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A Escola dos meus Sonhos - Frei Betto.

domingo, 31 de janeiro de 2010


Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.

Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.

Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.

Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.


Fonte: Banco de Escola

Frei Betto é escritor, autor do romance "O Vencedor" (Ática), entre outros livros.


O Top-10 dos escândalos Anti-Terroristas 2010

O ano novo é ainda jovem, mas várias revelações recentes colocam a luta dos EUA contra a Al-Quaeda sob uma luz negra, para não dizer escandalosa. Por Juan Cole, Presidente do Instituto Americano para a Justiça Global.



O ano novo é ainda jovem, mas várias revelações recentes colocam a luta dos EUA contra a Al-Quaeda (uma pequena, mas mortal fraternidade de dois mil fanáticos distribuídos por dúzias de países), sob uma luz negra, para não dizer escandalosa. Toda a premissa do combate à Al-Quaeda pensada como sendo um exército inimigo, utilizando o Pentágono como agência líder, enquanto se militariza simultaneamente a CIA, tem que ser questionada.

Tal como se deverá fazer a muitas outras premissas sobre a chamada “guerra permanente” (“Long War”) da América contra sectores do mundo muçulmano, incluindo os ataques aéreos, as bases secretas e a tortura. Pior de tudo, têm surgido revelações embaraçantes sobre acções e políticas prejudiciais ou mesmo criminosas que apenas podem afectar um programa anti-terrorismo genuíno.


1- De acordo com o que Scott Horton escreveu na Harper’s, a evidência de que o suposto suicídio em grupo dos três prisioneiros em Guantanamo, no Verão de 2006, foi na verdade um homicídio, está a vir à tona, ou seja, eles podem ter morrido de asfixia durante interrogatórios agressivos que envolviam o encher da garganta dos prisioneiros com trapos, cortando-lhes a respiração. Estas alegações explosivas podem colocar o Presidente Obama sobre ainda mais pressão para realizar a sua promessa de fecho da prisão.

2- Entre 2002 e 2008, o FBI invocou falsamente emergências terroristas 2000 vezes, para poder comprometer-se com escutas telefônicas ilegais a americanos, sem a necessidade de um mandato. A agência utilizou uma provisão prevista no “Patriot act”, a qual os funcionários da administração Bush asseguraram no Congresso que nunca seria utilizada para casos internos correntes.

3- Com o Photoshop, o FBI manipulou a cara do parlamentar de esquerda espanhol, Gaspar Llamazares, combinando-a com as feições de Usama Bin Laden, de modo a produzir um suposto retrato do terrorista já envelhecido. A Espanha ficou enfurecida e todo o incidente evidenciou o amadorismo e a estupidez numa área, o anti-terrorismo, onde nada disto é desejável. Uma pista para o FBI: Usama Bin Laden não publicou uma mensagem-vídeo desde Outubro de 2004. Podemos concluir que ou se encontra bastante desfigurado por um ataque que quase teve sucesso ou que está morto. Não se pode projectar a sua aparência futura com Photoshop de forma útil de qualquer maneira.

4- George W. Bush argumenta que cometeu um erro ao referir-se à sua “guerra contra o terrorismo” como uma “cruzada”. Porém foi revelado que a companhia de Michigan que produz as miras para as espingardas para o exército dos EUA, inscreve nelas versos da Bíblia. A tomada da Academia da Força Aérea dos EUA por fundamentalistas cristãos já é preocupante, mas um Complexo Militar Evangélico é verdadeiramente assustador.

5- O governo do Iraque que ascendeu ao poder sob os auspícios de George W. Bush, liderou uma acusação colectiva contra a corporação de mercenários Xe (então conhecida como Blackwater), por ferimentos infligidos aos seus homens de segurança. Xe, liderada por fundamentalistas militantes cristãos, é um contratante primeiro do Pentágono, replicando o trabalho dos GI's mas cobrando doze vezes mais por ele.

Os Iraquianos ficaram enfurecidos quando uma acusação do governo contra os mercenários de Blackwater, pelo tiroteio na Praça de Nisour, em Bagdade, que provocou o assassinato de mais de uma dúzia de civis, colapsou devido à alegação de má fé na acusação. Baseado nesta boa recomendação o exército americano levaram mercenários Xe para o Paquistão, estando estes alegadamente envolvidos em ataques aéreos nesse país, depois de terem ganho corações e mentes1.

6- Pior, o Pentágono considera trazer milhares de seguranças Blackwater para o Afeganistão. A grande Representante no Congresso, Jan Schakowski (D – I11.) está a introduzir uma lei para banir o uso de tais firmas mercenárias.

7- O jornal alemão Der Spiegel revelou ainda outra conspi
ração da CIA para raptar um cidadão de um país aliado por suspeitas de envolvimento em terrorismo (uma suspeita que anos de investigação das autoridades alemãs não conseguiram sustentar). Os Aliados não aceitam bem este tipo de coisas. Um juiz italiano, recentemente, condenou in absentia 23 operacionais da CIA por realizarem um rapto em Itália.

8- Foi revelado que o ministro dos negócios estrangeiros britânicos Jack Straw escreveu uma carta ao primeiro-ministro Tony Blair, em 2002, alertando-o de que uma guerra no Iraque seria ilegal, que muitos deputados trabalhistas se iriam opor, que Saddam não tinha ligação ao 11 de Setembro, nem à Al- Quaeda, que o Iraque muito provavelmente não teria quaisquer armas de destruição maciça com importância e que não havia garantia de que a condição dos iraquianos melhoraria em relação a 2002, no decorrer de uma tal guerra.

Esta carta mostra que Blair empenhou-se na guerra em Crawford, em Abril de 2002, ainda que mais tarde tenha afirmado repetidamente perante os seus colegas deputados que nenhuma decisão tinha sido tomada. A carta reivindica que o diário de Downing Street de alguns meses mais tarde, no qual o líder dos Serviços de Informação britânicos se queixa da tomada de decisão da guerra e dos serviços estarem determinados pelas políticas.

Isto mostra também que o mantra da administração de Bush, que diz que todos os aliados dos EUA fizeram o mesmo juízo errado de Bush-Cheney, é simplesmente incorrecto. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânicos já o sabia.

