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O fim do Código?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Próxima terça-feira dia 1 de junho nossas florestas irão sofrer um ataque perigoso – deputados da “bancada ruralista” estão tentando destruir o nosso Código Florestal, buscando reduzir dramaticamente as áreas protegidas, incentivando o desmatamento e crimes ambientais.

O que é mais revoltante, é que os responsáveis por revisar essa importante lei são justamente os ruralistas representantes do grande agronegócio. É como deixar a raposa cuidando do galinheiro!

Há um verdadeiro risco da Câmara aprovar a proposta ruralista – mas existem também alguns deputados que defendem o Código e outros estão indecisos. Nos próximos dias, uma mobilização massiva contra tentativas de alterar o Código, pode ganhar o apoio dos indecisos. Vamos mostrar que nós brasileiros estamos comprometidos com a proteção ambiental – clique abaixo para assinar a petição em defesa do Código Florestal:


Enquanto o mundo todo defende a proteção do meio ambiente, um grupo de deputados está fazendo exatamente o contrário: entregando de mão beijada as nossas florestas para os maiores responsáveis pelo desmatamento do Cerrado e da Amazônia. Eles querem simplesmente garantir a expansão dos latifúndios, quando na verdade uma revisão do Código deveria fortalecer as proteções ao meio ambiente e apoiar pequenos produtores.

As propostas absurdas incluem:
  • Reduzir a Reserva Legal na Amazônia de 80% para 50%
  • Reduzir as Áreas de Preservação Permanente como margens de rios e lagoas, encostas e topos de morro:
  • Anistia aos crimes ambientais, sem exigir o reflorestamento da área
  • Transferir a legislação ambiental para o nível estatal, removendo o controle federal
Essa não é uma escolha entre ambientalismo e desenvolvimento econômico, um estudo recente mostra que o Brasil ainda tem 100 milhões de hectares de terra disponíveis para a agricultura, sem ter que desmatar um único hectare da Amazônia.

A proteção das floretas e comunidades rurais dependem do Código Florestal, assim como a prevenção das mudanças climáticas e a luta contra a desigualdade do campo. Assine a petição para salvar o Código Florestal e depois divulgue!


Juntos nós aprovamos a Ficha Limpa na Câmara e no Senado. Se agirmos juntos novamente pelas nossas florestas nós podemos fazer do Brasil um modelo internacional de desenvolvimento aliado à preservação.

Com esperança,

Graziela, Alice, Paul, Luis, Ricken, Pascal, Iain and the entire Avaaz team

Saiba mais:

País tem 100 mi de hectares sem proteção - Estado de São Paulo:

Estudos ressaltam importância ambiental do Código Florestal - WWF:

Para ambientalistas, relatório de Rebelo é genérico e equivocado :

Comunicado da rede avaaz

Lula, o Irã, e o acordo nuclear que os EUA não quer acreditar.

domingo, 30 de maio de 2010



Os EUA tem como hábito demonizar seus oponentes na midia internacional. É um país agressivo em seus relacionamentos com os outros países, mas morre de medo de uma conspiração contra eles (qualquer uma). Foi assim que fizeram com a União Soviética, com a China e por último, com o Iraque.


Em verdade, eu acho que o Irã tem pleno direito de enriquecer urânio para gerar energia com fins pacíficos, e até para se proteger se assim quiser, pois Israel, seu maior inimigo, possui armas de destruição em massa ainda piores (sob as bençãos dos EUA), e até hoje, não se fala em sanções contra Israel, que vive a massacrar a Palestina.

Não sei como um país como os EUA que detem um arsenal nuclear que dá para acabar com o mundo num piscar de olhos, quer ter a moral de "disciplinar o mundo". Um país que soltou duas bombas atômicas no Japão matando milhares e milhares de pessoas, e agora quer ter a moral de recriminar que o Irã use o seu urânio - em nome de uma suposta ameaça e paz mundial. Me desculpem meus caros leitores, mas eu acho que o perigo para o mundo hoje não é o Irã, é os EUA.

Não sejamos ingênuos. Todos os países da Comunidade Internacional de fato querem a PAZ, menos os EUA. São eles que mais lucram com as guerras. Se o mundo dependesse só dos EUA, não duvido que estariam hoje jogando bombas em crianças, mulheres e idosos dos paises pobres, afim de os submeterem às suas regras como fizeram no Iraque. Alguem aí pode me dizer onde estavam as bombas de destruição em massa que os americanos "afirmaram" que o Iraque tinha?

É cômico, mas sabe o que eu acho disso tudo? Que hoje os americanos devem estar pensando assim:
"
Quem mandou aquele barbudo e ignorante (Lula) ir falar com o Irã? E agora, como vamos fazer? Não vai mais ter guerra nenhuma. E a nossa indústria bélica, como fica?... Já faz tempo que não fazemos uma "guerrinha" pra gastar o nosso arsenal. Nossos fabricantes (de armas) vão reclamar. Esse LULA não toma jeito mesmo. Só quer atrapalhar".



acesse o Saku Xeio

Importância da Leitura



Leitura, mais do que um processo de transformação da escrita para a oralidade, é a evolução do homem e sua concretização plena como um indivíduo social, cidadão.


Enriquecimento de vocabulário, dinamização do raciocínio, desenvoltura de um senso social crítico e interpretação de mundo são características que a leitura nos oferece.


O ato de ler deve ser praticado desde cedo, porém, numa sociedade cada vez mais tecnológica, rápida e globalizada, a leitura torna-se algo descartável, perde seu espaço para meios de transmissão de idéias mais simples, como a televisão e o computador.


