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Agroquímicos: Os venenos continuam à nossa mesa

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César Chávez

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Doe Palavras

segunda-feira, 28 de junho de 2010


Um projeto para levar mensagens de força aos pacientes com câncer do Instituto Mário Penna.

"Muitas vezes o que nossos pacientes mais precisam é de escutar as palavras certas: mensagens positivas de amor, esperança e força têm o poder de transformar a maneira como eles enfrentam o câncer

Trabalhamos isso todos os dias. Mas com o Brasil inteiro do nosso lado vamos ficar mais fortes. Esse é o objetivo desse projeto: usar a inteligência coletiva para gerar um grande fluxo de mensagens do bem e levar toda essa força para dentro do Instituto Mário Penna.

Funciona assim: você manda sua mensagem através deste site ou do twitter usando o hashtag #doepalavras. Depois de passar por um filtro, ela é exibida em TV's dentro do Hospital Mário Penna, Hospital Luxemburgo e Casa de Apoio Beatriz Ferraz, em locais onde os pacientes mais precisam de força - como a sala de quimioterapia. A mensagens compiladas nesse projeto vão se transformar em um livro, que será doado para diversos hospitais

Contamos com você. Muitas vezes o que um paciente mais precisa é acreditar na cura."


Aqui você acessa o Doe Palavras, para deixar sua mensagem de apoio, e aqui, o site do Instituto Mário Penna.

Valete: Anti-Herói


Valete é um rapper português nascido em Lisboa, Portugal no dia 14 de Novembro de 1981. Desde cedo criou as suas opiniões políticas, influenciado por um professor de Filosofia. Chegou mesmo a pertencer à Juventude Comunista Portuguesa, mas acabou por desistir pouco tempo depois. Começou a ouvir rap no ano de 1991 mas foi a partir de 1995 que passou a encarar a música de forma mais profunda, tendo como principais referencias artistas como Nas, KRS-One ou Racionais MC's.

O nome "Valete" surgiu após ter visto num documentário de ilusionismo a ideia mítica de que a carta Valete, utilizada em truques de ilusionismo, não permitia que o truque resultasse. Se dedicou aos estudos e se formou em Ciências da Comunicação, já lançou dois álbuns: Educação Visual (2002) e Serviço Público (2006), e um terceiro álbum chega agora em outubro de 2010 (Homo Libero).

Em suas músicas, Valete mostra-se extremamente contra políticas neo-liberais, e favorável à esquerda política.

Hoje, ele divide seu tempo entre uma carreira profissional como empregado no departamento comercial de uma empresa de recursos hídricos e a gestão de uma panificadora, que em 2007 abriu em São Tomé e Príncipe.


Abaixo o clipe oficial com legendas da música do álbum Serviço Público (2006) chamada Anti-Herói:




Letra da música

A busca de um Patriotismo pós Copa do Mundo.


Enquanto os olhos do mundo se abrem apenas para a Copa do Mundo na África, se fecham para a problemática social do mundo. Um evento que reúne músicas, danças típicas e sorrisos de diversas culturas.


A cada quatro anos o mundo tem um mês de recesso, exclusivo para a Copa do Mundo. Uma nova programação substitui a rotineira, mostrando quase 24 horas por dia detalhes desse grande evento. A mídia inteira se concentra no país sede, pronta para direcionar qualquer novidade aos seus espectadores. O comércio dos países entra em recesso pra ver sua seleção jogar. A atenção do mundo está na bola, dentro das quatro linhas do gramado, todos aguardando por aquele breve, mas, marcante momento de gol.


Apesar de todo esse contexto de união, alegria e festa, a Copa do Mundo acaba por destacar aspectos negativos também, pois essa atenção majoritária voltada para o evento tende a esquecer problemas sociais e políticos, colocando-os num patamar de importância inferior ao da Copa.


Ao se avaliar a época de Copa, nota-se um expressivo número de bandeiras e artefatos patrióticos que desaparecem com o término da Copa. Esse fato nos mostra que muitos brasileiros honram nossa nacionalidade apenas para o futebol, mas esquecem de todo esse “orgulho patriótico” quando nos vemos num contexto eleitoral, onde novamente faz-se necessário todo nosso amor pelo país. O poder alienativo desse evento pode ser comparado à política do pão e circo exercida pelos antigos imperadores romanos, a fim de controlar as massas e submete-las às suas vontades, oferecendo comida e diversão.


Diante desse quadro onde surgem políticos interessados em nos manipular através desse evento, faz-se necessário o nosso patriotismo cívico, visando amar nosso país nas horas de decisões fundamentais para o estabelecimento de uma democracia igualitária.

Falsas necessidades

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes e esta é a neurose básica. Aquele seu lado que pensa e aquele seu lado que sente tornaram-se dois e você se identifica com a parte que pensa e não com a parte que sente. E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasce com um coração que sente, mas o pensamento é cultivado, ele lhe é dado pela sociedade. E seu sentimento tornou-se algo suprimido. Mesmo quando você diz que sente, você apenas pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isto aconteceu devido a determinadas razões.


Quando uma criança nasce, ela é um ser que sente; ela sente coisas, mas ela ainda não é um ser pensante. Ele é natural, como tudo o que é natural, como uma árvore, um animal. Começamos entretanto a moldá-la a cultivá-la. Ela terá de suprimir seus sentimentos, os se isto não acontecer, estará sempre com dificuldades. Quando quiser chorar, não poderá fazê-lo, pois seus pais a censurarão. Será condenada, não será apreciada e nem amada. Não será aceita como é. Deve comportar-se de acordo com determinada ideologia, determinados ideais. Só então será amada.


Do modo como ela é, o amor não se destina a ela. Só pode ser amada se seguir determinadas regras. Tais regras são impostas, não são naturais. O ser natural dá lugar a um ser suprimido e aquilo que não é natural, o irreal lhe é imposto. Esse "irreal" é a sua mente e chega um momento em que a divisão é tão grande, que já não se pode mais ultrapassá-la. Você se esquece completamente do que sua verdadeira natureza foi ou é. Você é um falso rosto; o semblante original perdeu-se. E você também receia sentir o original, pois no momento em que o sentir toda a sociedade se voltará contra você. Você, portanto, coloca-se contra a sua natureza real.


