álbum. Outras canções picantes com temas como "O Chiclete" e "Volta Comigo", uma música que trata de adultério, tiveram suas execuções comprometidas.

Wikipedia




Morar nesse país
É como ter a mãe na zona
Você sabe que ela não presta
E ainda assim adora essa gatona
Não que eu tenha nada contra
Profissionais da cama
Mas são os filhos dessa dama
Que você sabe como é que chama

Filha da puta
É tudo filho da puta (2x)

É uma coisa muito feia
E é o que mais tem por aqui
E sendo nós da Pátria filhos
Não tem nem como fugir
E eu não vi nenhum tostão
Da grana toda que ela arrecadou
Na certa foi parar na mão
De algum maldito gigolô

Filha da puta
É tudo filho da puta (4x)

'Cês me desculpem o palavrão
Eu bem que tentei evitar
Mas não achei outra definição
Que pudesse explicar
Com tanta clareza
Aquilo tudo que agente sente
A terra é uma beleza
O que estraga é essa gente

Filha da puta


O crack e o leite das crianças em São Paulo

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Na Prefeitura de São Paulo, desde 2004 existe um projeto urbanístico (“Projeto Nova Luz”), que, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), prevê o investimento de fábulas orçamentárias em obras na região do Parque da Luz, no Centro Histórico da cidade de São Paulo, com um total orçado (e liberado pelo BID) em torno de 100 milhões de dólares. Até hoje, uma ínfima quantidade desses recursos foram aplicados. Não tivesse transformado a revitalização num espetáculo hollywoodiano, a então gestão Serra-Kassab não passaria tamanha vergonha. O artigo é de João Paulo Cechinel Souza.

A dependência ao crack recentemente ganhou notoriedade junto às autoridades brasileiras, principalmente, em se tratando do período eleitoral, daqueles aspirantes ao cargo presidencial. Diversas estratégias foram e vêm sendo anunciadas nos últimos meses e anos, incluindo ampliação do número de leitos para dependentes químicos e o respectivo aumento de verbas para prevenção e tratamento de indivíduos nessa condição.

Na Prefeitura de São Paulo, desde 2004 existe um projeto urbanístico (“Projeto Nova Luz”), que, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), prevê o investimento de fábulas orçamentárias em obras na região do Parque da Luz, no Centro Histórico da cidade de São Paulo, com um total orçado (e liberado pelo BID) em torno de 100 milhões de dólares. Para quem não conhece ou não sabe, foi no Parque da Luz que teve início o consumo de crack na cidade, ainda na década de 90, caracterizando posteriormente a chamada “Cracolândia”, devido ao grande número de dependentes que até hoje circulam por aquelas imediações.

Contudo, do total aprovado pelo BID para a recuperação da região, apenas 4% foram efetivamente utilizados. Sobre o restante, até hoje incidem multas e taxas diversas, como ocorre com todos os empréstimos do BID – que deverão ser debitados na conta da Prefeitura Municipal em algum momento.

Não tivesse transformado a revitalização num espetáculo hollywoodiano, a então gestão Serra-Kassab não passaria tamanha vergonha. Admitindo publicamente que não pretendiam dar seguimento às iniciativas de revitalização com inclusão social levadas a cabo pela gestão anterior (Marta Suplicy), teve início a “primeira fase” do projeto: a repressão policial – que durou três anos. Somente com o forte estímulo da administração estadual, já sob comando de Serra, algumas reformas isoladas foram realizadas, num segundo momento do projeto.

Mesmo se pretendendo (ou parecendo) bem-intencionado, um projeto dessa magnitude urbanística e, principalmente, humana, carente desde a base de elementos para participação popular e coletiva na tomada de decisões acerca das obras, sem contar a absoluta falta de perspectiva de integração dos habitantes (fixos ou não) a projetos de inclusão social, somente poderia ter o desfecho que teve: o “efeito bilhar”. Os grupamentos humanos que por ali existiam à época do início da repressão policial, assustados pela truculência institucional e agredidos em sua integridade física e psíquica pelo crack, acabaram por se dividir em subgrupos menores e espalharam o problema por toda a cidade.