Atualmente, em nossa sociedade, existem cada vez menos leitores críticos, e proporcionalmente cada vez mais alienados pela mídia, o que reforça o fato de que o conhecimento adquirido pela leitura nos permite estabelecer nossa própria visão angular e combater a alienação em massa imposta pelos grandes centros midiáticos.


Ao se ler um livro, somos transportados para uma dimensão completamente nova, entramos numa mirabolante ficção arquitetada para nos fazer refletir, imaginar e sonhar. Infelizmente, com o acréscimo de idade, a leitura se torna cada vez mais rara, até deixar de fazer parte do cotidiano das pessoas ainda jovens. Esse problema pode ser atribuído à ineficácia da escola em formar leitores, e a descartável importância dada atualmente a um rascunho literário. A literatura é hoje recurso de todos, mas só é explorada adequadamente pelos detentores de maior poder aquisitivo, enquanto os pobres não desfrutam dessa ferramenta de conhecimento.


Chega a ser chocante a comparação entre o ensino público e o ensino privado em nosso país, e esse fator acentua cada vez mais as disparidades sociais no Brasil. Porém, uma, senão a principal solução para a melhoria de vida de todos os brasileiros está bem diante de nossos olhos, é a leitura. A pergunta a ser feita é: como despertar o interesse por livros nas populações mais carentes? Como educa-las e faze-las conhecer seus direitos?


Para fazer com que o jovem carente tenha afinidade por livros, é preciso que os livros atinjam a realidade dele, é necessário que o jovem entenda que essa ferramenta pode proporcioná-lo no futuro uma vida digna. E para isso, faz-se essencial a presença de uma instituição de ensino com bons professores, que consigam abrir os olhos de seu estudante e fazê-lo almejar a justiça e a igualdade social. Através desse processo de formação educacional poderíamos presenciar enfim uma sociedade ciente de suas obrigações, informada de seus direitos e pronta para acertar democraticamente a situação do país.


Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história” Bill Gates.

A Ilusão Paga Passagem - Agora no ABC

sábado, 29 de maio de 2010


Após itinerância no Rio de Janeiro e São Paulo, é chegada a vez de Santo André receber a mostra que está debatendo e agitando a questão do transporte em nosso país. Elaborada pelo FELCO SP e exibida pelo coletivo da Lagartixa Preta, a mostra de filmes A Ilusão Paga Passagem é a segunda compilação sobre esse tema (a primeira foi realizada pelo próprio CMI) e tem produções de movimentos e analistas sociais, antropólogos, passando por órgãos públicos e de mídia. O resultado? Uma importante investigação de políticas públicas para o setor, das lutas sociais, das formas de organização capazes de influenciar seus processos e do impacto do transporte para a vida nas cidades, pontuada - é claro - com breves aulas de desobediência civil.




Não perca!

A Casa da Lagartixa Preta "Malagueña Salerosa" é um espaço de autogestão, solidariedade e ajuda mútua no bairro Casa Branca, em Santo André (SP).

A mostra acontece no dia 29/05 às 17 horas e no dia 30/05 às 16 horas. Entrada Grátis!!

Endereço:

Rua Alcides Queirós, 161

Bairro Casa Branca - Santo André

Estação Celso Daniel da CPTM


fonte: Mídia Independente

Câmara recebe 280 mil assinaturas de apoio à PEC 438

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, que prevê o confisco de terras de escravagistas, está parada desde 2004 na Câmara Federal. Matéria foi debatida no I Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), recebeu, nesta quarta-feira (26), mais de 280 mil assinaturas do abaixo-assinado de apoio à aprovação imediata do confisco de terras de escravagistas.

A expropriação está prevista na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, que permanece estacionada, desde agosto de 2004, à espera de votação em 2o turno no Plenário da Câmara. A proposta já foi aprovada no Senado e passou em 1o turno no próprio Plenário da Câmara.

Na prática, o conteúdo do que prevê a PEC 438/2001 - assinada oficialmente pelo senador Ademir Andrade (PSB-PA), mas na qual está apensada a proposição pioneira no mesmo sentido apresentada pelo deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) em 1995 - tramita há exatos 15 anos no Congresso Nacional.

Michel Temer (centro) disse que atuará para colocar a emenda em votação (Foto: Camille Burgat)

Os ministros Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e Carlos Lupi (Trabalho) estiveram presentes na entrega das centenas de milhares de adesões, bem como senadores - José Nery (PSol-PA) e Eduardo Suplicy (PT-SP) - e deputados federais - Chico Alencar (PSol-RJ), Luciana Genro (PSol-RS) e Paulo Rubem Santiago (PDT-PE). Também acompanharam a referida comitiva os atores Wagner Moura e Sérgio Mamberti, além de representantes de organizações da sociedade civil como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH), de Açailândia (MA).

No ato de entrega que fez parte da programação do I Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, Michel Temer afirmou aos presentes que atuará para colocar a proposta em votação e citará a emenda na próxima reunião do Colégio de Líderes da Câmara, que define a pauta final do pleno. Pediu ainda ajuda da sociedade civil e dos outros parlamentares no convencimento de seus pares. Levantamento realizado pela Repórter Brasilem março deste ano mostrou a escassa disposição, entre os principais líderes da Casa, de aprovar definitivamente a matéria ainda nesta legislatura.