9- A administração Obama foi forçada por uma petição da União Americana pelas Liberdades Civis, a fornecer os nomes dos prisioneiros detidos na Base aérea de Bagram, no Afeganistão. A administração Obama insiste que estes indivíduos não têm quaisquer direitos humanos, ainda esteja previsto que alguns sejam julgados em tribunais militares. É difícil perceber porque é que Guatanamo é considerado mau e Bagram bom. Há alegações de tortura de reclusos, incluindo adolescentes. As instalações e os seus prisioneiros estão para ser entregues pelos EUA ao governo Afegão ainda no final deste ano.

10- A reacção inicial da administração Obama ao bombista do voo Detroit foi desprevenida e incluiu proibir as crianças de carregarem os seus ursos de peluche no colo durante a última hora de voo, tal como renovados ataques aéreos e um profundo envolvimento no Iémen, sob o pressuposto de existirem 300 membros da Al-Quaeda nesse país rochoso, inacessível e organizado por tribos. A Al-Quaeda preparou armadilhas para os EUA caírem enquanto perseguem o seu pequeno e ágil inimigo e os EUA continuam a cair nelas.

A perspectiva da presença de tropas dos EUA no Iémen fez com que o seu Conselho de Clérigos ameaçasse com a evocação da Jihad ou o clamar pela “Guerra Santa” contra os EUA se qualquer tentativa de ocupação do país fosse feita. Os EUA tentaram refrear estas preocupações com a declaração firme de que não enviariam tropas, mas não antes dos Iemenitas já estarem fartos da situação e do anti-americanismo ter aumentado.


1Alusão à campanha de propaganda americana "Iraq: Winning Hearts and Minds" (“Iraque: ganhar os corações e as mentes”), nota do tradutor.

Juan Cole


Fonte: http://www.esquerda.net


Os negros também são racistas?

sábado, 30 de janeiro de 2010




Uma das discussões mais recentes é sobre a entrevista da ministra Matilde Ribeiro da Secretaria de Promoção Para a Igualdade Racial (SEPPIR) para a BBC Brasil. Nesta entrevista a ministra teria dito que é natural o racismo do negro em relação ao branco.

O jornalismo brasileiro não perdeu tempo. Num momento em que se discutem políticas públicas para negros na tentativa de igualar as suas chances e diminuir o abismo social entre eles e os brancos, a imprensa caiu “de pau” encima da ministra com a intenção exclusiva de desqualificar seu discurso e destituir de importância o papel da SEPPIR no cenário político-social do país. Ora, o jornalismo brasileiro sempre foi tendencioso e é coerente que nossas elites se aproveitem dele para iludir o povo e se manterem hegemonicamente no poder. Para isso é imprescindível que o sistema que regula e organiza a nossa sociedade seja sempre o mesmo. Esse sistema é invisível, porém presente em todas as esferas da sociedade; é possível qualificá-lo pois nosso sistema social privilegia quem for branco, homem, heterossexual e católico. Isso significa que quem não tiver estas características está fora do sistema, ou seja, não tem privilégios.
Os negros são discriminados pelos brancos desde que a Europa invadiu a África. Para que os negros fossem escravizados sem pesar na consciência do branco, foi criado o RACISMO, primeiro com uma justificativa religiosa (pois eles teriam essa cor de pele por castigo de deus), mais tarde com a abolição da escravatura no mundo e com o advento do evolucionismo e do positivismo, a justificativa seria científica para a superioridade de brancos sobre negros. Este é o conceito de racismo.
Muitos pensam que racismo, preconceito e discriminação são a mesma coisa. Esse tipo de erro é que provoca interpretações confusas sobre as relações étnico-raciais. A primeira coisa que devemos compreender é que o racismo contém preconceito e discriminação, mas o inverso não. Racismo é quando integrantes de um grupo racial acredita ser superior a outro ou outros grupos. A sociedade branca há centenas de anos, convicta de sua superioridade diante dos negros, os relega a posições sempre subalternas nesta mesma sociedade. Isso é fácil de evidenciar, pois vemos muitos negros desempenhando o papel de garis, seguranças, domésticas, pedreiros, engraxates… Além de que a maioria dos desempregados são negros. Mais de 75% da população carcerária é negra… Por outro lado é mínima a participação de negros em cargos de executivos, empresários, médicos, juízes, diretores em empresas, professores universitários.
Com tudo isso agora fica fácil entender que na realidade o discurso da ministra Matilde Ribeiro é para salientar o fato que, devido ao histórico de opressão de negros pelos brancos, é compreensível que alguns desenvolvam atitudes preconceituosas e até xenófobas com relação a brancos. É importante, então, que todos nós devamos ter consciência disso, pois a luta contra o racismo é muito mais difícil do que se pode imaginar já que está inserido em nossa própria cultura – a cultura de acreditar que ser branco é melhor que ser negro.


Acesse: http://waaallisonthirteen.tumblr.com/


Nota Urgente do MST de São Paulo

Na manhã desta terça-feira (26/01) recebemos, com extrema preocupação, a informação de que desde o final da tarde de ontem a polícia está fazendo cercos aos assentamentos e acampamentos da reforma agrária na região de Iaras-SP, portando mandados de "busca, apreensão e prisão", com o intuito de intimidar, reprimir e prender militantes do MST. Neste momento já estão confirmadas a detenção de 9 militantes assentados e acampados do MST, os quais se encontram na Delegacia de Bauru-SP. No entanto, há a possibilidade de mais prisões e outros tipos de repressão.

Os relatos vindos da região, bastante nervosos e apreensivos, apontam que os policiais além de cercarem casas e barracos, prenderem pessoas e promoverem o terror em algumas comunidades, também têm apreendido pertences pessoais de muitos militantes ; exigindo notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins. A situação é gravíssima, o cerco às casas continua neste momento (já durando quase um dia inteiro), e as informações que nos chegam é que ele se manterá por mais dias.

Nossos advogados estão tentando, com muita dificuldade, acompanhar a situação e obter informações sobre os processos, pois a polícia não tem assegurado plenamente o direito constitucional às partes da informação sobre os autos e, principalmente, sobre as prisões . No entanto, é urgente que outros apoiadores Políticos, Organizações de Direitos Humanos e Jornalistas comprometidos com a luta pela reforma agrária e com a luta do povo brasileiro divulguem amplamente e acompanhem mais de perto toda a urgente situação. A começar pelas pessoas que vivem na região de Iaras-SP, Bauru-SP e Promissão-SP.