Isto cria uma situação muito neurótica. Você não sabe o que quer; ignora quais são suas necessidades reais e autênticas, pois somente um coração que sente pode lhe dar a direção e a significação de suas necessidades reais. Quando elas são suprimidas, você passa a criar necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode começar a comer cada vez mais, enchendo-se de alimento, e nunca sentir que está satisfeito. Você tem necessidade de amor, não de comida. A comida e o amor, entretanto, estão profundamente relacionados. Quando a necessidade de amor não é sentida, ou é suprimida, uma falsa necessidade de comida é criada. Você pode continuar comendo; posto que a necessidade é falsa, ela jamais poderá ser preenchida. E vivemos entregues a falsas necessidades. Por isso não há realizações.


Osho

Caça às baleias - a votação final

sábado, 19 de junho de 2010

Caros Amigos,

Dentro de uma semana a Comissão Baleeira Internacional (IWC) fará a votação final para uma proposta de legalizar a caça comercial de baleias pela primeira vez em uma geração.

O resultado depende de quais vozes serão ouvidas de forma mais clara nos momentos finais: o lobby pró-caça ou cidadãos do mundo?

Mais de 650.000 membros da Avaaz já assinaram a petição para proteger as baleias – é hora de conseguir 1 milhão! A equipe da Avaaz estará nas negociações da IWC no Marrocos semana que vem e conseguimos outdoors, anúncios de primeira página em jornais e um marcador gigante mostrando as assinaturas na petição. Tudo para garantir que os delegados, desde o momento em que descerem do avião até a hora da votação, vejam a nossa mensagem que o mundo não aceitará um massacre de baleias. Clique para assinar e depois encaminhe este email para todos:


Graças a um chamado global, muitos governos já se comprometeram a irem contra a proposta. Cada vez que a petição da Avaaz ganhou 100.000 nomes, ela foi enviada para a Comissão Baleeira Internacional e governos chave. Alguns, como a Nova Zelândia agradeceram todos nós que assinamos.

Mas a pressão do outro lado é incansável. Outros governos, especialmente na Europa e América Latina podem se abster... ou até mesmo apoiar a proposta. Portanto, o resultado da votação é ainda incerto.

Pressão popular é a nossa melhor chance. Afinal de contas, foi um movimento social global na década de 80 que conseguiu banir a pesca comercial de baleias que nós agora estamos tentando proteger. A Comissão Baleeira Internacional se reunirá no Marrocos a partir desta quinta-feira dia 17 e a votação será em menos de uma semana. Vamos garantir a presença das nossas vozes globais para recepcionar os delegados:


Depois que a proibição global foi imposta à caça comercial de baleias, o número de baleias mortas todo ano caiu de 38.000 para poucos milhares. Isto é apenas uma prova do poder da humanidade em seguir o caminho certo. Enquanto lidamos com outras crises atuais, vamos valorizar este legado de progresso – nos unindo agora para proteger nossos vizinhos majestosos e inteligentes neste frágil planeta.

Com esperança,

Ben, Ben M, Maria Paz, Ricken, Benjamin, David, Graziela, Luis e toda a equipe Avaaz

PS. Mesmo após a proibição, o Japão, Noruega e Islândia continuaram caçando baleias. Estes países estão pressionando o IWC para enfraquecer as restrições à caça. Aguardando a permissão para caçar ainda mais baleias, o Japão já está planejando comprar o maior navio baleeiro já visto. Clique aqui para assinar a petição.

Leia mais:

Três países querem "levar" baleias para a mesa e para o armário da farmácia:

Japão ameaça deixar Comissão Baleeira Internacional:

Ambientalistas pressionam Japão para não caçar baleias:

E-mail da equipe Avaaz

Ações em Goiás descobrem escravizado por 14 anos

quinta-feira, 17 de junho de 2010


Fiscalizações ocorridas no estado libertaram 102 pessoas de condições análogas à escravidão em atividades de retirada e coleta de grãos de milho para o segmento de sementes e de extração de areia para construção civil

Por Bianca Pyl

Fome, frio e escravidão por até 14 anos. Esse foi o quadro encontrado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Goiás (SRTE/GO), pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Polícia Federal (PF) em duas ações realizadas entre 24 de maio e 12 de junho deste ano.

Ao todo, 102 pessoas foram libertadas de condições análogas à escravidão nas atividades de retirada e coleta de grãos das espigas de milho e de extração de areia para obras de construção civil.

Uma das ações encontrou 99 pessoas submetidas ao trabalho escravo que atuavam em diversas fazendas no estado de Goiás da empresa Du Pont do Brasil S.A - Divisão de Sementes Pioneer.

As vítimas foram aliciadas "gatos" (intermediários de mão de obra) em Palmeirais (PI) e São Francisco do Maranhão (MA), de onde saíram no dia 10 de abril. Elas foram atraídas por um chefe de turma conhecido como "Mozar" e levadas em ônibus fretado até a Região Centro-Oeste. Os custos do transporte (R$ 18 mil) seriam posteriormente cobrados dos trabalhadores. As Carteiras de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) não foram assinadas no local de origem (foi feito somente após a chegada em Goiás) e o empregador também não emitiu a Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhador (CDTT) ainda no local de origem dos empregados.

Quando chegaram nos alojamentos em Joviânia (GO), os trabalhadores foram distribuídos em cerca de 20 pontos distintos, sem nenhuma estrutura. "Os barracos não tinham móveis, nem sequer camas. Os trabalhadores trouxeram só pertences pessoais", explica Roberto Mendes, auditor fiscal que coordena o grupo de fiscalização rural da SRTE/GO. As vítimas dormiam em colchões velhos ou espumas dispostas no chão, sem roupas de cama ou cobertores, em espaços comerciais já utilizados no passado como bares.

"Esses trabalhadores dormiam no chão, passavam muito frio e até fome. As moradias não possuíam asseio e higiene. Os banheiros eram imundos, dentre outras irregularidades", detalha o auditor fiscal.

Trabalhadores dormiam em espumas no chão, sem camas, lençóis ou cobertores (Foto: SRTE/GO)

A jornada de trabalho se iniciava às 4h da manhã, quando o serviço era em fazendas mais distantes, ou às 5h, quando a distância era menor, e se estendia até às 18h. "Eles não recebiam alimentação e tinham que se virar para comprar e preparar a comida, que era escassa", completa Roberto.

Todos tinham as carteiras assinadas pela empresa Pioneer, fundada nos EUA, que mantinha cerca de 900 trabalhadores rurais temporários em diversas fazendas em Joviânia (GO), Edéia (GO), Goiatuba (GO), Indiara (GO), Morrinhos (GO), Paraúna (GO), Acreúna (GO) e São João da Paraúna (GO).