Presidência da Câmara recebeu mais de 280 mil assinaturas (Foto: Leonardo Sakamoto)
Posição ruralista
O confisco de terras de escravagista para a reforma agrária esteve no centro do debate sobre "O Papel do Congresso Nacional no Combate ao Trabalho Escravo", realizado na tarde desta quarta-feira (26) como parte do Encontro, no Auditório Juscelino Kubitschek na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Representante da bancada ruralista no Congresso, o deputado federal Moreira Mendes (PPS-RO) repetiu os argumentos do principal grupo parlamentar que se opõe à proposta. Segundo ele, as fiscalizações do grupo móvel e das equipes estaduais utilizam critérios subjetivos para a caracterização do trabalho escravo.

O parlamentar também insistiu na tese de que a expropriação das propriedades de escravagistas contraria o devido processo legal, ferindo o direito de defesa e o princípio do contraditório. Para ele, seria mais adequado punir os responsáveis apenas após decisões de última instância do Poder Judiciário.

Proprietário rural, o parlamentar reproduziu o discurso dos fazendeiros que se deslocaram para as fronteiras de expansão da Amazônia (onde, segundo ele, não havia "nada") e ajudaram a produzir "riqueza" por meio da agropecuária.

A ameaça à propriedade privada e o risco de reflexos negativos para a produção (e acumulação econômicas) do agronegócio foram repisadas pelo representante ruralista, que lamentou não ter tido tempo para reunir materiais que pudessem sustentar com mais consistência o seu ponto de vista. Moreira disse estar disposto a discutir a questão com profundidade e acusou os apoiadores da emenda constitucional - que exige a concordância de 3/5 do Plenário - de "levar uma coisa pronta" que é objeto de "resistências".

"Da forma como está, dificilmente a PEC [do Trabalho Escravo] vai para 2o turno", reafirmou abertamente. Quando a palavra foi franqueada para manifestações dos participantes, o padre espanhol da CPT Josep Iborra Plans, que vive em Rondônia desde 1993, condenou a concentração de terras no estado, sublinhou os impactos socioambientais da pecuária e denunciou o desembaraço de fazendeiros escravagistas com mais de 80 mil cabeças de gado que se orgulham de não assinar a carteira de trabalho de ninguém.

Moreira Mendes insiste na tese ruralista de subjetividade da escravidão (Foto: MH)
Moreira Mendes contestou dados de concentração fundiária e rebateu padre "Zezinho" com o argumento de que se trata de uma "visão ideológica" contra a "produção de Rondônia". Depois de afirmar que ser dono de 80 mil bois não é "uma coisa ruim" e de reclamar da estigmatização do produtor rural, buscou desqualificar o interlocutor com a suposição de que se o padre trabalhasse talvez pudesse ter a mesma quantidade de gado. Nesse momento, pessoas da plateia reagiram e, logo em seguida, o deputado ruralista deixou o evento por conta de outros compomissos.

Integrante da mesa de debate sobre as possíveis contribuições do Parlamento, o senador José Nery (PSol-PA) defendeu no evento em Brasília (DF) a objetividade das situações extremas e concretas em que se dão as libertações e lembrou que o próprio mercado tende a rejeitar cada vez mais qualquer ligação de produtos ligados à exploração de mão de obra escrava. "Precisamos instaurar um diálogo sincero, honesto e urgente [sobre o tema no Congresso]", recomendou.

"Se são poucos os escravagistas, por que não punir essa minoria?", indagou José Nery, que é presidente tanto da Frente Parlamentar pela Erradicação do Trabalho Escravo como da Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo do Senado Federal. O congressista do Pará condenou veementemente a inexistência de uma "legislação forte e coercitiva" para punir empregadores flagrados cometendo o crime em questão. "Esses escravagistas não podem continuar emporcalhando o nome do país", emendou.

O senador clamou pela continuidade de coleta de assinaturas em apoio à PEC do Trabalho Escravo - definida por ele como "Segunda Lei Áurea" -, o aumento da pressão sobre as liderenças da Câmara e a continuidade das cobranças relativas ao tema durante o processo eleitoral em cada uma das Unidades da Federação.

Por Maurício Hashizume*, Repórter Brasil

*O jornalista viajou à capital federal a convite da organização do I Encontro Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo

40 anos de derrotas contras as drogas

Após 40 anos, 1 trilhão de dólares gastos, nenhum objetivo foi alcançado!


Principais Pontos do Relatório da Associated Press:

1 – Após 40 anos, a política de guerra, dos Estados Unidos, contra as drogas tem custos de 1 trilhão de dólares, centenas de milhares de vidas perdidas, e… Para quê?

O uso das drogas está desenfreado, e com uma violência ainda mais brutal, se espalhando pelos Estados Unidos. Até mesmo o Czar da luta anti-drogas, Gil Kerlikowske, reconhece: a estratégia não funcionou.

2 – Em 1970, Richard Nixon inaugurou uma nova fronteira de guerra, que ele pensava que ia ganhar. “A nação enfrenta a maior crise, no que concerne ao crescimento do consumo de drogas, principalmente, entre as pessoas jovens,” disse Nixon, e completou: nosso inimigo público número 1 é o abuso de drogas, para combater e vencer esse novo inimigo é necessário envidar novos esforços, com toda ofensividade possível.

3 – O primeiro orçamento anti-drogas, foi de US$ 100 milhões de dólares. Hoje é de $15,1 bilhões de dólares, 31 vezes maior que o de Nixon, mesmo ajustado pela taxa de inflação.

4 – $20 bilhões, para combate nos seus países de origens. Na Colômbia foram gastos $6 bilhões, mas o cultivo aumentou e o tráfico mudou-se para o México, e com ela a violência.