Situações como esta apenas reforçam a urgência da criação de novos mecanismos de mediação prévia antes da concessão de liminares de reintegração de posse, e de mandados de prisão no meio rural brasileiro, conforme previsto no Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3) -, com o intuito de diminuir a violência contra trabalhadores rurais.

No caso específico e emergencial de Iaras-SP, tal repressão é o aprofundamento de todo um processo de criminalização e repressão que foi acelerado a partir da repercussão exagerada e dos desdobramentos políticos ocorridos na regional de Iaras-SP por ocasião da ocupação da Fazenda-Indústria Cutrale, em outubro de 2009. O MST reivindica há anos para a reforma agrária aquelas áreas do Complexo Monções, comprovadamente griladas da União por esta poderosa transnacional do agronegócio. Ao invés de se acelerar o processo de reforma agrária e a democratização do uso da terra, sabendo-se que naquela região do estado de São Paulo há milhares de famílias de trabalhadores rurais que precisam de um pedaço de chão para sobreviver e produzir alimentos, o que obtemos como "resposta" é ainda mais arbitrariedade, repressão e violência .

O MST-SP reforça o pedido de solidariedade a todos os lutadores e lutadoras do povo brasileiro comprometidos com a transformação do país numa sociedade mais justa e democrática, e de todos os cidadãos e cidadãs indignadas com a crescente criminalização da população pobre e de nossos movimentos sociais pelo país. Não podemos nos intimidar nem nos calar diante de tamanho absurdo!


Fonte: www.midiaindependente.org

A economia da gratuidade como alternativa.

Mesa do Fórum Social Mundial discutiu a necessidade e os riscos de se garantir o acesso gratuito dos cidadãos a determinados bens públicos



27/01/2010


Igor Ojeda
de Porto Alegre (RS)


A gratuidade dos bens públicos é fundamental para se chegar a um mundo mais justo. Mas os desafios que isso traz também devem ser cuidadosamente pensados. Essa foi a tônica principal da mesa “Economia e Gratuidade”, debate integrante do seminário “FSM dez anos depois: desafios e propostas para um outro mundo possível”, que está sendo realizado entre 25 e 29 de janeiro em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O primeiro a falar foi o economista Ladislaw Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que fez uma introdução didática sobre o tema. Ele iniciou sua exposição usando como exemplo as ruas das cidades de todo o mundo. Segundo Dowbor, andando pelas vias urbanas, ninguém imagina que, na verdade, elas não são gratuitas: estas geram custos necessários, como o de manutenção. Assim, os cidadãos pagam para caminhar nas ruas de suas cidades na medida que pagam impostos. “Em termos econômicos, a rua é um bem produzido, é um bem de consumo coletivo”, disse.

De acordo com ele, de forma geral, os trabalhadores do mundo capitalista têm uma parte de sua capacidade de consumo garantida pelo salário que recebem. Já o desfrute dos bens coletivos é proporcionado pelo pagamento de impostos. Portanto, o desafio, segundo Dowbor, é “pensar como financiar esses bens, porque o custo existe”.

O professor da PUC-SP alertou também para a ilusão que há na sociedade brasileira de que as campanhas eleitorais não são realizadas com financiamento público, ou seja, de que quem arca com tais despesas são os próprios candidatos ou partidos. De acordo com ele, na realidade, as empresas que financiam as candidaturas incluem tais gastos nos custos de produção, que são repassados aos produtos consumidos pela população. “Além disso, em vez de termos nos cargos eletivos políticos que representam os cidadãos, temos bancadas de empreiteiras, bancadas de empresários do agronegócio, bancadas da mídia etc.”.

Para Dowbor, um campo através do qual se pode discutir a questão da gratuidade é a internet, cujo acesso, para ele, deveria ser por meio de preços muito mais baixos do que são hoje. Um dos usos que se poderia fazer desse instrumento é a transmissão de conhecimento nas escolas.

Riscos
O filósofo Patrick Viveret, do Centro Internacional Pierre Mendes, iniciou sua exposição com a crítica da monetarização das análises econômicas e sociológicas (como por exemplo, indicadores como o PIB, que não levam em conta as riquezas não monetárias) e até da moeda que, para ele, é um bem público a serviço da troca, mas cuja apropriação pelo capital a tornou um fim em si mesmo, ou seja, motor de uma economia especulativa.

Ainda segundo Viveret, no período em que vivemos uma crise econômica mundial de grandes proporções, a economia da gratuidade se torna essencial como estratégia de transformação. No entanto, ela traz “custos ocultos”, que podem resultar em graves problemas. Citando Marcel Mauss, ele explica que a gratuidade e a doação podem trazer embutidas relações de dependência e dominação, pois, se a pessoa que recebeu uma doação não quer ser dominado, deve doar algo equivalente: “é a lógica da doação/contra-doação”. Nesse sentido, ele critica os ex-estados socialistas como a URSS que, para ele, se chocaram com dificuldades antropológicas. “O ser humano precisa de espaço de afirmação. Se negamos isso, fabrica-se a dependência”.

De acordo com o filósofo francês, to que está por trás do fracasso tanto do modelo capitalista como do socialista real é a desmedida do “produtivismo” adotados por ambos, que estaria no centro da atual crise ambiental. Para ele, deve-se fazer uma ligação direta entre tal desmedida e o que ele chama de “mal viver”. Portanto, deve-se ligar também a necessidade da existência de bens comuns com a necessidade do bem-estar, “para que as lógicas de posse possam ser ultrapassadas”.

Saúde como negócio
Já a boliviana Nila Heredia, presidente da Alames (Associação Latino-America de Medicina Social) fez uma análise sobre o tema da mesa a partir de uma perspectiva sobre a saúde. Segundo ela, estabeleceu-se um senso comum na civilização ocidental segundo o qual, se uma pessoa adoece, isso é um problema privado. “Isso nos leva a supor que as pessoas têm culpa, por não terem se cuidado”.

Portanto, para ela, ao limitar a questão da saúde às doenças, o sistema capitalista gerou tanto um sentimento de culpa nas pessoas como a idéia de que a saúde pessoal depende de cada um, e não do Estado. “Para nós, a saúde tem como objetivo fazer com que as pessoas não adoeçam, o que contraria as lógicas econômicas interessadas que existam doentes, pois
isso é negócio”, disse.