Disseminado o problema e constatado o consumo dessa substância junto aos extratos sociais mais abastados, Serra planejou então formar as unidades para internação e tratamento dos dependentes químicos – e utiliza isso, hoje, em sua campanha eleitoral, como estratégia universal e única para quaisquer tipos de dependências (química ou não). Infelizmente, a única clínica desse tipo inaugurada até hoje possui dificuldades imensas para receber cidadãos encaminhados por outras localidades.

Afora isso, essa ideia completa a constatação maior, fruto de observação macroestrutural, de que as políticas públicas do Sistema Único de Saúde, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), implantadas no resto do país, ganham características e nomes diferentes em São Paulo, não oferecem as melhorias esperadas (e constatadas em outros Estados) e ainda são brindadas com os vícios administrativos malufistas da época do Plano de Atendimento à Saúde (PAS).

Centrados em sua malfadada campanha eleitoral e em promessas alheias aos anseios do povo, Serra e o demotucanato paulista se esqueceram de garantir o básico aos cidadãos que lamentavelmente dependem do atendimento público à saúde no Estado e no Município de São Paulo. Tivessem dado alguma importância real às vidas dos indivíduos sob sua tutela, entre outros problemas já levantados em artigos anteriores (“O sucateamento da saúde pública em São Paulo” – primeira parte ; esegunda parte) não teriam deixado acabar o leite artificial fornecido aos filhos de mães portadoras do HIV há quase dois meses, numa ação que passa longe da má administração – e se caracteriza, isso sim, como atitude criminosa e hedionda.

Entretanto, para o paraíso midiático do demotucanato – ou Partido da Imprensa Golpista, PiG, segundo Paulo Henrique Amorim – talvez seja mais importante fingir que tais questões simplesmente não existem e trabalhar para que os eleitores também finjam nunca terem passado ou presenciado aberrações como as apresentadas neste e nos outros artigos citados. Na antevéspera da eleição, tenham certeza, o PiG encontrará detalhes do pagamento, no valor de 30 moedas de prata, efetuado por Dilma para que Judas denunciasse Jesus. Isso sim terá valor – e audiência.

(*) João Paulo Cechinel Souza – médico especialista em Clínica Médica, residente em Infectologia no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (São Paulo) e colaborador da Carta Maior



Tucanos acirraram violência contra pobreza, diz líder do MST

Para Gilmar Mauro, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o governo paulista paralisou a reforma agrária. Durante a gestão de José Serra (PSDB), o ativista afirma que houve investidas para criminalizar o movimento. Uma eventual eleição de Geraldo Alckmin (PSDB) significia a "continuidade do projeto neoliberal", disse Mauro em entrevista à Radioagência NP.

Tucanos acirraram violência contra pobreza, diz líder do MST

"Nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador, a única que fizemos foi com secretários de governo", critica. "Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras, porque não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar", sustenta.

Mauro exemplifica a situação com a greve dos trabalhadores do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), responsável pelos processos de desapropriação de áreas para reforma agrária. "Há um desmonte desse órgão por parte do governo Serra", acusa.

O líder explica que o governo do estado precisa tomar iniciativas judiciais junto a procuradorias de Justiça para reivindicar áreas públicas, por exemplo. "Além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o 'grilo'", acusou. Ele refere-se a normas aprovadas pela Assembleia Legislativa que, em sua visão, favoreceram a oficializar a posse irregular de áreas (grilagem).

Em 2009, agricultores sem-terra foram acusados de destruir pomares de laranja da empresa Cutrale. O MST afirma que a área da fazenda foi grilada e depois repassada à produtora de sucos. O caso foi um dos estopins para a instalação de uma CPMI no Congresso para investigar o movimento.

Além de não haver interesse em promover a reforma agrária, Mauro afirma que ocorreu um recrudescimento de ações de repressão à movimentos de trabalhadores. "As ações policiais, nos últimos tempos – diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo –, têm acontecido de forma muito mais violenta", afirma. "Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria polícia civil, trabalhadores urbanos, das favelas etc.", critica.

Mauro vê ainda riscos de acirramento de políticas de privatização no estado. Nesse caso, ele cita as rodovias cedidas à iniciativa privada e o excessivo número de praças de pedágio. Já uma eventual vitória de Serra na disputa à presidência representaria "um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza".


fonte: Rede Brasil Atual

Assine! Plebiscito Popular! Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


O Brasil é o segundo país no mundo que mais concentra terras, perde apenas para o Paraguai.As pequenas propriedades de Terra representam menos de 3% da área ocupada pelos estabelecimentos rurais, enquanto as grandes propriedades concentram mais de 43% da área.