5 – $33 bilhões foram gastos em Marketing, tipo “simplesmente diga não”, dirigida ao público jovem, e outros programas de prevenção. Os níveis de consumo entre os estudante das escolas superiores se mantem inalterados. Os centros de controles e prevenção dizem que os casos de overdoses tem crescido sistematicamente, desde 1970. No último ano(2009) foram 20.000 casos.

6 – $49 bilhões foram aplicados no reforço do aparato legal ao longo das fronteiras do país. Neste ano, 25 milhões de Americanos irão cheirar, tragar, fumar e injetar drogas ilegais, 10 milhões a mais que em 1970, o grosso sendo importado via México.

7 – $121 bilhões foram gastos com a detenção de usuários não violentos. Estudos mostram que o tempo de permanência em prisões, tem relação com o aumento do abuso com drogas, por parte deste público..

8 – $450 bilhões foram os custos com manutenções dessas pessoas presas; apenas em prisões federais. No ano passado, metade dos prisioneiros do sistema federal eram de sentenciados pelo uso de drogas.

9 – Ao mesmo tempo, o abuso com drogas tem gerados outros custos para a nação.O Departamento de justiça afirma que o sistema judiciário está sendo sufocado por processos oriundos dessa causa, da mesma forma o sistema de saúde. Há, ainda, as perdas de produtividade, e a destruição ambiental, com custos estimados de $215 bilhões de dólares/ano.

10 – Jeffrey Miron, economista da universidade Harvard, declara: ” a única certeza que o contribuinte pode ter com essa política é: mais gastos com mais soldados e mais homicídios.” De fato, a atual política anti-drogas, não está tendo efeito nenhum em sua redução, mas está custando uma fortuna para contribuinte.

PS: Barack Obama lançou, recentemente, sua política contra as drogas. Seu enfoque se dirige mais a prevenção e tratamento.
São abandonados a políticas com ênfases em “guerra” e “perseguição judicial.”

PS: A ideia de um presidenciável de criar uma policia federal fardada revela a opção por estratégia fracassado, e fracassado nas de quem tem um orçamento de $15 trilhões de dólares,espiões em todo o mundo, bases militares em 46 países, muita tecnologia e outras “facilidades” , conseguidas com as suáveis persuasões de quem possui o maior poderio bélico do planeta.

Polícia fardada, nesse caso, é quase piada. O caminho é: inteligência, inteligência, inteligência, e isso não se faz na visibilidade de um policial fardado.

Para acompanhar pelo Twitter: http://twitter.com/luisnassif

Por Firmino do blog do Luis Nassif



Modelo de desenvolvimento da Amazônia não beneficia a população

Os 7.000.000 de km² da Amazônia ultrapassam fronteiras e estão presentes em nove países: Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, além do Brasil. Há uma dificuldade quando se trata da legislação. A exploração é regida por diferentes leis em cada país. A unificação e o consenso propiciariam melhor vigilância e conseqüentemente, maior preservação não só da floresta, mas da vida de seus povos.

Na visão militar, a Amazônia é um território exclusivamente brasileiro e defende-se a soberania nacional sobre o bioma que está dentro de nossas fronteiras. Para Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor do departamento de Geografia da USP, “o território delimitado para indígenas não pertencem ao território brasileiro” e diz ainda que “é impossível qualquer compreensão da Amazônia que ignore as terras indígenas”.

Muitos dos que estão fixados em áreas de fronteira não sabem onde acaba um país e começa outro. A divisão inexiste na concepção desses povos. Para as entidades de defesa dos direitos indígenas, não há lógica em obrigá-los a dividir a aldeia ou concentrar-se somente de um lado da linha imaginária a fim de manter um controle, sob autoridade do exército. Para o general Eduardo Villas Bôas, muitos povos da floresta precisam da intervenção externa para desenvolvimento, tanto em aspectos de sua tradição contestados pelo ocidente contemporâneo quanto em investimento energético, por exemplo, para melhorar a oferta de serviços públicos. A construção de hidrelétricas é encarada pelo general como algo produtivo para toda a população, na floresta e além dela. Ele cita que locais na Amazônia não possuem luz elétrica.

Todos os projetos de hidrelétrica atuais estão concentrados na bacia amazônica. Experiências desastrosas colocam em dúvida as vantagens das novas construções. A usina de Balbina, por exemplo, tem um lago de mesmo tamanho que Tucuruí, porém gera apenas um décimo da energia desta. Tucuruí, por sua vez, aponta para outra discussão. Sua energia é usada para a produção de minério de ferro e outras explorações, segundo Umbelino. A geração energética não está voltada para atender a população ribeirinha e indígena, apesar dessas serem as maiores afetadas pela obra. Muitos locais ao redor da usina ainda permanecem sem luz elétrica.

A usina de Belo Monte, maior obra do PAC, também traz dúvidas quanto aos benefícios que pode proporcionar. Francisco Del Moral Hernandez, graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas, com Mestrado e agora Doutorado em curso, ambos na área de energia, afirma que “corre-se o risco de termos as turbinas completamente paradas em algumas épocas do ano”. Além da ineficiência energética, há muitos problemas sociais envolvidos nessa construção, por trás da promessa de desenvolvimento.