"Não se pode afirmar, ao certo, que essa contratação teve ou não a conivência da empregadora Pioneer. Por outro lado, não se pode negar que, ao proceder assim, o chefe de turma Mozar o fazia em nome da empresa, uma vez que possuía plena liberdade na escolha e formação de suas equipes, ou seja, era quem de fato contratava", analisa Roberto.

Na opinião do auditor fiscal, a empregadora deveria ter observado as normas legais vigentes em relação a contratação de empregados de outras regiões. "Além disso, deveria também ter fornecido a tais trabalhadores alojamentos em condições dignas, bem como refeições fartas e sadias".

Inicialmente a empresa se recusou a aceitar as determinações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Depois, contudo, aceitou fazer os pagamentos referentes às verbas rescisórias e pagar as passagens de volta dos mesmos. O valor total pago pela Pioneer foi de R$ 300 mil.

A situação só foi descoberta graças à denúncia de um dos trabalhadores para a Federação dos Trabalhadores Agrícolas do Estado de Goiás (Fetaeg) que, por sua vez, acionou a fiscalização. O denunciante conta ter passado frio e fome por mais de um mês (de 15 de abril a 24 de maio).

Em nota enviada à Repórter Brasil, a empresa envolvida disse que "está estudando o teor dos Autos de Infração recebidos em 03/06/2010 e que oferecerá resposta dentro do devido prazo legal, comprovando que cumpre toda a legislação aplicável". "Em respeito à qualquer alegação de irregularidades, a Du Pont reitera que sempre pautou suas atividades pelo respeito às leis, ao meio ambiente e à saúde, segurança e integridade de seus funcionários em seus mais de 200 anos de história", completa.

Areia
Quase uma década e meia num barraco improvisado com restos de madeira, folhas de palmeiras e lonas plásticas velhas, sem instalações sanitárias ter espaço limpo para cozinhar. Fiscalização realizada em cinco dragas de extração de areia nos Rios Verde e Monte Alto, há cerca de 15 km da cidade de Mineiros (GO), na Fazenda Rio Verde do Monte Alto, flagou um trabalhador há longos 14 anos nesta situação e outros dois que enfrentavam cotidiano semelhante por pelo menos sete primaveras.

Trabalhadores improvisaram alojamentos com restos de madeira e lona (Foto: SRTE/GO)

A situação dos barracos às margens do rio na propriedade de José Flávio de Carvalho Primo, conhecido com Zé do Orestes, era inaceitável, classifica Roberto. "As paredes eram de pau-a-pique, os pisos de terra e areia. As camas eram improvisadas com madeiras roliças e pedaços de tábuas. Os colchões, velhos e sujos, tinham forte odor", descreve.

Não havia instalações sanitárias ou chuveiros no local. Os trabalhadores não tinham acesso a cozinha para preparar alimentos. Fogões improvisados ficavam dentro dos barracos. "Os trabalhadores relataram que havia ratos, escorpiões e baratas nos alojamentos", acrescenta Roberto.

Além dos problemas trabalhistas encontrados, a questão ambiental também estava irregular, conforme constatou a fiscalização. De todas as dragas de extração de areia, apenas uma possuía autorização ambiental. Já em relação ao credenciamento junto a Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha, todas estavam irregulares. Todas as dragas foram interditadas.

Barraco utilizado pelo empregado de extração de areia pelo período de 14 anos (Foto: SRTE/GO)

Para a exploração da atividade, cada dono de draga utiliza diretamente dois trabalhadores, que se revezam nas atividades de operador de draga e mergulhador. "A retirada de areia do rio é feita através de uma draga flutuante de sucção. Esta máquina é responsável pela captação da areia no fundo do rio, através de um ´mangote´ direcionado por um mergulhador. A areia é dragada e bombeada para um caixa que fica ao lado do rio, onde é depositada e retirada, posteriormente", relata o auditor fiscal do SRTE/GO.

Os empregados chegam a trabalhar cerca de 1h a 4h a cada mergulho, a uma profundidade de até 5 metros ou mais. Ninguém possuía curso de mergulhador ou foi submetido a exames médicos específicos para a função, conforme determina a Norma Regulamentadora 15 (NR 15).

Os empregadores Abner Jesus Moreira e Abimael Jesus Moreira, responsáveis pelo empreendimento, pagaram as verbas rescisórias aos trabalhadores, que foram embora para casas de parentes no estado.


Fonte: Repórter Brasil

De poucos para poucos

A sociedade brasileira é uma das mais injustas e desiguais do planeta. Em termos estatísticos perdemos para poucos. Somos um povo trabalhador. Produzimos muitas riquezas. No período de 1930-1980, fomos a economia que mais cresceu, em média. Vivemos num território que, provavelmente, seja o mais pródigo em riquezas naturais do mundo. Temos todos os climas e biomas. Estamos construindo uma civilização caracterizada pela mescla de culturas e povos originários da Ásia, Europa e África, com os nativos deste território. Não há sociedade similar que tenha se constituído com tamanha diversidade.

Como diz a piada sobre a criação do universo, até os anjos reclamaram dos privilégios que teríamos recebido. Aos quais, Deus teria justificado que, em troca teríamos os piores governos do planeta... E parece que os desígnios divinos se realizaram, porque nesses 500 anos de Brasil foram raros os períodos de democracia e de governos comprometidos com os interesses da população.
E com tantas riquezas naturais e um povo tão batalhador nossa sociedade ainda sofre muitas mazelas inaceitáveis.

Nada justifica a elevada concentração da riqueza, da propriedade dos bens e da renda, que beneficiam apenas os 10% mais ricos. E essa concentração de renda e riqueza continua crescendo, como parte da lógica perversa do sistema econômico. O governo Lula contribuiu para distribuir melhor a renda entre os que vivem do trabalho. Mas, na distribuição da riqueza total produzida na sociedade, o capital aumenta a cada dia sua parcela em detrimento dos rendimentos do trabalho, que nunca estiveram tão baixos, como agora. Melhoramos muito as oportunidades de emprego, em relação ao período neoliberal, mas ainda apenas 50% dos trabalhadores têm carteira assinada e seus direitos sociais e previdenciários garantidos.

Nossa economia é cada vez mais dependente do exterior e do capital financeiro. O Estado brasileiro transformou-se no acumulador da poupança nacional e repassa todos os anos mais de 250 bilhões de reais (25% de toda a receita) na forma de juros ao sistema financeiro, com as inaceitáveis teses de superávit primário, que nenhum país desenvolvido pratica. O povão compra tudo a prestação, iludindo-se com um poder de compra sem renda suficiente e paga duas vezes. Uma para a loja e outra para o sistema financeiro, com as maiores taxas de juro do mundo, que em media chegam a 48% ao ano. O capital estrangeiro vem aqui nos explorar e reenvia seus lucros livremente.