Ao mesmo tempo as pequenas propriedades são responsáveis por mais de 70% da produção de alimentos no país.
O país também aparece no cenário Latino Americano com o terceiro pior índice de desigualdade social em toda a região, de acordo com os dados divulgados, em julho deste ano, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)

Site Oficial

Abaixo Assinado (Participe!)


fonte: DocVerdade

Entrevista com Mumia Abu-Jamal: “Sou um jornalista fora da lei”

[O jornalista Mumia Abu-Jamal continua preso no corredor da morte há quase 30 anos. Em 29 de agosto de 2010, a representante dos Repórteres sem Fronteiras em Washington DC, Clothilde Le Coz, o entrevistou no locutório número 17 da prisão da Pensilvânia, em Waynesburg, Condado de Greene.]

Pergunta > Como jornalista preso, de que tratam suas últimas observações e investigações?
Mumia Abu-Jamal < A população prisional estadunidense é a mais importante no mundo. Este ano, pela primeira vez em 38 anos, se reduziu. Algumas prisões como na Califórnia ou Michigan aceitam menos presos dado que estão super povoadas. Os financiamentos dos Estados são limitados e se libera alguns presos em função da situação econômica. Nos Estados Unidos, as prisões são grandes e o número de presos é imenso.

É impressionante ver quanto dinheiro o governo estadunidense gasta com tudo isto e até que ponto somos invisíveis. Ninguém o sabe. A maioria da população não se interessa pelo tema. Quando ocorre qualquer drama na prisão, alguns jornalistas dizem e acreditam que sabem de quem estão falando. Mas não é fiel a realidade: é puro sensacionalismo. Podem ser encontrados bons artigos, mas não refletem o que ocorre realmente. O que escrevo é o que tenho visto com meus próprios olhos e o que tem me sido dito. É verídico.

Meus artigos falam da realidade. Fundamentalmente, tratam todos do corredor da morte e da prisão. Eu gostaria que não fosse assim. Faz um ano e meio que estão ocorrendo uma série de suicídios entre os condenados a morte. Dei a informação com exclusividade sobre um suicídio porque ocorreu em meu bloco. Mas segue sendo invisível. Necessito escrever. Há milhões de histórias para contar e personagens excepcionais aqui. Entre as que decidi contar, elejo as mais importantes, comovedoras, frágeis… Decido escrevê-las, mas deve-se ter certa responsabilidade quando se conta este tipo de histórias. Espero que possam mudar o curso das coisas para as pessoas das quais eu falo.

Pergunta > Acredita que o fato de ser jornalista tem influenciado o curso de seu caso?
Mumia < Ser “A Voz dos sem voz” influiu de forma considerável. Na realidade, esta expressão foi tirada de um artigo do Philadelphia Inquirer publicado depois de minha detenção em 1981. Quando era adolescente, era um jornalista radical que trabalhava para a edição nacional do jornal dos Black Panthers. O FBI vigiava minhas publicações desde que tinha 14 anos. Ser jornalista foi meu primeiro trabalho. Sou muito mais famoso que outros detidos nos Estados Unidos pelo que escrevo. Se a situação fosse distinta, o tribunal federal de apelações quem sabe não haveria criado uma lei especial que influísse diretamente sobre minha condenação.

A maioria dos homens e das mulheres que se encontram no corredor da morte não são famosos. O fato de que siga escrevendo deve de ser algo que os juízes levaram em consideração e pelo qual mudaram a lei para que não me pudessem julgar novamente. Creio que pensavam: “Tu és um falador, não terás outro julgamento”. Se espera algo mais de um tribunal federal. E agora, por culpa de meu caso, outros doze podem ser prejudicados.