Belo Monte representaria o terceiro ciclo de progresso da região. O primeiro ciclo prometido a Altamira foi o da borracha. Com ela viria progresso e desenvolvimento econômico, mas isso não se concretizou. O segundo seria o da Transamazônica, que trouxe fluxos migratórios importantes para aquela área. A velha promessa não se tornou real. A prova desses fracassos anteriores é que agora existe um terceiro ciclo, que também traz a propaganda de crescimento econômico e diminuição da pobreza. A necessidade desse desenvolvimento a partir de Belo Monte mostra que as antigas experiências não cumpriram seu compromisso.
Além dos deslocados por conta do alagamento para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o custo para as pessoas que se servem do rio Xingu é grande, porque uma outra conseqüência da obra é a redução de sua vazão. Muitos povos dependem da pesca, da capacidade de navegação para o transporte e acesso aos serviços públicos na cidade. E para o consumo de água, existem poços que são feitos ao longo do rio, aproveitando o lençol freático. Com essa mudança na vazão, a oferta da água diminui e a manutenção do modo de vida ficará comprometida. Além dos problemas relacionados à sobrevivência, os povos indígenas apresentam outra questão, eles têm uma simbologia e tradição associados ao rio. Com qualquer intervenção em suas terras, seus valores culturais serão afetados. Por tudo isso, Hernandez afirma que “área afetada não corresponde somente à área alagada”.


Por Camila Boehm, Caros Amigos


Irã: Quem atira a primeira pedra?

O presidente Lula empreendeu uma delicada operação diplomática para evitar que o Irã utilize a energia nuclear para fins bélicos. As nações mais poderosas do mundo, capitaneadas pelos EUA, logo expressaram sua indignação e discordância: como um “paiseco” como o Brasil ousa querer ditar regras na política internacional?

Marx, Reich e Erich Fromm já nos haviam prevenido que preconceito de classe costuma ser um tabu arraigado. Como alguém que nasceu na cozinha tem o direito de ocupar a sala de jantar?

Pelo critério de George Bush, lamentavelmente preservado por Obama, o Irã faz parte das nações que integram o “eixo do mal”. Não morro de amores pela terra dos aiatolás, considero o governo iraniano uma autocracia fundamentalista e discordo do modo patriarcal que o Irã trata as suas mulheres, como seres de segunda classe. Diga-se de passagem, assim também faz o Vaticano, razão pela qual as mulheres são impedidas de acesso ao sacerdócio.

Mas não custa questionar o cinismo dos senhores do mundo com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU: por que Israel tem o direito de possuir arsenal nuclear e o Irã não? Ele jogaria uma bomba nuclear sobre outras nações? Ora, isso os EUA já fez, em 1945, sacrificando milhares de vidas inocentes em Hiroshima e Nagasaki.

O Irã desencadearia uma guerra mundial? Ora, o Ocidente civilizado já promoveu duas, a segunda vitimando 50 milhões de pessoas. O nazismo e o fascismo surgiram no Oriente? Todos sabemos: foram criação diabólicas de dois países considerados altamente civilizados, Alemanha e Itália.

Os árabes, ao longo de 800 anos, ocuparam a Península Ibérica. Deixaram um lastro de cultura e arte. A Europa ocupou e saqueou a África e a Ásia, e o lastro é de miséria, mortandade e extorsão. O Irã é uma ditadura? Quantas não foram implantadas na América Latina pela Casa Branca? Inclusive a do Brasil, que durou 21 anos (1964-1985). Há pouco a Casa Branca apoiou o golpe militar que derrubou o governo democrático de Honduras.

Fortalecido belicamente o Irã poderia ocupar países vizinhos? E o que dizer da ocupação usamericana de Porto Rico, desde 1898, e agora do Iraque e do Afeganistão? E com que direito os EUA mantêm uma base naval, transformada em cárcere clandestino de supostos terroristas, em Guantánamo, território cubano?

Respaldado em que lei internacional os EUA implantaram 700 bases militares em países estrangeiros? Só na Itália existem 14. Na Colômbia, 5. E quantas bases militares estrangeiras há nos EUA?

Há que admitir: o Irã não está preparado para se integrar no seio das nações civilizadas... Nações que financiam, pelo consumo, os cartéis das drogas, tratam imigrantes estrangeiros como escória da humanidade, fazem do consumismo o ideal de vida.

E convém lembrar: fundamentalismo não é apenas uma síndrome religiosa. É, sobretudo, uma enfermidade ideológica, que nos induz a acreditar que o capitalismo é eterno, fora do mercado não há salvação e a desigualdade social é tão natural quanto o inverno e o verão.

Lula candidato era discriminado pelo elitismo brasileiro por não dominar idiomas estrangeiros. Surpreendeu a todos por falar a linguagem dos pobres e revelar-se exímio negociador em questões internacionais.

Sem o apoio do Brasil não avançaria essa primavera democrática que, hoje, semeia esperança de tempos melhores em toda a América Latina. Os eleitores dão as costas às velhas oligarquias políticas e escolhem governantes progressistas.

Essa nova geopolítica latino-americana, que oficializará em 2011 a União das Nações Latino-Americanas e Caribenhas, certamente preocupa Washington. A crise financeira bate as portas das nações mais poderosas do mundo e a Europa entra num período de recessão. O livre mercado, o Estado mínimo, a moeda única (euro), a ciranda especulativa, mergulham numa crise sem precedentes.

Tudo indica que, daqui pra frente, o mundo será diferente. Se melhor ou pior, depende do resultado do embate entre duas forças contrárias: os que pensam a partir do próprio umbigo, interessados apenas em obter fortunas, e os que buscam um projeto alternativo de sociedade, menos desigual e mais humano. É a antiética em confronto com a ética.


Por Frei Betto, Brasil de Fato


Chimamanda Adichie: O perigo da história única

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A TED é uma conferência anual que reúne os mais importantes pensadores do mundo que são desafiados a fazerem a melhor apresentação de suas vidas em 18 minutos. No TED.com eles disponibilizam, de graça, as melhores apresentações e performances sobre vários temas, que vão de tecnologia e entretenimento a design, negócios, ciência e cultura.