Temos uma dependência tecnológica. Investimos uma ninharia em pesquisa e tecnologia. O capital internacional controla nossas riquezas naturais: minérios (basta saber que 52% dos acionistas da poderosa Vale, agora moram no exterior), água, hidrelétricas, petróleo (ao redor de 30% dos acionistas da Petrobras são estrangeiros) e ultimamente até o setor sucroalcooleiro se desnacionalizou, em 33%, em apenas três anos.

É mais importante, até por administrar maior volume de recursos, hoje, ser presidente da espanhola Telefónica do que ser prefeito da cidade de São Paulo. Nossa burguesia, como advertira o saudoso Florestan Fernandes, abandonou há tempos a proposta de um projeto de desenvolvimento nacional, mesmo capitalista. É uma lúmpen-burguesia, que se contenta em superexplorar seu povo para repartir as taxas do lucro com o capital internacional. Agora cada vez mais controlado pelo capital financeiro e pelas grandes corporações globalizadas.

Os índices de concentração da propriedade da terra, um bem da natureza que deveria estar a serviço de todos, nunca estiveram tão concentrados. O último Censo Agropecuário do IBGE revelou que a concentração fundiária em 2006 é maior do que em 1920, quando havíamos recém-saído da escravidão e que se praticava quase um monopólio da propriedade da terra. A produção agrícola está cada vez mais baseada na monocultura, no uso intensivo de venenos e na expulsão da mão de obra do campo. Nos transformamos no maior consumidor mundial de venenos agrícolas, que destroem a natureza, desequilibram o meio ambiente e contaminam os alimentos que todos comemos.

As grandes cidades se transformaram em conglomerados humanos, onde os problemas só aumentam em termos de transporte público, habitação e meio ambiente. Temos um déficit de mais de 10 milhões de moradias. Ou seja, temos 10 milhões de famílias (!!!) que vivem em condições subumanas, insalubres, ainda penduradas em morros e mangues, como denunciava nosso querido Lupicinio Rodrigues. Por causa disso, somos, talvez, um dos poucos países onde se morre “de chuva!” E não é por falta de cimento, areia, tijolo ou pedreiros. O programa Minha Casa Minha Vida, que previa a construção de 1 milhão de moradias, esgotou as inscrições em apenas uma semana.

O transporte público é uma vergonha. E a imprensa, porta-voz dos interesses das empresas automobilísticas, orgulha-se dos recordes de vendas. A média de tempo perdido para ir ao trabalho aumenta a cada dia, em condições cada vez piores. Com um custo social impressionante. O transporte individual e poluente como temos só beneficia meia dúzia de empresas transnacionais, não o povo!

Na educação, vivemos uma tragédia. Aumentamos as vagas para o ensino fundamental e secundário, alcançando quase a universalização. Mas a qualidade desse ensino é vergonhosa. Que o digam os analistas das provas de vestibulares, sobre o nível de conhecimento dos que querem entrar na universidade. E aí, apesar dos esforços inéditos do governo Lula, que quase duplicou as vagas, apenas 10% de nossa juventude pode ingressar no ensino superior.

Não há nenhuma razão para isso. Sociedades com economias mais pobres, como a Coreia do Sul, colocam 97% de sua juventude na universidade e formam mais de 200 mil engenheiros por ano. A Bolívia, economia mais pobre do continente, garante 65% de seus jovens na universidade. E nós? Quantos engenheiros e médicos formamos? Temos mais de 500 municípios sem médicos, até na Grande São Paulo. Há mais jovens negros brasileiros estudando Medicina em Cuba, pela generosidade daquele povo, do que em todas as faculdades do Brasil. Temos também uma dívida com a população mais pobre. Cerca de 16 milhões de trabalhadores adultos não sabem ler e escrever. E ninguém faz nada para ajudá-los. Precisamos urgente de uma campanha nacional, como sonhara Paulo Freire, uma verdadeira guerra cívica de ajuda aos nossos irmãos cegos das letras. Os programas atuais são ridículos.

Padecemos de outro mal, sempre escondido da opinião pública. A concentração da propriedade dos meios de comunicação. Meia dúzia de grupos econômicos controlam toda informação que circula nas televisões, revistas semanais e jornalões. Paulo Henrique Amorim, com toda a sua experiência, adverte que com três telefonemas se decide qual será a principal informação que todos os brasileiros terão de ler ou de ser “manipulados” na semana. Isto é uma vergonha! (que nunca foi denunciada nem pelo jornalista que tem raiva de garis...). A informação deixou de ser um direito público, como determina a Constituição, e passou a ter uma dupla face. De um lado, é fonte de lucro e enriquecimento abastecido por polpudas verbas do dinheiro público. E, de outro, a mídia transformou-se no grande partido de reprodução da ideologia da classe dominante insensível aos problemas do povo.

Sabe-se que as raízes de todos esses problemas são estruturais e do modelo econômico adotado. Primeiro, foi o modelo agroexportador no período colonial. Depois, ao longo do século XX, implantamos uma industrialização dependente do capital estrangeiro. E agora somos reféns do capital financeiro internacional.
Segundo, tivemos quase sempre governos servis, subalternos aos interesses econômicos estrangeiros. Mesmo o governo Lula conseguiu apenas em parte frear as políticas neoliberais e ajudou a distribuir o bolo entre os mais pobres. Mas, por sua composição de classe e partidos, não teve força suficiente para enfrentar os problemas estruturais da sociedade brasileira.

Esses problemas são graves e tendem a se agravar mais ainda. Nos movimentos sociais, acreditamos que eles serão resolvidos somente quando tivermos em nosso país uma conjugação de forças populares, que se mobilizem em aliança com um governo popular. E assim se façam as mudanças legislativas no poder público e, sobretudo, a mudança do modelo econômico, para construir de fato um projeto popular, ou seja, a serviço do povo no Brasil. Como sonhara Paulo Freire.

E, apesar da apatia e pasmaceira social nesse período de nossa história, não se iludam, o povo voltará a se mobilizar e a se organizar por mudanças estruturais.


Por João Pedro Stedile, ao Carta Capital




Para a corte e seus bobos, Brasil seria “cachorrinho ranheta do 3º Mundo" RANHETA DO 3º MUNDO”

O reaça-mor da Veja, Reinaldo Azevedo, finalmente encontrou quem pense exatamente igual a ele sobre o Governo Lula: uma articulista do Wall Street Journal chamada Mary Anastasia O’Grady.