Como exemplo de tal lógica econômica, ela cita o surto de gripe suína. “A OMS fez uma declaração apressada de que o surto era uma pandemia. Por quê? Para que as empresas pudessem desestocar suas vacinas e remédios que sobraram da gripe aviária e que iriam expirar em breve”, criticou.

Na sua fala, Lilian Celiberti, da Articulación de Organizaciones Feministas MARCOSUR, explicou a existência de uma divisão sexual do trabalho, na qual a contraposição público x privado se reflete na contraposição homem x mulher. “Está estabelecido que, enquanto a mulher se ocupa do âmbito privado, ou seja, o cuidado com a casa, os filhos etc, o homem se ocupa do âmbito público”, disse.

Segundo ela, como está naturalizado que é a mulher que deve assumir as tarefas de cuidado, os homens perderam a capacidade de desenvolver uma ética do cuidado.“O caminho para outro mundo supõe modificar essa divisão sexual do trabalho. Não apenas porque o trabalho gratuito realizado pelas mulheres é invisível, mas também porque temos que mudar a visão de que o indivíduo é auto-suficiente, quando na verdade precisamos do outro”, afirmou.

Banco comunitário
Finalizando o debate, João Joaquim de Melo Neto Segundo, fundador do Banco comunitário Palmas, na periferia de Fortaleza, apresentou a experiência ao público presente. Ele contou que diversas comunidades tradicionais e consideradas pobres de todo o Brasil estão excluídas do sistema bancário e financeiro por não oferecem boas expectativas de lucro. Daí a necessidade de se criar bancos comunitários sob princípios distintos. “Entendemos que economia e solidariedade têm tudo a ver”, disse.

De acordo com ele, no Conjunto Palmeira, comunidade da periferia de Fortaleza onde vive, já funciona um sistema financeiro paralelo (inclusive com moeda própria) baseado na solidariedade. “Banco comunitário é um serviço financeiro, solidário, em rede, de natureza associativa e comunitária, voltado para a reorganização das economias locais na perspectiva da geração de trabalho e renda”, resumiu. Nesse sentido, o objetivo é equilibrar a produção em um determinado território sem estimular a concorrência.



Fonte: www.brasildefato.com.br

"Brasil será ator permanente no cenário do novo mundo"

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Brasil será ator permanente no cenário do novo mundo

Em discurso lido esta manhã pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em Davos, na Suíça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu o prêmio de Estadista Global, concedido pelo Fórum Mundial, e lembrou que ''um outro mundo é possível''.

Amorim e Annan

- Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais importantes da minha vida. Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão premiando, mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me deixa ainda mais feliz e honrado - enfatizou o discurso de Lula.

O presidente lembrou ainda que o prêmio aumenta a responsabilidade dele como governante e a responsabilidade do Brasil como ator cada vez mais ativo e presente no cenário mundial.

- Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém inapropriado. O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator permanente no cenário do novo mundo - ressaltou.

- O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível construir um mundo novo. O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós sabemos, não apenas é possível, mas dramaticamente necessário, como ficou claro, na recente crise financeira internacional, mesmo para os que não gostam de mudanças - prosseguiu Lula.

- O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos. Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda sindical - acrescentou.

- No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais, aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e promover, ativamente, os direitos humanos. Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais ativa e soberana na comunidade das nações. E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência política - recordou Lula.

O presidente foi enfático ao lembrar que o Brasil fez a sua parte: ''Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e, mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu''.

A seguir, Lula fez uma pergunta: 'O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou?

E respondeu: 'Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações vantajosas em favor do Brasil. Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a suceder com a humanidade e com o nosso planeta'.

- Podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos, das tragédias e da pobreza? Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo de respeito ao ser humano e ao meio ambiente? Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental, para o abismo político e para o abismo moral? - indagou mais uma vez.

- Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o mundo em que vivemos. E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo. Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas. Continuamos destruindo o meio ambiente. Continuamos assistindo, com compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os campos de refugiados pelo mundo afora. E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar - criticou.

E Lula pergunta também quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude. - Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que decidamos fazer o óbvio e o mais correto? Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que tomemos a firme decisão de salvar o planeta? - acrescentou.

Em uma referência à tragédia no Haiti, Lula também pergunta: quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?

- Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem corroendo suas entranhas há alguns séculos. Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e nos países mais pobres das Américas - criticou.

O presidente brasileiro também deu a receita para o desenvolvimento. - A melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz. E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra a crise. Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo, rica ou pobre - afirmou.

Na conclusão do discurso, Lula enfatizou que está na hora do mundo recuperar sua capacidade de criar e sonhar.

- É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar. Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade. Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja tarde. Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos. E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade - concluiu.

Leia aqui a íntegra do discurso do presidente Lula lido por Celso Amorim em Davos

Verdade Inconveniente



Sinopse
A maioria conhece o político Al Gore somente pelo fato dele ter sido derrotado por George W. Bush na campanha eleitoral pela presidência dos EUA em 2000. Aqui, o cineasta mostra seus esforços de Gore a fim de alertar a população mundial em relação ao super-aquecimento global.

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fonte: BestDocs

A politica da administração Obama...

Recentes iniciativas do Governo dos EUA confirmam que a actual Administração, longe de renunciar a uma estratégia de dominação mundial, se propõe a ampliá-la em múltiplas frentes.

Aquilo que parecia impossível há um ano está a acontecer: a política externa de Obama é mais agressiva e perigosa para a Ásia, África e América Latina do que a de George Bush. Mas essa realidade não se tornou ainda evidente para as grandes maiorias, influenciadas pela campanha de âmbito mundial que apresenta o presidente dos EUA como um político progressista e um defensor da paz.

Os actos desmentem-lhe, porém, as promessas e a oratória.

Os media ocidentais dedicam atenção mínima a iniciativas que se integram na expansão planetária do militarismo estado-unidense. Mas esse silêncio não impede que ela seja uma realidade.

O AFRICOM

A recente visita a países africanos do general William Garnett – é um exemplo – passou praticamente despercebida. Acontece que esse chefe militar foi dinamizar o AFRICOM, sigla que designa o comando do exército permanente dos EUA a ser instalado na África. A missão do general Garnett consistiu precisamente em contactos de alto nível com o objectivo de encontrar uma sede para esse exército, cuja criação foi aprovada há anos.