Personalidades como o político Al Gore, a escritora Isabel Allende e o pop star Bono Vox já passaram por lá, mas graças a dica da professora Susan Blum, uma velha amiga da Leia Brasil, um nome em especial nos chamou a atenção. Estamos falando da participação da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Para quem não conhece um breve histórico: Chimamanda mudou-se para os Estados Unidos com 19 anos para fazer faculdade, seu primeiro romance Hibisco Roxo foi publicado em 2003 e, em 2006, com a publicação de Meio sol amarelo a escritora foi agraciada com o prêmio Orange Prize de melhor ficção.

Em sua palestra Chimamanda Adiche fala sobre o perigo das histórias únicas e de como um único olhar sobre uma pessoa, um povo ou uma cultura é limitador e gera esterótipos difíceis de serem superados. Não deixe de ver.






Megadeth - Peace Sells

Megadeth é um grupo musical norte-americano de heavy metal liderado pelo seu fundador, vocalista e guitarrista Dave Mustaine. O grupo foi formado em 1983, após Dave ser expulso do Metallica. Desde então, a banda lançou doze álbuns de estúdio, dois álbuns ao vivo, dois EPs e quatro compilações.

Desde o seu início, o Megadeth tem um tema que expoem com grande frequência nas suas músicas. Guerra - o que já é bem explicito no nome da banda. Nas músicas "Set The World Afire" e "Gears of War", Mustaine expõe os problemas de uma guerra nuclear. As músicas "Architecture of Aggression" e Hangar 18 mostram temas militares, que quase sofreram censura. A conhecida Holy Wars… The Punishment Due fala sobre a guerra em Israel e as consequencias do sangrento combate. Peace Sells.., fala sobre a paz mundial, cada vez mais afetada pelos políticos, que não se interessam por ela. Mas as músicas mais polêmicas, na verdade, falam sobre suícidio. O videoclipe da música In my darkest hour foi banido da MTV mundial, porque passava tal mensagem. O mesmo aconteceu com a música "A tout le monde" , que apesar de não ser sobre o suicido é intrepretada por muitos como sendo. Após a conversão de Dave Mustaine em 2004 ele tem feito letras sobre o cristianismo, como de Shadow of Death, Truth Be Told, Never Walk Alone e Blessed Are The Dead.

Outros temas comuns nas músicas são política e relacionamentos.






Peace Sells


Paz Está a Venda

What do you mean "I don't believe in God"?
I talk to him everyday.
What do you mean, "I don't support your system"?
I go to court when I have to
What do you mean, "I can't get to work on time"?
I got nothing better to do.
And, what do you mean, "I don't pay my bills"?
Why do you think I'm broke? Huh?

If there's a new way,
I'll be the first in line.
But it better work this time.

What do you mean, "I hurt your feelings"?
I didn't know you had any feelings.
What do you mean, "I ain't kind"?
Just not your kind.
What do you mean, "I couldn't be the President
Of the United States of America"?
Tell me something, it's still "We the people," right?

If there's a new way
I'll be the first in line
But it better work this time

Can you put a price on peace?

Peace,
Peace sells...,
Peace,
Peace sells...,
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
Peace sells... but who's buying?
No, no, peace sells...
Nooo peace sells...

O que você quer dizer, "Eu não acredito em Deus"?
Eu falo com ele todos os dias.

O que você quer dizer, "Eu não apoio o seu sistema"?
Eu vou ao tribunal quando eu tenho que ir.

O que você quer dizer, "Eu não chego no trabalho pontualmente"?
Não tenho nada melhor para fazer.
E, o que você quer dizer, "Eu não pago as minhas contas"?
Por quê você acha que eu estou quebrado? Huh?

Se tem um novo jeito,
Eu serei o primeiro da fila.
Mas é melhor funcionar dessa vez.

O que você quer dizer, "Eu machuco seus sentimentos"?
Eu não sabia que você tinha algum sentimento.
O que você quer dizer, "Eu não sou bom"?
Apenas não sou o seu tipo.

O que você quer dizer "Eu não poderia ser o Presidente
Dos Estados Unidos da América"?
Me diga algo, ainda é "Nós o povo", certo?


Se tem um novo jeito,
Eu serei o primeiro da fila.
Mas é melhor funcionar dessa vez.

Você pode colocar um preço na paz?

Paz,
Paz está a venda...,
Paz,
Paz está a venda...,
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Paz está a venda... mas quem está comprando?
Não, Não, paz está a venda...
Não, paz está a venda...


Pesticidas: um mal necessário?


Enquanto escolhemos as maçãs mais vermelhas e lustrosas no mercado, Jean Remy Guimarães lembra o preço que se paga para ter alimentos em escala industrial. Os prejuízos trazidos pelos pesticidas são amplos, seja ao meio ambiente, ao trabalhador rural ou à nossa dieta.


Até pouco tempo atrás, geologicamente falando, os humanos eram caçadores-coletores. Deslocavam-se em busca de alimento, efetuando longas migrações e enfrentando períodos de escassez. Era certamente penoso, mas era sustentável. Há cerca de 10.000 anos, porém, inventamos a agricultura e, com isso, nos sedentarizamos. Passamos o produzir mais comida do que o estritamente necessário e, com esse novo poder, criamos impérios.