Triunfalmente, deu-se ao trabalho de traduzir, publicar e comentar no seu blogue o artigo dessa Anastasia que não é nenhuma princesa, está mais para serviçal da Corte. O motivo de seu júbilo, RA trombeteou logo no título: ela, supostamente, “arrasa com a política externa de Lula”.

As pessimamente traçadas linhas de A dança de Lula com os déspotas, da Anastasia sem nobreza, não passam de descarado lobby israelense contra a posição brasileira de resistir à imposição de sanções contra o Irã.

Israel quer porque quer abortar o programa nuclear iraniano, na suposição de que servirá para fabricar bombas atômicas.

ONU, EUA e países subservientes às paranóias israelenses se desmoralizam ao punirem apenas o Irã.

Pois, enquanto o mundo não colocar sob o mais rígido controle o arsenal nuclear de Israel, nação responsável pelos recentes massacre de palestinos (2008/09) e chacina de pacifistas (2010), não pode exigir nada de país nenhum.

A pior ameaça à humanidade, o governo mais bestial em relação a outras nações e outros povos, é exatamente o israelense, em razão de suas reações apocalípticas a qualquer agressão sofrida e da sua absoluta amoralidade, a ponto de haver oferecido ármas nucleares para a África do Sul no auge do apartheid.

O artigo da pistoleira de aluguel que tanto excitou RA diz:

“O mais recente exemplo de como o Brasil ainda não está pronto para figurar no horário nobre dos círculos internacionais se deu na semana passada, quando votou contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU. A Turquia foi a única parceira do Brasil neste constrangedor exercício. Mas a Turquia pode ao menos usar como desculpa suas raízes muçulmanas. Lula está levando a reputação do Brasil para o brejo só para a sua satisfação política pessoal”.

Para bom entendedor, fica evidente que este é o único motivo para a peça propagandística ter sido redigida e veiculada no house organ do parasitismo financeiro, não o fato de Lula “defender e exaltar (…) alguns dos mais notórios violadores dos direitos humanos do planeta”.

Se Ahmadinejad se dedicasse apenas a exterminar oposicionistas e homossexuais, não lançando ameaças (meramente retóricas, por enquanto) contra Israel, o estado judeu não daria a mínima para essas matanças – abomináveis, sem dúvida, mas cuja escala foi muitíssimo inferior à do último pogrom israelense sobre Gaza.

É sempre bom lembrar: de uma tacada só Israel varreu 1.434 palestinos da face da Terra, enquanto os executados por denunciarem fraude eleitoral no Irã seriam, no máximo, 70.

Choca-me ver um jornalista brasileiro, por pior que seja, repercutindo panfletos estrangeiros contra o presidente e o ministro das Relações Exteriores do Brasil – o primeiro tratado como “um político esperto que veio das massas mas ama o poder e o luxo” e o segundo, como “um intelectual notoriamente antiestadunidense e anticapitalista”.

Pior ainda é o tratamento dado ao próprio Brasil, que a Anastasia publicista apresenta como “um país ressentido, um cachorrinho ranheta do 3º Mundo”.


Por Celso Lungaretti, 16.06.2010

Fonte: Fazendo Media

A criminalização da pobreza em escala continental

O candidato do PSDB-DEM à presidência da República, José Serra, disse a uma rádio carioca: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto”.


Serra conseguiu, numa única declaração, ser desrespeitoso e ignorante. Desrespeitoso porque alguém que pleiteia a presidência da República não pode se referir desta forma a nenhum governo. E ignorante porque esta declaração faz parecer que a Bolívia é a grande responsável pela desgraça de quem é viciado no Brasil, o que está longe de ser verdade.


Mas para além do desrespeito e da ignorância, é possível sentir um certo sensacionalismo na declaração de Serra. Um político com tanta experiência conhece muito bem a dimensão da cadeia de produção de cocaína; sabe que entre o plantio da folha de coca e a obtenção do produto final há muito mais do que a vã filosofia do Departamento de Estado estadunidense. O jornalista José Arbex Jr. já denunciou, na Caros Amigos, que para se chegar ao produto final é preciso incorporar elementos químicos que não são produzidos nos países que cultivam a folha de coca. Muitas vezes eles chegam de laboratórios dos países ditos desenvolvidos, mas esta informação nunca é divulgada pelas corporações de mídia – o que inverteria completamente a percepção do senso comum.


Já é consenso no mundo que a política antidrogas estadunidense falhou. Não tem funcionado centrar os ataques aos países produtores. Até as Nações Unidas, em relatório divulgado em março de 2009, afirma que a campanha antidrogas teve efeito contrário ao esperado, fazendo os cartéis ficarem mais poderosos. E o governo Evo Morales expulsou de seu país a DEA e a CIA, agências responsáveis pela condução dessa política, além de ter expulsado o embaixador ianque por participar de conspiração num golpe de Estado.


É importante lembrar que a folha de coca é uma tradição na Bolívia, sobretudo na região andina. Ou seja: nem toda a produção do país se destina à produção de cocaína. Você encontra a folha em qualquer banquinha de esquina, do mesmo jeito que encontramos banana no Brasil. Cada saquinho pequeno custa R$ 0,70 (do tamanho de um pacote de fandangos de 30g), e o grande R$ 1,60 (fandangos de 100g). A folha é recomendada para combater os males da altitude, o cansaço, a fome. Também é usada no tratamento de cárie e os psiquiatras bolivianos já usam a folha para remediar a depressão. Isso sem falar no aspecto espiritual da coca, que é reconhecido pela nova Constituição Política de Estado. O mais comum nas ruas de La Paz é ver as pessoas mascando a folha de coca, as bochechas cheias com aquelas bolas enormes de folhas laceradas. O chá de coca é tão comum lá quanto o café aqui.


Cocaleros reunidos no interior de La Paz


Ao declarar que o governo boliviano é cúmplice do tráfico de cocaína para o Brasil, Serra faz uma escolha arriscada. Em lugar de provocar o debate mais amplo sobre a questão das drogas, ele investe no radicalismo binário. A culpa é do índio maluco. Serra vai buscar a tese do inimigo externo justo no país vizinho, cujo PIB não chega a um décimo do brasileiro. Mas tem um governo de esquerda, que erradicou o analfabetismo e, muito importante, tem um povo que o aprova em sua grande maioria. Nada de atacar o imperialismo ianque ou seu enclave na América do Sul, a Colômbia. O grande inimigo do Brasil, para Serra, é a Bolívia. Um raciocínio que projeta a criminalização da pobreza – muito presente no modo demotucano de governar – em níveis continentais e nos lembra que a política externa que ele defende é a do atrelamento automático às grandes potências.