Pergunta > O que pensas da cobertura midiática de seu caso?
Mumia < Um dia li que já não estava no corredor da morte. Enquanto o lia, estava sentado aqui. Não saí nunca deste corredor, nem um segundo. Como sou do mesmo âmbito, muitos jornalistas não queriam cobrir meu caso por medo de que os criticassem. Tinham que se enfrentar das críticas segundo as que haviam sido parciais e às vezes seus redatores chefes os proibiam de cobrir o caso. Desde o princípio do mesmo, aos mais suscetíveis de cobri-lo, foi se proibido de fazê-lo. A maioria dos jornalistas com os que trabalhei já não exercem a profissão. Estes estão aposentados e ninguém os dá a mínima importância. Mas a imprensa teria que ter certa influência neste assunto. Milhões de pessoas viram o que ocorreu na prisão de Abu Ghraib. Seu diretor, que sorria nas fotos que foram publicadas, trabalhava aqui antes de ir para lá.

No corredor da morte, existem indivíduos sem nenhuma qualificação que podem decidir sobre a vida ou a morte de um detido. Por não sei que motivo, tem o poder de decidir a seu bel prazer se alguém come ou não. E ninguém questiona este poder. Há regras informais. Esses indivíduos podem converter a vida de alguém em um inferno com um simples gesto. Quando escolho as histórias que vou contar, não me falta inspiração nunca. Para um escritor, este é um ambiente rico. Não importa o que dizem meus detratores, sou jornalista. Este país seria muito pior sem jornalistas. Mas para muitos deles, sou um jornalista fora da lei. Antes da prisão, quando trabalhava para várias emissoras de rádio, conheci gente que vinha de todas as partes e apesar dos conflitos com alguns redatores chefes, exercia a profissão mais bonita.

Pergunta > O apoio que lhe tem sido dado na Europa é diferente do que tem nos Estados Unidos. Como explicas e acreditas que a mobilização internacional possa seguir te ajudando?
Mumia < Sim, segue sendo útil. No que diz respeito à pena de morte, a mobilização européia pode ter um impacto nos Estados Unidos. Os países estrangeiros, Europa em particular, estão marcados por uma história peculiar quanto a repressão. Sabem mais profundamente eles o que é a prisão. Sabem o que são a prisão, o corredor da morte e os campos de concentração. Nos Estados Unidos, pouca gente viveu esta experiência. Explica como as diferentes culturas aprendem o mundo. Na Europa, a idéia da pena de morte é um anátema.

O 11 de setembro de 2001 mudou muitas coisas nos Estados Unidos. Os opositores ao poder, os que discutiam sua legitimidade já não tem mais importância. Também mudou a imprensa. O que era aceitável chegou a ser inadmissível. Creio que o 11 de setembro modificou as formas de pensar na opinião pública e também os limites de tolerância dos meios de comunicação. Por exemplo, quando estavam ocorrendo os fatos do 11 de setembro em Manhattan e em Washington DC, a prisão fechou durante o dia inteiro aqui, na Pensilvânia. E estávamos totalmente isolados.

Pergunta > Para obter apoio, seria útil ter uma foto sua, atualmente, neste corredor da morte. O que você acha?
Mumia < Ter uma imagem pública só ajuda em parte. A essência de uma imagem é a propaganda. Assim que as fotos não são tão importantes. O que conta é a personalidade. E faço tudo o que posso. Em 1986, as autoridades penitenciarias confiscaram os gravadores dos jornalistas e só podiam ter um papel e uma caneta na mão. Agora que um artigo é o único vetor para lhe dar algum sentido à situação, o seu autor pode convertê-lo em um monstro ou em um modelo.

Pergunta > Se a Corte Suprema aceitar em lhe conceder um novo julgamento, só se revisaria sua pena e não sua condenação. Como imagina o fato de seguir em prisão perpétua se não lhe executarem?
Mumia < Na Pensilvânia, a prisão perpétua é uma execução em fogo lento. Segundo a lei do Estado, existem três graus de assassinatos. O primeiro se castiga com prisão perpétua ou pena de morte. O segundo e o terceiro grau com prisão perpétua. Não se sai daqui. E nesta prisão, temos a taxa de condenação juvenil à prisão perpétua mais elevada dos Estados Unidos. Mas eu gostaria de acrescentar que na Filadélfia, ocorreram dois casos na mesma época que o meu nos quais as pessoas foram julgadas pelo assassinato de um policial. A do primeiro caso foi absolvida. A segunda, ainda que tenha sido gravada com uma câmara de vigilância, não foi condenada a morte.