Sabe-se que até à data somente dois países, a Libéria e Marrocos mostraram disponibilidade para receber o AFRICOM. O general esbarrou, entretanto, com uma recusa frontal da Comunidade de Desenvolvimento da África do Sul, SADC, organização que reúne 15 países do Sul do Continente, incluindo Angola e Moçambique.

Dois são os objectivos do AFRICOM. Segundo a Casa Branca, o principal seria o combate ao terrorismo e o fortalecimento dos "regimes democráticos" da Região. O outro seria incentivar as relações económicas dos EUA com a África. Na realidade esse exército foi concebido como força de intervenção para apoiar governos aliados do Continente na sua luta contra movimentos progressistas. Paralelamente, a presença militar dos EUA criaria condições muito favoráveis ao controlo do petróleo e dos enormes recursos mineiros africanos.

Enquanto não se decide qual o país sede do AFRICOM, o Pentágono mantém forças nas Seychelles e em Djibuti (antiga Somália Francesa). Foi a partir daí que aviões não tripulados (os famosos drone) bombardearam a Somália. O general William Ward, do AFRICOM, afirmou recentemente que a Somália é hoje um "objectivo central do exército dos EUA no Continente".

Simultaneamente a NATO amplia a sua presença no Índico.

IEMEN

A implementação da nova estratégia dos EUA para o Índico e o Corno de África foi acompanhada no início de Janeiro de uma intensa ofensiva mediática.

O fracassado atentado terrorista de um nigeriano contra o avião da Norwest Airlines que se dirigia a Detroit funcionou como alavanca de uma campanha que através de supostas ligações desse jovem catapultou o Iémen para as manchetes da comunicação social. De um dia para o outro aquele esquecido país do Sudeste da Península Arábica passou a ser apontado como o foco principal da Al Qaeda e uma ameaça à segurança dos EUA.

Uma massa torrencial de informações falsas foi difundida pelo planeta numa repetição do que acontecera em 2004 nas vésperas da agressão ao Iraque quando Washington forjou o mito das "armas de extinção maciça" como pretexto para a invasão.

O general Petraeus, comandante supremo dos EUA para o Médio Oriente e a Ásia Central, visitou Sana, onde foi prometer ao presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, um aliado, um grande aumento da "ajuda" norte-americana que no ano passado já ascendera a 67 milhões de dólares.

O presidente Obama, em Washington, falou do "perigo iemenita" e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, apressou-se a alinhar com a Casa Branca e a 3 de Janeiro afirmou em entrevista à BBC: "temos que fazer algo mais" no Iémen e na Somália.

Quase simultaneamente, o assessor de Obama para a segurança nacional e o antiterrorismo, John Brennan, foi mais longe: "convertemos o Iémen – informou – numa prioridade para este ano".

A agressão militar precedeu, entretanto, essas declarações oficiais.

Nem Obama, nem Petraeus, nem Brennan esclareceram que a força aérea dos EUA bombardeou intensamente o território iemenita em Dezembro com mísseis Cruzeiro e aviões não tripulados em operações coordenadas com o exército da Arábia Saudita.

Num bem documentado artigo, divulgado por Global Research, Rick Rozoff revela pormenores dessas acções militares e das iniciativas politicas que acompanham a escalada imperialista no Iémen.

O encerramento, seguido da imediata reabertura, das embaixadas dos EUA, do Reino Unido e na França, foi uma farsa montada com o objectivo de impressionar norte-americanos e europeus e neutralizar eventuais reacções de protesto contra a abertura de uma nova frente de guerra no Iémen.

Os guerrilheiros das tribos houthis, chiitas, que combatem o Governo de Saleh no Norte, são apresentados por Washington como perigosos terroristas da Al Qaeda. O mesmo acontece com as forças do Partido Socialista do Iémen que, no Sul, lutam pela autonomia que lhes é negada.

Segundo porta vozes dos houthy, a Arábia Saudita disparou em Dezembro mais de mil mísseis contra os seus acampamentos numa guerra não declarada. O número de vítimas civis dos bombardeamentos norte-americanos na área seria muito elevado.

"A pretexto de proteger o território dos EUA desta vaga e ubíqua entidade (a Al Qaeda) – escreve Rick Rozoff – o Pentágono está envolvido em operações militares que vão do ocidente africano ao leste da Ásia contra grupos de esquerda e outros, não vinculados a Obama Ben Laden, na Colômbia, nas Filipinas, e no Iémen, milícias chiitas no Líbano e no Iémen, rebeldes étnicos no Mali e no Níger, e uma rebelião cristã extremista no Uganda."

A instalação de sete bases militares norte-americanas na Colômbia insere-se nessa escalada militarista global. Também na América Latina a estratégia da actual Administração dos EUA é mais agressiva e desrespeitadora da soberania dos povos do que a dos governos anteriores (ver odiario.info, 7 de Janeiro de 2010).

A transformação de uma iniciativa de suposta "ajuda humanitária" ao Haiti, devastado por um terramoto apocalíptico, numa operação militar através do envio de uma força de mais de 15 mil soldados que ocuparam o país, impondo discricionariamente a vontade de Washington – é mais uma demonstração da perigosa estratégia imperial da Administração Obama.

O discurso farisaico do Presidente dos EUA funciona, porém, como um anestésico das consciências, dificultando muito a percepção da ameaça que representa para a humanidade a politica orientada para a dominação da humanidade pelo sistema de poder imperial.

O discurso de fachada progressista mantém-se, mas é negado a cada semana pelos actos. As medidas anunciadas na área financeira para punir abusos dos banqueiros de Wall Street e a corrupção dos senhores da finança são, concretamente, um exemplo da hipocrisia do discurso presidencial. Desde que tomou posse, a politica financeira de Obama tem sido orientada não para a solidariedade com as vítimas da crise – o povo dos EUA – mas para a salvação dos responsáveis, os banqueiros e as grandes empresas à beira da falência.

Tendo perdido a hegemonia económica exercida na segunda metade do século XX, o sistema de poder estado-unidense tenta, através da escalada militarista e do saque dos recursos dos povos do antigo Terceiro Mundo, prolongar a dominação do capitalismo à escala universal, superando pela violência a crise estrutural que o afecta e o empurra para o desaparecimento.