Eleições de outubro


Do ponto de vista eleitoral, a declaração de Serra é compreensível. É um discurso que encontra algum apelo, sem dúvida, apesar de sua amplitude ser duvidosa. Afora a classe média obtusa, tão ignorante quanto sua declaração, dificilmente Serra encontrará apoio no povão. Tanto o do Brasil quanto o da Bolívia. Os bolivianos, de modo geral, gostam tanto de Lula quanto do Evo. Uma vez ouvi na Praça Murillo, em La Paz, de um vendedor ambulante: “Com Lula finalmente vocês têm um presidente do povo”. É o mesmo sentimento que têm em relação a Evo. São dois povos que de dez anos pra cá já não votam em quem o patrão manda.


Cerca de um mês antes, o candidato do PSDB-DEM havia dito que o Mercosul é uma farsa. O que pretende o candidato tucano? Não duvido que em breve vá se insurgir contra Hugo Chávez, o alvo favorito das corporações de mídia. Em queda nas pesquisas, ele estaria partindo para o tudo ou nada? Como o time que está perdendo e se lança inteiro ao ataque. Mas será que os estrategistas tucanos pensaram bem? Vale lembrar que o time que avança por completo corre o risco de tomar o gol no contra-ataque, ainda mais num continente em que os países têm aprofundado os laços, com instituições cada vez mais sólidas e um povo cada vez mais consciente de seu papel enquanto sujeito histórico.


Por Marcelo Salles, jornalista, e colaborador da revista Caros Amigos e do jornal Fazendo Media.


Fonte: Escrevinhador

Invasão da UDESC pela polícia.

domingo, 13 de junho de 2010


NOTA DE REPÚDIO À INVASÃO DA UDESC PELA POLÍCIA

Na noite de 31 de maio, frente a uma manifestação de estudantes na entrada principal do campus da UDESC no Itacorubi, contrária ao aumento das tarifas de ônibus urbanos na capital, uma ação da Polícia Militar, sob o comando do tenente-coronel Newton Ramlow, resultou na agressão, no espancamento e na detenção de pessoas, com invasão do campus da UDESC.

Apesar da alegação de “garantia da ordem e do direito de ir e vir dos cidadãos”, o aparato policial, paradoxalmente, prejudicou o fluxo de veiculos, confinou os estudantes dentro do campus e promoveu uma sucessão de atos de violência e brutalidade. Policiais armados de cassetetes, arma taser, gás pimenta e cães criaram um confronto desigual e inadmissível em contraste com os manifestantes, que promoviam uma passeata pacífica, fundamentada em uma postura de cidadania legítima e coerente com o que se espera de acadêmicos críticos e preocupados com os problemas da cidade em que vivem, entre eles, o estado vergonhoso do transporte coletivo de Florianópolis.

Este lamentável acontecimento foi presenciado por vários professores, que tentaram inutilmente mediar a situação, cujas consequências podiam ser visualizadas no terror dos estudantes acuados, temerosos diante da truculência dos policiais envolvidos.

A ADFAED - Associação dos Docentes da FAED e a APRUDESC – Associação dos Professores da UDESC consideram que o acontecido envolveu uma dupla violência: contra os manifestantes e seus direitos de livre expressão e associação, e contra a Universidade, cujo dever é justamente o de promover o debate, a reflexão, a crítica e o respeito aos direitos civis.

Repudiamos, portanto, a invasão do campus da UDESC pela polícia militar bem como as agressões cometidas contra os estudantes, e exigimos que as autoridades competentes atentem a seus deveres constitucionais, como requer um Estado democrático e de direito.

Ilha de Santa catarina, 1 de junho de 2010

ADFAED e APRUDESC

Abaixo, o vídeo gravada por uma estudante da invasão da polícia à UDESC:

Crianças de rua são crianças?

sábado, 12 de junho de 2010



Por todo lugar que passamos, há crianças de rua, e mais, crianças de rua que trabalham, pedem esmolas, são os “homens da casa” podendo assim dizer. O analfabetismo, a pobreza, a violência, é reflexo, as crianças que não têm infância vivem uma infelicidade, deveriam estar na escola, mas aprendem na rua, se alimentam no chão, se mantêm da pura -bondade- das pessoas que estão à volta, e não o bastante é uma tarefa lucrativa para a família destes.

Talvez o maior vilão que pode vir à cabeça no momento, é a bolsa família, criada pelo presidente Lula, quando retirada a bolsa escola, ficou claro, que a condição não era levar as crianças para a escola, mas “ser pobre” como fica exaltado pelo senador
Cristovam Buarque, sobre a bolsa família. A bolsa escola como sabemos, tinha a condição das crianças estarem na escola para o benefício, isto fazia aumentar a educação, em consequência, melhoria da cultura, menos crianças nas ruas, menos crianças nos trabalhos escravos das ruas, menos violência, e muitos outros benefícios sociais, que infelizmente perdemos. Hoje, a maiorias das crianças de rua não vão para a escola, e alimentam a violência, perdem a educação e a infância, uma chance de saber os sabores da vida, e quanto maior o número de crianças de rua, maior será os problemas sociais causados por isto.

Quando criada a bolsa família, ela simplesmente virou uma junção das outras bolsas antes existentes, incluindo a bolsa escola, este tipo de benefício causa um mal ainda maior, pois se beneficiado por número de pessoas, visando um lucro maior, as famílias carentes tendem a ter mais filhos, mais trabalhadores de rua “mais dinheiro no bolso” já que não é preciso estar na escola para receberem o benefício, ganham uma bolsa de bom tamanho, e de quebra ainda podem ter os filhos trabalhando para si, ou apenas pedindo esmolas.


Uma criança, quando aos seus cinco anos de idade, já está na escola, que consegue completar o ensino médio, e que consegue entrar numa faculdade, fazer curso técnico, que hoje estão abertos para toda a população, uma pessoa que passa por isto tem a chance de trabalhar honestamente, conseguir emprego, renda, sem precisar da violência para tal, sem precisar do roubo, sem precisar expor filhos para o trabalho nas ruas, sem precisar do benefício de bolsas, tem a chance de saber como é a vida no lado bom, tem a chance de viver num mundo melhor.