A agricultura se originou no chamado Crescente Fértil, uma área no atual Oriente Médio em forma de lua crescente, como o nome sugere. Eram os jardins do Éden, com fontes murmurantes, frescos bosques, pássaros mil, como conta a lenda. Lenda? Não, a região era mesmo algo bem parecido com isso, um bom lugar para se viver.

Começamos plantando em pradarias ou várzeas. As safras eram regulares e boas. Também, pudera: eram áreas planas, natural e regularmente fertilizadas por cheias do rio, ou cinzas de vulcão, ou nutrientes oriundos da rocha sob o solo arado.

Deu tão certo que resolvemos ampliar os cultivos, desmatando áreas planas, e depois outras menos planas, inaugurando um ciclo sinistro que transformou o jardim do Éden em deserto, paisagem atualmente predominante na maior parte do tal Crescente Fértil: desmatamento, agricultura, erosão, desertificação.

Tudo bem, no caso do Crescente Fértil, levou 10 mil anos, então até lá a gente inventa alguma coisa para sair dessa. Afinal, estamos nesse continente aqui há menos tempo que isso. Agora somos mais rápidos e eficientes – inclusive para cavar abismos a nossos pés.

A ecologia de segundo grau nos ensina que os ecossistemas evoluem e amadurecem, e que ecossistemas jovens, em ambientes instáveis (afetados por perturbações periódicas como marés, enchentes, fogo), são robustos, pouco diversos, pouco eficientes e também muito instáveis. Num ecossistema assim, uma espécie pode ter num ano uma biomassa altíssima, e, no seguinte, uma mixaria.

Se estivermos falando de samambaias, você não vai perder o sono por isso. Mas se a espécie em questão for a base de sua alimentação, essas flutuações aleatórias podem significar sobreviver ao próximo inverno, ou não.

Aplicação de pesticida
Aplicação de pesticida: ‘Garantem-nos que esses produtos são terríveis contra os insetos e companhia, apenas. Há controvérsias’, escreve Jean Remy Guimarães (Ricardo Azoury/iStockphoto).

Forjando a estabilidade

Este é o drama da agricultura. Ela explora essencialmente espécies de plantas adaptadas de ancestrais que viviam em pradarias, que são ecossistemas mantidos em juventude e instabilidade eterna por fatores naturais e cíclicos.

Estas espécies estavam, portanto, pré-adaptadas à exploração, e junto com sua produtividade e robustez veio sua instabilidade. Mas esta última não nos convém, obviamente, e resolvemos querer o melhor dos dois mundos: produtividade com estabilidade.

Para domar a instabilidade intrínseca de espécies tão interessantes como trigo, arroz, milho etc., inventamos primeiro os fertilizantes e, mais tarde, os pesticidas.

Arrá! Agora podemos explorar terras sem vocação para isso, porque pobres e/ou acidentadas, produzindo mais alimento e crescimento, incluindo o da erosão. Mas onde arrumar fertilizantes?

Os primeiros foram naturais: algas marinhas, esterco de animais domésticos. Depois descobrimos o guano, a grossa camada de excrementos de pássaros marinhos, acumulada ao longo de centenas de milhares de anos em áreas litorâneas e ilhas, em particular no Pacífico.

Este recurso então estratégico foi objeto de cobiça e conflitos geopolíticos ao longo do século 19, em que a Inglaterra teve papel predominante. Hoje, as ilhas que foram guaneiras estão peladas. O guano fóssil foi todo extraído e hoje só há guano relativamente fresco, geologicamente falando. Imagine só, aquele nobre cottage inglês que você fotografou nas suas férias na Europa não existiria se não fosse o cocô de pássaro. Mas, felizmente, o dinheiro não tem cheiro!

Assim, os fertilizantes deram um belo upgradeà agricultura. Mas persistiam uns problemas chatos: havia as ervas ‘daninhas’, que eram culpadas de terem coevoluído com nossas queridas espécies alimentares, e, pior ainda, os fungos, vermes, brocas e insetos em geral, que insistiam em infestar nossas preciosas plantações. Mas é obvio!

Coloque-se no lugar de um inseto, cujos antepassados sofreram horrores, mordendo ou sugando uma planta apetitosa aqui, uma outra ali, porque elas não seriam bobas de dar mole ficando todas juntinhas. De repente ele se depara com cinco quilômetros quadrados de uma planta só, justo a sua preferida, plantada em fileiras, e madurinha. O que vai fazer, passada a forte emoção? Ora, o mesmo que nós, crescer e multiplicar-se como nunca.

Contra estes competidores eficientes e ameaçadores, criamos os pesticidas, herbicidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas e outros ‘idas’. É a ‘revolução verde’, triste slogan. Garantem-nos que esses produtos, que seus fabricantes preferem chamar de defensivos agrícolas, são terríveis contra os insetos e companhia, apenas. Há controvérsias.

Plantação de batatas em flor
Plantação de batatas em flor: a prática agrícola de enfileirar espécies alimentares é um convite de banquete aos insetos (foto: Diego Molla).

Nada se perde: nem o pesticida

Aplicados nas lavouras com pulverizadores costais ou por tratores e aviões, os pesticidas se incorporam ao solo, à água superficial e subterrânea, aos alimentos produzidos, ao ar. Lembremos que o ciclo da matéria é fechado, ela só muda de estado e lugar: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

O DDT foi considerado uma droga milagrosa e liberalmente empregado na agricultura e até na higiene pessoal durante muitas décadas. Na minha infância ainda era usado para matar piolhos e polvilhado em colchões para matar pulgas. Hoje seu uso é proibido, exceto para controle de vetores em casos de emergência epidemiológica.