Pergunta > E como consegue “fugir” deste lugar?
Mumia < Eu escrevi sobre História, uma das minhas paixões. Eu gostaria muito de escrever a respeito de outras coisas. Meus últimos trabalhos tratam da guerra, mas também escrevo sobre cultura e música. Tenho um tempo interior que tento manter através da poesia e da percussão. Poucas coisas podem ser comparadas com o prazer que sinto aprendendo música. É como aprender um novo idioma. E constantemente eu me desafio a escrever em outro idioma! Uma professora de música vem aqui a cada semana e me ensina. Um mundo novo se oferece a mim e agora o conheço um pouco mais. A música é uma das coisas mais bonitas que o ser humano já criou. O melhor de nossas vidas.

• Para apoiar Mumia Abu-Jamal entrar em contato com Law Offices of Robert R. Bryan 2088 Union Street, Suite 4, San Francisco, CA 94123-4117 http://www.MumiaLegalDefense.org ou http://es.rsf.org/petition-mumia-abu-jamal,37071.html


Tradução > Juvei

agência de notícias anarquistas-ana
Ruídos nas ramas.
Trêmulo, meu coração detem-se
e chora na noite...

Matsuo Bashô

Reflexão...

"Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos."


Jean-Paul Sartre



Chris Cornell feat. Chester Bennington - Hunger Strike

sábado, 4 de setembro de 2010

"Hunger Strike" é uma canção da banda norte-americana Temple of the Dog. Escrito pelo vocalista Chris Cornell, "Hunger Strike" foi lançado em 1991 como o primeiro single do álbum de estúdio da banda, Temple of the Dog (1991). Foi a música mais popular da banda. A canção chegou ao número quatro no Billboard Mainstream Rock Tracks.

Cornell disse que a letra de "Hunger Strike" expressar "um pouco de uma declaração política socialista." A canção expõe o tema de roubar pão para dar aos pobres e o protesto em solidariedade com eles através de uma greve de fome depois de testemunhar injustiça na distribuição de alimentos.










Mensagens de celular pedem continuidade de manifestações contra preços altos em Moçambique

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Novas mensagens de celular começaram a circular em Maputo, capital de Moçambique, convocando a população para continuar a protestar contra o aumento do preço de produtos básicos, como pão, água e energia elétrica. As manifestações de hoje (1/9), que resultaram na morte de seis pessoas, foram convocadas via SMS enviados no início desta semana.

“Moçambicanos, o Guebuza (Armando, presidente de Moçambique) e seus lacaios estão a mentir como sempre mentiram. Não paremos com a greve até que o governo adopte medidas para a redução do custo de vida. A luta continua”, diz uma das mensagens lidas por Opera Mundi.

Amanda Rossio/Opera Mundi
Moçambicanos foram às ruas de Maputo contra o aumento do preço de produtos básicos

Ontem (31/8), propagaram-se mensagens de celular chamando a população a entrar em greve nessa quarta-feira, dia para o qual estavam previstos aumentos nos preços de água, energia e pão: "Moçambicano, prepara-te para a greve geral 01/09/2010. Reivindicamos a subida do preço do pão, água, luz e diversos. Envie para outros moçambicanos. Despertar".

Nos bairros da periferia da cidade, onde se concentraram as manifestações, a situação era tensa. À tarde, feridos não paravam de chegar aos hospitais e viaturas policiais circulavam em alta velocidade pelas ruas em direção às zonas de confronto.

As autoridades moçambicanas ainda não têm informações sobre quem seriam os autores das mensagens. Nenhuma organização reivindicou a liderança dos protestos. Até agora, tudo indica que as manifestações não tem um comando e que ganharam força devido ao descontentamento geral da população com o aumento do custo de vida.

Confrontos

Nos confrontos de hoje, homens, mulheres e até crianças portavam pedras e pedaços de madeira. As ruas de bairros da periferia estavam tomadas por barricadas montadas com troncos de árvores, pedras e pneus incendiados. Em todo lugar se ouviam gritos: "estamos a morrer de fome!".

No bairro Costa do Sol, Rua da Ana Alice, os manifestantes colocaram fogo em pneus e formaram barricadas com pedras. Pela manhã, a polícia chegou no bairro e entrou em confronto com os manifestantes. Os policiais atiraram para cima e também usaram gás lacrimôgeneo. "E agora, o que vamos fazer? A polícia luta conosco e nós lutamos por pão", gritou um manifestante para a reportagem do Opera Mundi.