Não falando apenas da sociedade em si, pensando nas crianças, pessoas que têm a chance de ter uma infância, e relembram os velhos tempos que não voltam mais, as mais gostosas saudades existentes, sabemos o quão a infância é importante nesta vida, uma felicidade que faz sermos o que somos, mas crianças de rua não têm esta chance, elas trabalham em vez de brincar, lucram em vez de aprender, fazem violência em vez de crescer, se aprofundam na escuridão da sociedade em vez de descobrir um mundo novo, estas crianças não são crianças, são adultos precoces, elas precisam saber o que é ser criança, muito além de alimentar a violência, e os perigos ao redor, elas precisam de uma chance, estas praticamente vivem num mundo sozinhas desde o começo e aprendem valores errados, mesmo que não fizesse diferença impactante para as pessoas em geral, elas também são seres humanos.


O nosso mundo, da violência, da pobreza, das crianças de rua, tem salvação, a educação, se todos pudessem ter qualidade de ensino, ou ao menos ter a chance de estudar, aprender os valores da sociedade, a ética para convivermos sem conflitos, os problemas que temos de enfrentar, sobre violência por exemplo. Os países mais ricos têm a melhor qualidade de ensino, enquanto países pobres têm pior educação, para sair da pobreza precisamos nos concentrar na educação, coisa que fazia sentido na época da bolsa escola, que hoje não faz mais, há esperança, enquanto isto a forma de tentarmos impedir, é as pessoas que têm a chance da educação, e da infância, usarem isto, o problema é que não basta uma ajuda de fora, isto deveria ser enfrentado na origem, um problema que teremos de saber conviver, pois estas crianças hoje, estão como são chamadas na maioria, abandonadas.

Texto retirado de: Somos Pensadores

Abaixo uma música do grupo de rap Facção Central, que relata muito bem a triste realidade dos meninos de rua.

Facção Central: Eu não pedi pra nascer.




Letra:

Minha mão pequena bate no vidro do carro
No braço se destacam as queimaduras de cigarro, a chuva forte ensopa a camisa e o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno, me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador, sua mãe Vadia perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tentou me abortar, que tomou umas 5 injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tentou me vender uma pa de vez, quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz? Pra em vez de tá brincando ta colecionando cicatriz
Porque não pensou antes de abrir as pernas, filho não nasce pra sofrer não pede pra vir pra Terra.

O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nascer
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer

Minha goma é suja, louça sem lavar, seringa usada, camisinha em todo lugar
Cabelo despenteado, bafo de aguardente é raro quando ela escova os dentes
Várias armas dos outros muquiadas no teto, na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
Cenário ideal pra chocar a UNICEF, Habitat natural onde os assassinos crescem
Eu não queria Playstation nem bicicleta, só ouvir a palavra "filho" da boca dela
Ouvir o grito da janela "A comida tá pronta", não ser espancado pra ficar no farol a noite toda
Qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude, dê dinheiro, felicidade, saúde
Eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro pra amarrar minha mãe na cama por querosene e meter fogo

O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nascer
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nascer

Outro dia a infância dominou meu coração, gastei o dinheiro que eu ganhei com um album do Timão
Queria ser criança normal que ninguém pune, que pula amarelinha, joga bolinha de gude
Cansei de só olhar o parquinho ali perto, senti inveja dos moleque fazendo castelo
Foda-se se eu vou morrer por isso, Obrigado meu Deus por um dia de Sorriso
A noite as costas arderam no coro da cinta, tacou minha cabeça no chão
Batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha
Espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha
Olhei pro teto vi as armas num pacote, subi na mesa catei logo a Glock
Mãe, devia te matar mas não sou igual você, invés de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer....Bum!
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim.
Não me espancar, torturar, machucar me bater, eu não pedi pra nascer.
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim.
Não me espancar, torturar, machucar me bater, eu não pedi pra nascer.

7 crianças que fizeram diferença no mundo.



7 - Anne Frank (1929 - 1945)

Annelies Marie Anne Frank era uma menina Alemã nascida judia na cidade de Frankfurt. Ela ganhou fama internacional após a publicação póstuma de seu diário onde contava suas experiências durante a ocupação alemã da Holanda na Segunda Guerra Mundial.
Anne e sua família mudou-se para Amesterdã em 1933, depois que os nazistas ganharam poder na Alemanha, e foram presos pela ocupação da Holanda, que começou em 1940. As perseguições contra a população judaica aumentou, a família se escondeu em julho de 1942 em quartos ocultos no escritório de seu pai, Otto Frank . Depois de dois anos, o grupo foi traído e transportados para campos de concentração. Sete meses após sua prisão, Anne Frank morreu de tifo em Bergen-Belsen, no dia da morte de sua irmã, Margot Frank. Seu pai, Otto, o único sobrevivente do grupo, retornou a Amsterdã, depois da guerra para descobrir que seu diário tinha sido salvo, e seus esforços levaram à sua publicação em 1947. Foi traduzido do original holandês e publicado pela primeira vez em Inglês em 1952 como O Diário de uma jovem. Anne Frank foi reconhecida pela qualidade de sua escrita, e se tornou uma das mais conhecidas e discutidas de vítimas do Holocausto.

Samantha Reed Smith foi uma estudante americana de Manchester, Maine, que se tornou famosa durante a Guerra Fria. Em novembro de 1982, quando Smith tinha 10 anos, ela escreveu ao líder soviético Yuri Andropov, buscando entender por que as relações entre a União Soviética e os Estados Unidos foram tão tensas. Sua carta foi publicada no jornal soviético Pravda. Samantha ficou feliz ao descobrir que sua carta tinha sido publicada, no entanto, ela não tinha recebido uma resposta. Ela então enviou uma carta ao embaixador da União Soviética para os Estados Unidos, perguntando se o Sr. Andropov não responde as cartas que recebe. Em 26 de abril de 1983, ela recebeu uma resposta do Andropov.
Smith atraiu a atenção da mídia extensiva em ambos os países como um "Embaixador de Boa Vontade", e ficou conhecido como "America's Youngest embaixador" que participam em ações de restabelecimento da paz no Japão. Ela escreveu um livro e co-estrelou uma série de televisão, antes de sua morte aos 13 anos em um acidente de avião .