Nesse contexto, a politica externa da Administração Obama configura para a humanidade a mais perigosa ameaça por ela enfrentada desde o III Reich alemão.

Uma derrota inevitável será o desfecho do desafio imperialista. Mas vai tardar.

Para lutar vitoriosamente contra essa ameaça é imprescindível que dezenas de milhões de mulheres e homens progressistas tomem na Terra consciência dessa realidade.

Por Miguel Urbano Rodrigues



Guerra de travesseiros

27/01/2010 13:15:55

André Siqueira

Este artigo é dedicado aos não iniciados em economia. Ou, melhor confessar de cara, tem como alvo quem acredita que há mesmo uma crise institucional envolvendo Ministério da Fazenda e Banco Central – uma hipótese vendida de tempos em tempos pela grande imprensa brasileira. Foi assim na saída de Antônio Palocci da pasta, e depois quando o presidente Lula se reelegeu. E, agora, quando nove entre dez analistas de mercado prevêem que a taxa de juros vai subir no Brasil em 2010, o assunto torna à baila, sem poupar nenhum dos dois lados.

O que se lê é que, antes que se possa comemorar a retomada da atividade econômica, o sisudo Henrique Meirelles vai colocar água no chopp, sob a alegação de que, acima dos 5%, o crescimento traz inflação. A culpa seria de Guido Mantega, o ministro doidivanas, responsável pelo afrouxamento de rédeas que derrubou a arrecadação do governo e deixou a atividade econômica desembestar.

Há erro e exagero nas duas avaliações. Quem pensa assim leva a sério uma discussão que, de tão antiga, já deveria ter caído em desuso. De um lado, estão os que acreditam no uso das ferramentas de política fiscal – o poder do Estado de tributar e gastar – como principal ferramenta para guiar a economia. De outro, a crença de que o equilíbrio e a estabilidade dependem de instrumentos de política monetária – grosseiramente falando, a criação e destruição de moeda, por meio do manejo da taxa de juros.

Um duelo em que os dois lados recebem, quase nunca apropriadamente, as mais diversas nomenclaturas. Em geral, são keynesianos contra neoliberais, ou heterodoxos contra ortodoxos. Historicamente, funciona mais ou menos assim: os primeiros miram apenas o curto prazo, querem criar empregos e estimular setores, sem se importar com as conseqüências, enquanto para os monetaristas a defesa da moeda é sempre desculpa para elevar juros e impedir a economia de deslanchar.

A história mostrou que não há lado 100% correto. E, a esse propósito, o que pouca gente percebe é que um dos segredos do sucesso da política econômica do governo Lula – do qual nem a oposição duvida – foi institucionalizar essa dualidade, e acatar o que há de melhor em cada lado. O freio de mão do BC manteve a atividade econômica em níveis seguros e manteve a estabilidade da moeda. O afrouxamento fiscal conduzido pela Fazenda no ano passado e o reforço dos mecanismos de proteção, como o seguro desemprego, contribuiram para o País virar modelo de retomada no pós-crise (se é que o pior já passou).

Os jornais mostraram, nos últimos dias, Mantega disposto a lançar mão dos mecanismos fiscais para conter o excesso de crescimento e adiar, ou evitar, a alta do juro. Longe de representar uma intromissão na seara do colega, ou uma afronta à autoridade do BC, como se pretende muitas vezes mostrar, medidas como a suspensão de benefícios fiscais seriam uma contribuição valiosa para evitar que Meirelles suje sozinho as mãos ao elevar o juro em ano eleitoral. No lugar do presidente do BC, eu agradeceria.

Se há como azeitar mais a relação entre os dois, restaria apenas cobrar um pouco mais criatividade, de ambos os lados. A Fazenda pode (na medida certa) aumentar impostos, mas também é capaz de frear gastos públicos menos necessários, mesmo em ano eleitoral. Do outro lado, o poder do BC não está reduzido ao manuseio da Selic. A autoridade monetária dispõe de meios para influenciar na distribuição do crédito, por exemplo, de modo a inibir expansões desenfreadas em algumas linhas e manter livre o caminho para o investimento em máquinas, equipamentos e na construção civil.

Mantega e Meirelles ocupam postos complementares, e não opostos, no governo Lula. Devem atuar em conjunto, a despeito do mise-en-scène por vezes necessário, porque só assim se tornam capazes de levar a cabo as duas principais metas da área econômica de qualquer Estado: proteger a própria moeda e estimular a produção de riqueza no País.

Que país é esse? - Legião Urbana



Compositor: Renato Russo



Letra:

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia, na Baixada fluminense
No Mato grosso, nas Gerais e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro Mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão.

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

"Emergentes se fortalecem e são destaque no pós-crise"

28/01/2010

Os países emergentes se fortalecem após a crise e ganham cada vez mais destaque no atual cenário global, em contraste com a recuperação lenta e irregular das economias desenvolvidas.

O debate de abertura do 40º Fórum Econômico Mundial, realizado nesta manhã em Davos (Suíça), mostrou que as nações em desenvolvimento ocupam o topo das preferências dos especialistas internacionais. No entanto, os riscos também estão presentes, incluindo o estouro de uma nova bolha. "Os mercados emergentes são os lugares mais atrativos para investir neste momento", afirmou David Rubenstein, cofundador do private equity Carlyle Group. "Países como China, Brasil e Índia verão muitos recursos chegando."

Prevalece a percepção de que os países em desenvolvimento apresentam atualmente menos problemas do que os desenvolvidos, algo que não era visto no passado. Protegidos pela demanda do mercado interno e por sistemas bancários menos alavancados, os emergentes voltam a crescer fortemente, enquanto os Estados Unidos, Japão e Europa ainda patinam. "Os emergentes são um bom lugar para estar, têm liquidez e força", disse o presidente do Abraaj Capital, dos Emirados Árabes, Arif Naqvi. "As oportunidades são tremendas", afirmou, ao citar os relevantes investimentos em infraestrutura.O ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor da Universidade de Chicago Raghuram Rajan acredita que a antiga descrição atribuída aos emergentes, com uma série de riscos, hoje se aplica na verdade aos desenvolvidos. "Historicamente, nunca foram bem, mas agora estão se saindo melhor."