"Estão a disparar arma! Como as crianças vão voltar para casa (da escola)? Estou preocupada com minha filha", gritou com a polícia Rosa Indive, de 25 anos, moradora do bairro Costa do Sol. "Por que não vai você buscar sua filha na escola?", gritou uma policial. "Com vocês a nos ameaçarem com essas armas, o que eu posso fazer?", respondeu Indive.

O centro da cidade ficou vazio, pessoas, carros e chapas, meio de transporte mais usado pela população moçambicana, não circularam. A maior parte do comércio fechou. Nas rádios, a polícia moçambicana recomendava que a população não saísse de casa.

O dia começou tranquilo em Maputo, muitas pessoas conseguiram chegar aos locais de trabalho e crianças foram para a escola. "Lá pelas 8h ouvimos carros de polícia com alarmes e ao longo do dia as pessoas foram se aglomerando nas ruas", conta Celso Durão, músico morador do bairro Unidade 7, onde houve confronto entre os manifestantes e a polícia. "O povo está reivindicando seus direitos, todo o preço aumenta de qualquer maneira. O povo estava agitado, lançava pedras contra polícia, que lançava gás lacrimogêneo e balas de borracha para afugentar o povo para casa".

A polícia moçambicana reagiu violentamente às manifestações. O porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa, disse em coletiva de imprensa na tarde de hoje que os policiais usaram balas de borracha e gás lacrimogêneo e que não tem informação sobre uso de munição real, apesar do grande número de filmagens realizadas pela imprensa moçambicana provando o contrário.

Segundo o Comando Geral da Polícia, houve quatro vítimas fatais e 27 feridos. No entanto, o número de feridos chegava a 46 apenas no Hospital Central por volta de 15h. Cossa também disse não ter informação sobre as quatro mortes. O País, maior jornal não estatal de Moçambique, informa que duas crianças foram alvejadas pela polícia.

Amanda Rossio/Opera Mundi
Cidadãos denunciaram que a polícia usou força excessiva no controle das manifestações

Em toda a cidade houve saques. No bairro de Xiquelene, muitas pessoas corriam com sacos de arroz de 20 quilos. Dados oficiais da polícia divulgados no final da tarde apontam que foram saqueados 32 estabelecimentos comerciais e três vagões carregados de milho. Segundo dados da polícia, foram incendiados três ônibus, dois carros e um posto de gasolina. Foram detidas 142 pessoas.

Governo

As autoridades não haviam se manifestado sobre o episódio até o final da manhã desta quarta-feira. No fim da tarde, o presidente Armando Guebuza fez um pronunciamento oficial dizendo que o aumento dos preços é agravado por fatores externos. Segundo ele, o governo deu subsídios para combustíveis e importação de trigo na tentativa de controlar a situação.

Guebuza também salientou que episódios como o vivido hoje em Maputo afastam investimentos nacionais e estrangeiros que “contribuem para a geração de mais postos de trabalho”.

“Nossos compatriotas que são usados nessa manifestação estão a contribuir para trazer luto e dor no seio da família moçambicana e para o agravamento das condições de vida da população”. O Ministro do Interior, José Pacheco, chamou os manifestantes de "aventureiros, bandidos, malfeitores", em pronunciamento oficial na tarde de hoje.

Em Maputo, as manifestações públicas são raras. A última grande onda de protestos ocorreu em fevereiro de 2008, motivada pelo anúncio do aumento do chapa de 5 para 7,5 Meticais (de 0,25 para 0,37 reais). Na ocasião, manifestantes também queimaram pneus e formaram barricadas e houve confronto com a polícia. Mas a dimensão do confronto foi menor que a verificada hoje, segundo jornalistas que cobriram os protestos de 2008.

O rapper moçambicano Azagaia se inspirou nos protestos de 2008 para compor a música “O Povo no Poder”. Na época do lançamento, foi chamado a depor na Procuradoria Geral da República sob a acusação de incitação à violência. Nos protestos de hoje, o refrão da música virou grito de guerra ecoado pelos manifestantes. “O povo no poder, é o povo no poder”. “Salário mísero, o povo sai de casa e atira para o primeiro vidro / Sobe o preço do transporte, sobe o preço do pão / Agora pedem ponderação”, diz a letra da música.


 

2009 ·Axis of Justice by TNB