Hector Pieterson (1964 - 16 de junho de 1976) se tornou um símbolo da revolta de Soweto na África do Sul do apartheid, quando uma fotografia de Hector sendo transportada por um colega, foi publicada em todo o mundo. Ele foi morto com a idade de 12, quando a polícia abriu fogo contra estudantes que protestavam em 16 de junho de 1976. Ficou como um símbolo de resistência à brutalidade do governo do apartheid. Hoje, é conhecido como Dia Nacional da Juventude - um dia em que os sul-africanos honra jovens e chamam a atenção para as suas necessidades.
Em 16 de junho de 2002, o Hector Pieterson Memorial e Museu foi aberto perto do lugar que ele foi baleado em Orlando West, em homenagem ao menino e os que morreram em todo o país no levantamento de 1976.

Iqbal Masih foi um menino paquistanês que foi vendido para uma indústria do tapete como um escravo na idade de 4 anos. Iqbal trabalhava com uma corda a um tapete tear em uma pequena cidade chamada Muridke perto de Lahore. Ele trabalhava doze horas por dia. Devido às longas horas de trabalho e a falta de alimentos e cuidados, Iqbal foi subdimensionado. Aos doze anos de idade, Iqbal era do tamanho de um menino de seis anos de idade. Na idade de 10, ele escapou da escravidão brutal e mais tarde se juntou a um Bonded Labor Liberation Front do Paquistão para ajudar a parar o trabalho infantil em todo o mundo, e Iqbal ajudou mais de 3.000 crianças paquistanesas que estavam em trabalho forçado. Iqbal deu palestras sobre o trabalho infantil em todo o mundo.
Ele foi assassinado no domingo de Páscoa de 1995. Assume-se por muitos de que ele foi assassinado por membros da "Máfia do tapete" por causa da publicidade que ele trouxe para a indústria do trabalho infantil. Alguns moradores foram acusados do crime, no entanto.
Em 1994, Iqbal foi agraciado com o Prêmio Reebok de Direitos Humanos. Em 2000, quando The World's Children's Prize para os Direitos da Criança foi criado, ele foi postumamente agraciado com este prêmio como um dos festejados em primeiro lugar.

Nkosi, nascido Xolani Nkosi, nasceu em Nonthlanthla Daphne Nkosi, um município a leste de Joanesburgo, em 1989. Ele nunca conheceu seu pai. Nkosi era soropositivo desde o nascimento, e foi legalmente adotado por Gail Johnson, uma profissional de Relações Públicas de Joanesburgo, quando sua própria mãe, debilitado pela doença, já não era capaz de cuidar dele. O jovem Nkosi Johnson primeiro veio a público em 1997, quando uma escola primária no subúrbio de Joanesburgo Melville se recusou a aceitá-lo como um aluno por causa de seu status de HIV-positivos. O incidente causou um furor ao mais alto nível político da África do Sul, que proíbe a discriminação em razão do estado de saúde e mais tarde a escola voltou atrás em sua decisão.
Nkosi foi o orador principal na 13th International AIDS Conference, onde incentivou a vítimas da Aids falar abertamente sobre a doença e buscar a igualdade de tratamento. Nkosi terminou seu discurso com as palavras.
"Cuidado para nós e nos aceitar - somos todos seres humanos. Somos normais. Temos as mãos. Temos os pés. Podemos ir a pé, podemos falar, temos necessidades como todos os outros - não tenham medo de nós - somos todos iguais! "
Ele se tornou um ícone da luta pela vida."
Junto com sua mãe adotiva, Nkosi fundou um refúgio para as mães HIV positivo e seus filhos, Nkosi's Haven, em Joanesburgo. Em Novembro de 2005, Gail representado Nkosi, quando ele recebeu postumamente a Paz Internacional da Criança prêmio das mãos de Mikhail Gorbachev. Nkosi's Haven recebeu dos E.U. um prêmio em dinheiro $ 100.000 da Fundação KidsRights, bem como uma estatueta, que foi nomeado em honra a Nkosi Nkosi Johnson.A vida de Nkosi é o tema do livro We Are All the Same por Jim Wooten.

Na idade de cinco anos, ele foi tirado de seus pais e por três anos trabalhou no campo. Depois que ele foi resgatado por ativistas de Bachpan Bachao Andolan, Om luta pela educação gratuita em sua terra natal. Em seguida, ele ajudou a criar uma rede que são conhecidas como aldeias "para crianças", lugares onde os direitos das crianças sejam respeitados e do trabalho infantil não é permitido. Ele também estabeleceu uma rede que visa dar a todas as crianças, uma certidão de nascimento como uma forma de ajudar a protegê-los da exploração. Ele diz que esse registo é o primeiro passo para a consagração dos direitos da criança, comprovando a sua idade, e ajudando a protegê-los da escravidão, o tráfico, o casamento forçado ou servir como crianças-soldados.
Ele foi premiado com a Paz Internacional da Criança Prêmio Sul Africano pelo ex-presidente FW de Klerk, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993.

Em 1999, quando tinha apenas oito anos de idade, sua escola foi fechada porque não havia professores. Thandiwe se recusou a aceitar isso e levou 60 outras crianças a pé para encontrar outra escola. Como resultado, todas as crianças foram levadas para o Cecup Jack School. Fortalecidos por esta conquista, Thandiwe vem lutando desde então para o direito à educação para todas as crianças. Thandiwe continua a impressionar, por exemplo, falando na igreja sobre crianças e aids - uma questão nem sempre facilmente discutidas nas igrejas. Com um amigo, ela escreveu e ilustrou um livro chamado "O Frango com AIDS", dizendo crianças jovens sobre os perigos da AIDS.
"É muito importante saber que uma criança também tem direitos. Na escola eu aprendi sobre direitos humanos. E então eu sabia que isso era algo que eu queria lutar. Porque se as crianças têm a oportunidade, eles com certeza podem contribuir para tornar este mundo um lugar melhor. "- Thandiwe Chama


Também conhecido como Kim Phúc (nascida em 1963), é embaixatriz da Boa Vontade da UNESCO. Entretanto, é conhecida como a garota que apareceu numa foto da Guerra do Vietnã.
Ela possuia cerca de nove anos na época da imagem, em que fugia de seu povoado, que estava sofrendo um bombardeiro de napalm. Até hoje, esta imagem, tirada em 8 de junho de 1972, é lembrada como uma das mais terríveis da Guerra do Vietnã. A fotografia foi tirada por Huynh Cong Ut da agência Associated Press e recebeu o Prêmio Pulitzer de 1973.
Hoje, Kim Phuc é Embaixatriz da Boa Vontade da UNESCO. Reside no Canadá e possui dois filhos.


Adaptado e Baseado na matéria do blog: Curiosa e Desocupada
 

2009 ·Axis of Justice by TNB