O economista Nouriel Roubini está mais otimista com os emergentes do que com as economias avançadas. Ele argumenta que esses países adotaram políticas anticíclicas e não possuem sistemas financeiros tão alavancados. No entanto, Roubini mostra cautela com uma série de riscos. Ele avalia que os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) precisam fazer ajustes internos. A Rússia, por exemplo, está muito centrada na produção de petróleo e a Índia e o Brasil terão de realizar reformas.A preocupação com uma nova bolha segue presente. Segundo Roubini, o uso do dólar como moeda de financiamento para as operações de carry trade, em que os investidores tomam empréstimos a juros reduzidos no curto prazo, gera apreciação das moedas emergentes, o que pode levar a problemas no futuro. Para Rajan, da Universidade de Chicago, "existe o risco de irmos do boom para um estouro (da bolha)".

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Sociedade Cíclica

Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis. Eis uma metáfora pela qual os modernos são apaixonados; sempre dizem: "Não se pode atrasar o pêndulo". A resposta é clara e simples: "Pode-se sim". Um pêndulo, que é um objeto construído pelo homem, pode ser modificado por um dedo humano a qualquer hora. Assim, a sociedade, que é um objeto de construção humana, pode ser reconstituído sob qualquer forma já experimentada.

Gilbert Chesterton ,em 'O Que Há de Errado com o Mundo'

Em todas as sociedades existe um impulso para a conformidade.

A imposição de padrões pelas sociedades aos seus extremamente diversificados indivíduos tem variado muito em diferentes períodos históricos e diferentes níveis de cultura. Nas culturas mais primitivas, onde as sociedades eram pequenas e ligadas a tradições muito estreitas, a pressão para o conformismo era naturalmente muito intensa. Quem ler literatura de antropologia ficará espantado com a natureza fantástica de algumas das tradições às quais os homens tiveram de se adaptar. A vantagem de uma sociedade grande e complexa como a nossa é permitir à variedade de seres humanos expressar-se de muitas maneiras; não precisa de haver uma adaptação intensa, como a que encontramos em pequenas sociedades primitivas. Mesmo assim, em toda a sociedade há sempre um impulso para a conformidade, imposto de fora pela lei e pela tradição, e que os indivíduos impõem sobre si mesmos, tentando imitar o que a sociedade considera o tipo ideal.

A esse respeito, recomendo um livro muito importante do filósofo francês Jules de Gaultier, publicado há cerca de cinquenta anos, chamado "Bovarismo". O nome vem da heroína do romance de Gustave Flaubert, Madame Bovary, no qual essa jovem mulher infeliz sempre tentava ser o que não era. Gaultier generaliza isso e diz que todos temos tendência a tentar ser o que não somos, a querer ser o que a sociedade na qual crescemos julga desejável. Ele diz que todo mundo tem um "ângulo bovarístico", e que o de algumas pessoas é bastante estreito; aquilo que elas são intrinsecamente, pela hereditariedade, não difere muito do que tentam fazer de si mesmas pela imitação. Mas algumas pessoas têm ângulos bovarísticos de noventa graus, outras até de cento e oitenta, e tentam ser exatamente o oposto daquilo que são por natureza. Os resultados são em geral desastrosos.

Mesmo assim, um dos mecanismos através dos quais a sociedade consegue que as pessoas se conformem a ela é criar um ideal e fazer com que as pessoas o imitem voluntariamente. ( Não é por nada que o livro provavelmente mais lido e mais influente da devoção cristã se chama Imitação de Cristo ). Infelizmente, como vemos muito bem pelo estudo da delinquência juvenil, nem sempre o ideal que imitamos é o melhor. Há a imitação de Al Capone, infelizmente, e a imitação do jovem duro que anda por aí a porrada nas pessoas; há imitação de cantores de rock-and-roll, e assim por diante. O processo sempre existe, em qualquer sociedade, e sempre existirá. O que devemos descobrir é algum método para aproveitar ao máximo esse impulso social de conformidade, salvaguardando, ao mesmo tempo, a variabilidade genética dos indivíduos.

(...) Em primeiro lugar, liberdade e tolerância são de enorme importância, e, em segundo lugar, um ambiente decente — igual para todos e melhorando igualmente para todos — é decisivo. É vital não pressionar pessoas geneticamente diferentes para que sejam como todo o mundo, e, dentro dos limites da lei e da ordem, tentar e permitir que todo o indivíduo se desenvolva conforme as leis do seu próprio ser, e conforme o princípio religioso de que a alma individual é infinitamente valiosa. O nosso ideal deveria ser o que o filósofo de Chicago, Charles Morris, descreveu no seu livro "The Open Self": uma sociedade aberta, constituída de eus abertos.

Aldous Huxley, em 'A Situação Humana'

Cuba rejeita a inclusão em lista de países "terroristas"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Escritório de Interesses Cubanos em Washington assegurou que o governo de Cuba coopera com a luta internacional contra o terrorismo e rejeitou sua inclusão pelos Estados Unidos na lista de países que incentivam esse tipo de crime.

Em declarações à Agência Efe, o porta-voz do Escritório de Interesses Cubanos em Washington, Alberto González, disse que seu país "cumpriu, cumpre e cumprirá com as medidas de segurança reconhecidas internacionalmente para estes casos".

Segundo González, Cuba "não reconhece autoridade moral alguma do governo dos EUA para certificar sua inclusão e a dos cubanos neste tipo de lista".

O porta-voz do Escritório de Interesses Cubanos em Washington acrescentou que "o território cubano jamais foi utilizado para organizar, financiar ou executar atos terroristas contra os EUA ou qualquer outro Estado".

Nesse sentido, sugeriu que a inclusão de Cuba na "lista negra" tem cunho político, porque Washington "não pode citar um só ato ou intenção terrorista que tenha vindo de território cubano".

Segundo Gonzales, Cuba foi "vítima de violência e terrorismo" de pessoas como Luis Posada Carriles, acusado por Havana da explosão de um avião cubano e que permanece nos Estados Unidos por infrações migratórias.

Em abril de 2009, o Departamento de Estado americano decidiu manter Cuba em sua lista por considerar que membros de grupos como ETA, Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ELN (Exército de Libertação Nacional) "permaneceram em Cuba em 2008".