O motivo do banimento foi justamente uma de suas supostas qualidades: a persistência. Pouco e lentamente degradado, se acumula onde é usado e também onde não é. Outro motivo foi a sua intensa biomagnificação: é diluído no ambiente, mas concentrado ao longo da cadeia alimentar. Um dos seus numerosos efeitos na fauna é interferir no metabolismo do cálcio, fragilizando, por exemplo, os ovos das aves que assim se quebram sob o peso das diligentes chocadeiras.

E sem aves, a revolução verde inventou a Primavera silenciosa, título do clássico livro de Rachel Carson, publicado em 1962, que alertava para os perigos dos inseticidas organoclorados para o meio ambiente e a saúde humana. E décadas após sua proibição, ainda temos resíduos de DDT e seus produtos de degradação no nosso organismo, em particular em gorduras e, portanto, no leite materno. Isso em qualquer lugar do planeta, devido à volatilidade destes compostos.

O uso de organoclorados é hoje rigidamente controlado e a indústria desenvolveu novas classes de produtos de menor persistência e toxicidade, mas a Organização Mundial da Saude e a Organização Internacional do Trabalho estimaram em 2005 a ocorrência de 70 mil óbitos provocados por agrotóxicos no mundo, a grande maioria em países em desenvolvimento.

Morte, intoxicação e bulas irreais


As mortes são relacionadas a exposições agudas, mas para cada morte ocorrem milhares de intoxicações. Entre os dois milhões de agricultores norte-americanos, a agência ambiental daquele país estima 10 mil a 20 mil diagnósticos anuais de intoxicações por agrotóxicos. E para cada intoxicação que de fato é diagnosticada, quantas não outras não ocorrerão?

Os National Institutes of Health americano coordenam desde 1994 um vasto estudo epidemiológico que concluiu que os trabalhadores rurais têm taxas superiores às médias nacionais para diversos tipos de câncer, como leucemia, mieloma, câncer de pele, lábio, estômago, próstata, cérebro, e também para problemas neurológicos e reprodutivos. Caramba, isso no país mais rico do mundo, onde os agricultores sabem ler bulas em inglês e podem comprar equipamento de proteção individual.

Homem aplica inseticida com roupa protetora
Pesquisas mostram que poucos trabalhadores seguem as precauções exigidas para aplicar pesticidas (foto: flickr.com/BlatantNews – CC SA 2.0).

No Brasil, os produtos adquiridos legalmente (há ainda os que são reembalados e vendidos sem sequer o rótulo, os contrabandeados, os falsificados) são vendidos com bulas em português fartamente ilustradas. Então ficamos assim, se houver intoxicação, é porque o agricultor não seguiu as instruções: a vitima é a culpada.

A Fundação Oswaldo Cruz fez justamente um estudo sobre a forma como os agricultores interpretam as ilustrações que acompanham os agrotóxicos mais comuns e a conclusão é desastrosa: os agricultores não são burros, mas as ilustrações são péssimas. Varias delas inclusive sugerem o contrário do que pretendem expressar.

O nosso Censo Agropecuário mostra que apenas metade dos 1,4 milhão de estabelecimentos que fizeram uso de agrotóxicos em 1996 receberam orientação técnica. A maioria utilizava pulverizadores costais, responsáveis por 84% dos casos registrados de intoxicação. Ao usar este tipo de pulverizador, um quinto admitia não utilizar equipamentos de proteção e um terço, não utilizar roupas protetoras.

Se há formas ‘seguras’ ou ‘adequadas’ de manuseio destes produtos, por que são tão pouco utilizadas? Porque não são viáveis. Se quiser entender por que, tente vestir-se de máscara, luvas, botas, roupa impermeável dos pés à cabeça e carregar uma mochila de 10 quilos morro acima e morro abaixo, sob sol e calor.

Por fatores econômicos, culturais, climáticos e topográficos, o ‘manuseio adequado’ dos pesticidas é simplesmente inviável no mundo real.

Por que insistir, então? Porque dá lucro: venderam-se no Brasil cerca de 800 mil toneladas de agrotóxicos em 2009, gerando um faturamento de US$ 8 bilhões. Com o crescimento do nosso agronegócio, somos hoje o maior mercado consumidor de agrotóxicos do mundo.

Maçã-conceito


Pesticidas: um mal necessário?

A tentadora maçã vermelha sem imperfeições: ‘Escolhemos frutas e legumes com os olhos’, diz nosso colunista (foto: Fernando Revilla – CC NC-SA 2.0).


Podemos produzir alimentos sem tanto veneno? Claro que sim, mas a agricultura industrial nos acostumou mal. Escolhemos frutas e legumes com os olhos, e produzir maçãs enormes, de pele lisa, brilhante e sem manchas de fato exige, entre outras coisas, o uso de pesticidas.

No Japão, são assim, vendidas por unidade, caríssimas. O problema é que elas não têm gosto de nada e sua polpa é farinhenta. Você paga caro não por uma fruta, mas por um conceito, uma imagem. E assim, além de linda e insípida, nossa dieta fica monótona.

A única banana que o mercado mundial conhece é aquela que nós conhecemos como banana d’água, que é a variedade mais fácil de cultivar, transportar, conservar. Tadinhos, não conhecem a banana ouro, a maçã, a prata, a da terra. Mas muitos brasileiros também não, já que algumas variedades só se acham hoje em feiras livres.

Intoxicação, erosão, monotonia. Está mesmo valendo a pena?


Por Jean Remy Davée Guimarães (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/ Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Fonte: Ciência Hoje

 

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