Segurança

Após o fracassado atentado contra um voo que pousaria em Detroit no último dia do Natal, os EUA aumentaram a revista de passageiros estrangeiros, em particular os de Cuba, Irã, Sudão e Síria, países que acusa de incentivar o terrorismo.

Também passarão por revistas mais intensas nos aeroportos americanos os passageiros de "países de interesse", cuja lista inclui Afeganistão, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iêmen.


fonte: A.C. José Marti

Isso é uma vergonha!

Mídia dos EUA omite ajuda cubana

Nos críticos primeiros dias após o terremoto que abalou o Haiti apenas duas agências de notícias norte-americanas relataram a rápida resposta cubana para a crise. Uma delas foi a Fox News, que afirmou, erradamente, que os cubanos estavam ausentes da lista dos países caribenhos vizinhos que tinha prestado assistência.

Por Dave Lindorff, no Rebelión

O outro meio foi The Christian Science Monitor (uma respeitada agência de notícias que recentemente fechou sua edição impressa), que comunicou, corretamente, que Cuba enviou 30 médicos para o Haiti.


The Christian Science Monitor, num segundo artigo, citava a Laurence Korb, ex-subsecretário da Defesa e atualmente membro do Center for American Progress, que declarou que os EUA, que lideravam os esforços de ajuda no Haiti, deveriam "pensar em aproveitar os conhecimentos da vizinha Cuba". Assinalou também que “tem alguns dos melhores médicos do mundo – deveríamos tratar de enviá-los para o Haiti”.


No que se refere aos demais meios de comunicação dos EUA, simplesmente ignoraram a Cuba.

Na verdade, omitiram-se ao não informar que Cuba já tinha cerca de 400 médicos, paramédicos e outros profissionais de saúde enviados ao Haiti para ajudar no dia-a-dia das necessidades sanitárias do país mais pobre das Américas, e que esses profissionais foram os primeiros a responder ao desastre levantando um hospital, justamente ao lado do principal hospital de Porto Príncipe derrubado pelo terremoto, assim como um segundo hospital de campanha em outra parte da cidade.

Longe de "não fazer nada" depois do desastre, como afirma a propaganda direitista da Fox-TV, Cuba tem sido um dos países que reagiram de modo mais eficiente e crucial nesta crise, pois mesmo antes do terremoto já havia criado um infra-estrutura médica que foi capaz de se mobilizar rapidamente para começar imediatamente a tratar as vítimas.

Como era de se prever, a resposta de emergência norte-americana concentrou-se, principalmente, pelo menos em termos de pessoal e dinheiro, no envio da enormemente cara e ineficiente máquina militar – uma frota de aviões e um porta-aviões –, um fator que deve ser levado em conta ao examinar os 100 milhões de dólares que a administração Obama diz ter destinado para a ajuda de emergência ao Haiti.

Tendo em conta que o custo operacional de um porta-aviões, incluindo a tripulação, é de aproximadamente 2 milhões de dólares por dia, somente o envio de uma companhia a Porto Príncipe, durante duas semanas, vai consumir um quarto da anunciada ajuda norte-americana e, embora muitos dos soldados enviados certamente trabalharão na ajuda, distribuindo e custodiando suprimentos, a longa história de brutal controle militar/colonial do Haiti, inevitavelmente leva a temer que outros soldados tenham a missão de assegurar a sobrevivência e controle da elite de políticos haitianos parasitas pró-EUA.

Por outro lado, os EUA têm ignorado o dia-a-dia da permanente crise humanitária no Haiti, enquanto Cuba vem fazendo o trabalho de proporcionar atenção sanitária básica.

Não que fosse difícil encontrar cubanos em Porto Príncipe. Democracy Now! dispunha de um relatório, assim como o dispunha a revista Noticias de Cuba, com sede em Washington. O que acontece é que contar as boas ações de um país pobre e orgulhosamente comunista aos norte-americanos não é algo que os meios de comunicação corporativos daquele país estejam dispostos a fazer.

Oferece-se recompensa pela prisão de Blair

O colunista britânico George Monbiot lançou um fundo de recompensa para incentivar os cidadãos que tentem prender Blair por ter lançado uma guerra ilegal.

Monbiot, que assina uma coluna regular no diário Guardian, ofereceu as primeiras cem libras e o montante dos donativos para este fundo já ascendem a quase 10 mil libras. Monbiot foi obrigado a suspender a recolha de fundos após o sistema de pagamentos electrónicos Paypal ter decidido cortar o serviço, dissociando-se da campanha. Em breve haverá um número de conta para transferências bancárias.



As regras para obter a recompensa estão bem explicadas no site Arrestblair.org. A tentativa de "ordem de prisão cidadã" deve ser efectuada de forma não-violenta e não pode causar danos físicos quer a Tony Blair quer a terceiros e deve ser noticiada por um meio de comunicação social, "para assegurar que a tentativa de prisão teve consequências políticas". Se cumprir estes requisitos, o cidadão em causa terá direito a um quarto do total do "bolo" recolhido.

A acção promovida por Monbiot decorre das revelações feitas ao longo dos últimos anos sobre o conhecimento atempado de Downing Street e o apoio dado a Bush para desencadear a invasão do Iraque, procurando depois justificá-la junto da opinião pública mundial e da ONU, recorrendo a provas forjadas.

"Sem justificação legal, a guerra com o Iraque foi um acto de assassínio em massa, cometido por aqueles que a desencadearam. Tony Blair e George W. Bush devem ir a julgamento por terem cometido o crime supremo a nível internacional", lê-se no site que junta as provas conhecidas que sustentariam uma acusação em tribunal.

Esta iniciativa tem o propósito assumido de encorajar várias tentativas de prisão de Blair para com isso conseguir que os crimes do Iraque não caiam no esquecimento e mostrar que "apesar dos pedidos de Blair para que as pessoas 'virem a página' do Iraque, o assassínio em massa por ele cometido não será esquecido".


The Almighty Dollar

Uma ótima musica do grandioso Ozzy que mostra as consequências que sofre nossa sociedade por colocar o dinheiro e ganância sempre em primeiro lugar. Uma letra com uma mensagem que não deixa a desejar.




Para visualizar a letra seguida da tradução clique abaixo.





 

2009 ·Axis of Justice by TNB